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21 de Março: Dia Mundial da Floresta. Sete prioridades para a floresta Portuguesa

Nos últimos 25 anos, e segundo dados oficiais da Direcção Geral dos Recursos Florestais, o equivalente a 1/3 do território português foi destruído pelos incêndios florestais (aproximadamente 2,9 milhões de hectares). Com os incêndios florestais e monoculturas de eucalipto e pinheiro-bravo, Portugal perdeu grande parte da sua riqueza florestal e biodiversidade. Em 1995, a Quercus alertou que os “Fogos Florestais não são inevitáveis”, afirmando que qualquer solução para os problemas dos fogos teria de passar por um modelo equilibrado de intervenção sustentado em três vertentes fundamentais: Estudo, Prevenção e Combate. Passados 10 anos, foram realizados vários estudos, desenvolvidos planos e propostas, faltando agora a implementação de toda uma estratégia que aposte na prevenção, considerando que o combate é o último componente de uma estratégia global.

 

No entanto, apesar da reconhecida importância da floresta aos níveis ambiental, social e económico, Portugal ainda não conseguiu desenvolver uma gestão florestal sustentável. Assim, e celebrando uma vez mais o Dia Mundial da Floresta, a Quercus aponta sete prioridades para a floresta:

 

– Fomentar a diversidade florestal, com utilização de espécies autóctones como sejam Carvalhos, Medronheiros, Freixos, Salgueiros, Castanheiros, entre tantas outras espécies, mais bem adaptadas às condições ecológicas locais e contribuindo para a resiliência da nossa floresta – o pinheiro-bravo e o eucalipto são espécies de grande combustibilidade, para além de que poucas espécies de plantas e da fauna silvestre estão adaptadas às monoculturas destas espécies tão amplamente representadas no território português. Por outro, lado a utilização de espécies exóticas em detrimento das espécies autóctones tem em alguns casos originado invasões biológicas, como é o caso da Acacia sp., substituindo rapidamente as espécies nativas e alterando o regime hídrico do solo, sendo ainda de referir que a invasão biológica é considerada a segunda maior causa de perda de biodiversidade em todo o mundo. É inteiramente possível através do uso das espécies autóctones assegurar a produção preservando, ao mesmo tempo, a diversidade biológica e as condições apropriadas para vários usos de floresta.

 

– Alargamento da protecção legal de espécies autóctones – para além do sobreiro, da azinheira e do azevinho – torna-se necessário proteger em especial o carvalho-português (confinado a reduzidas áreas no centro de Portugal), o carvalho-alvarinho e o carvalho-negral (espécies do norte de Portugal). Como a Quercus tem vindo a alertar nos últimos anos, as áreas ocupadas com espécies autóctones têm vindo a ser afectadas, não apenas devido aos incêndios – aos quais muitas das vezes têm conseguido “escapar” devido à sua maior capacidade de resistência ao fogo – mas também por interesses económicos incompatíveis com a sua preservação. Assiste-se muitas vezes ao desaparecimento de algumas manchas de elevado valor ecológico e paisagístico, não existindo legalmente nenhuma forma de se impedir este delapidar do nosso património florestal, excepto no caso do sobreiro, azinheira e azevinho.

 

– Aposta no restauro ecológico das zonas ardidas – com a recuperação dos ecossistemas no que respeita à sua vitalidade, integridade e sustentabilidade. Este processo de planeamento pretende recuperar a integridade ecológica e incrementar o bem-estar humano, em detrimento da mera plantação de árvores, potenciando-se assim a sucessão ecológica nas extensas áreas afectadas pelos incêndios nos últimos anos.

 

– Reestruturação fundiária e associativismo – considera-se essencial o cadastro actualizado e rigoroso, de modo a possibilitar o redimensionar do espaço florestal em unidades de gestão sustentáveis em termos económicos e ambientais.

 

– Limpezas de mato, recorrendo às técnicas mais adequadas e devido acompanhamento técnico – como medida de prevenção de incêndios as limpezas de mato junto às estradas, em torno de casas e perímetros urbanos e industriais é obrigatória, se bem que esta medida deva ser tomada de forma cuidada para que não se caia em exageros. A anunciada instalação de várias centrais de produção de energia eléctrica a biomassa florestal será com certeza um importante contributo para incentivar a redução do excesso de carga combustível existente na floresta de produção. É importante referir-se ainda o projecto Fire Paradox, o qual está a ser coordenado por Portugal, e que respeita à utilização do fogo controlado em limpezas de mato durante o Inverno, de modo a se prevenir o fogo no Verão.

 

– Vigilância sobre as áreas florestais – reveste-se de grande importância pela sua função dissuasora e pela maior facilidade em detectar os fogos nascentes, permitindo aumentar a rapidez da primeira intervenção. Considerando que as medidas de prevenção a implementar necessitam ainda de algum tempo até que tenham algum efeito prático no terreno, a vigilância tem de ser uma prioridade. Para este ano está prevista a implementação de um sistema automático de detecção de fogos, o qual acreditamos que seja de grande utilidade. O envolvimento de toda a sociedade na vigilância é sem dúvida importante para a diminuição da área ardida em Portugal. Por outro lado, torna-se fundamental associar ao reforço da vigilância um adequado e rápido mecanismo de intervenção e combate aos fogos nascentes.

 

– Campanhas de sensibilização/informação para as diversas faixas etárias, numa floresta maioritariamente privada e onde a maioria dos incêndios tem causa humana – torna-se necessário reforçar substancialmente por parte das entidades públicas e privadas o desenvolvimento de campanhas de informação/sensibilização, com âmbito verdadeiramente nacional, para a problemática dos incêndios e da floresta. Consciente desta realidade, a Quercus mantém o seu projecto De Olhos na Floresta, com o qual pretendemos continuar a sensibilizar o maior número de cidadãos, envolvendo-os na protecção e defesa da Floresta.

 

A Quercus comemora o Dia da Floresta

 

A Quercus, através dos seus Núcleos Regionais, festeja a floresta em vários pontos do país, indo realizar plantações simbólicas de espécies autóctones, como forma de sensibilização para a importância do seu valor ecológico, não sendo estas acções de sensibilização e educação ambiental restringidas a esta data.

 

Lisboa, 21 de Março de 2006

A Direcção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza