O Centro de Estudos e Recuperação de Animais Selvagens de Castelo Branco (CERAS) é um projecto do núcleo regional de Castelo Branco da Quercus, com o apoio da Escola Superior Agrária de Castelo Branco (ESA) do Fundo Ambiental e de outros mecenas. O CERAS tem como principal objectivo recuperar animais selvagens debilitados e devolvê-los ao meio natural. No ano em que celebra 20 anos, o CERAS está a promover a iniciativa 20-20-20, durante os próximos meses no âmbito das celebrações do vigésimo aniversário do CERAS vamos promover um conjunto de iniciativas associadas às vinte principais causas de ameaça à Biodiversidade, causas estas que fazem com que deem entrada no CERAS cerca de 300 animais por ano. Para cada uma destas ameaças vamos dar a conhecer a sua origem e as soluções que podem ajudar a evita-las, minimiza-las ou mesmo a acabar com estas ameaças que matam e provocam lesões na nossa fauna protegida. Estas ameaças têm uma dimensão e expressão nacional, e por vezes até internacional. Ao longo destes 20 anos o CERAS recolheu um conjunto de informação estatística e geográfica relevante, tendo já sido identificados vários locais e problemáticas que necessitam de medidas e actuações.
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Ameaça : Fio agrícola
Anualmente dão entrada dezenas de animais feridos ou mutilados por estes fios agrícolas ou “fios de enfardadeira” feitos de plástico ( polipropileno) nos centros de recuperação de fauna selvagem. Estes fios vieram substituir o arame metálico usado na agricultura pelas enfardadeiras para atar fardos de palha. Após o consumo da palha dos fardos pelo gado, muitas vezes estes fios de plástico ficam abandonados nos campos e transforma-se numa armadilha letal para muitas espécies selvagens. As aves ficam presas nestes fios, e por vezes também os transportam para os seus ninhos, acabando as crias por morrer pela ingestão de plástico, pela mutilação de alguma pata ou asa o mesmo pelo estrangulamento causada pelo enrolamento destes fios ao bico, pescoço ou mesmo ao corpo.
No CERAS já deram entrada um grupo significativo de espécies afectadas por esta ameaça nomeadamente a Cegonha Branca (Ciconia ciconia), a Garça Real (Ardea Cinerea), a Garça boieira (Bulbucus íbis) o Milhafre preto (Milvus migrans), inclusive espécies que estão em perigo de extinção como a rara Cegonha preta (Ciconia nigra). A Quercus tem trabalhado com a população em geral , grupos escolares e autoridades no sentido de tentar acabar com esta prática, para que se substitua este material por outro biodegradável e que se sancione o seu abandono nos campos.
O que todos podemos fazer?
Se encontrar um animal selvagem ferido ou morto deve ligar de imediato para a Linha SOS ambiente (808200520).Caso encontre estes fios no campo recolha-os e coloque-os para reciclagem num ecoponto. Se é agricultor opte por usar fios biodegradáveis como o sisal. Juntos vamos conseguir sensibilizar a opinião pública, o meio empresarial e as diferentes autoridades para a necessidade urgente da substituição deste material por outro natural e biodegradável e de evitar o seu abandono nos campos promovendo uma agricultura com menor impacto negativo na Biodiversidade. Pode também passar a palavra, ser voluntário num centro de recuperação de fauna, tornar-se sócio de uma ONGA.