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Cinco passos para pôr fim ao inadmissível estado das ligações ferroviárias entre Lisboa e Madrid

Jornadas pela Ferrovia Ibérica realizaram-se em Madrid no dia 22 de Março. Próximas jornadas em Lisboa em 2024

GEOTA, Quercus e ZERO experimentaram andar de comboio entre Lisboa e Madrid e exigem medidas imediatas

Decorreram no dia 22 de Março passado, na sede da Fundação Ferroviária em Madrid, as Primeiras Jornadas Ibéricas pela Ferrovia, promovidas pela Aliança Ibérica para a Ferrovia.

Nas jornadas estiveram presentes representantes da RENFE, da ADIF e dos Portos de Espanha, bem como as duas principais centrais sindicais, as maiores organizações ecologistas e algumas das mais importantes associações de utentes de transportes públicos e de promoção da mobilidade sustentável

Representando Portugal estiveram presentes o Geota, a Quercus, e a Zero, sendo que apenas esta é efetivamente membro da referida Aliança. A representação portuguesa integrou-se nos debates “Comboios regionais – a estruturação do território em Espanha e Portugal” e “Comboios transfronteiriços diurnos e noturnos”, tendo sido, na mesa de abertura inicial, feita uma breve abordagem pela parte nacional quanto à situação portuguesa e ibérica objetivando princípios de parceria mútua para a eficiência do transporte ferroviário e no cumprimento dos objectivos de descarbonização do Pacto Ecológico Europeu.

Uma viagem atribulada Lisboa-Madrid-Lisboa e no fim ganha o autocarro!

As Associações fizeram uma comparação na deslocação entre Lisboa e Madrid, utilizando o comboio e um transporte colectivo rodoviário.

Compramos os bilhetes de comboio ‘online’, separadamente nos ‘sites’ da CP e da RENFE, já que não existe opção de compra de um título único entre Lisboa e Madrid.

O transporte Ferroviário, parte de Lisboa às oito e quinze da manhã, não é direto e obriga a mudança de comboio em Abrantes, às dez horas e seis minutos, com atraso, como é frequente.

Conversamos com o revisor sobre a possibilidade de comprar um título único Lisboa-Madrid antecipada e remotamente e somos informados de que é possível a aquisição, com desconto, de um bilhete único entre as capitais ibéricas nas bilheterias físicas das estações do Rossio, Oriente e Santa Apolónia.

Este primeiro troço é servido por um comboio do serviço Intercidades para a Guarda. É confortável, os lugares são marcados, tomadas eléctricas são raras, e possui acesso a rede de internet sem fios, possibilitando diversas atividades de trabalho ou lazer durante a viagem. O segundo troço é realizado em automotora a diesel, sem lugares marcados, mal climatizado, sem acesso a qualquer serviço de internet, demorado e desconfortável.

Chegados a Badajoz o intervalo de tempo até à partida do comboio regional com destino a Puertollano 14.30 (hora local +1 hora que em Portugal), é muito limitado e não foi possível fazer uma refeição – num feriado como foi o caso é impossível.

O comboio regional até Puertollano é confortável, os lugares não são marcados, possui uma tomada eléctrica por lugar, porém não é possível o acesso à internet sem fios e mesmo o acesso à rede telefónica é muito incerto, não sendo possível a realização de qualquer trabalho remoto a bordo sem recurso a serviços de internet próprios, o que torna a realização de reuniões ou outras atividades exigentes em termos de dados muito caras. A chegada a Puertollano e transbordo para o AVE, com destino a Madrid-Atocha, é atabalhoado, confuso, com passagem pelos sistemas de detecção de metais e verificação de bagagem, obrigando a fazer o percurso plataforma-túnel de acesso inferior- subida à estação-verificação de bagagens e detecção de metais-descida ao túnel de acesso-subida à plataforma de embarque, em menos de nove minutos. O AVE é confortável com indicação de distância e velocidade, uma tomada de eletricidade por lugar e, porém também aqui não existe acesso à internet sem fios.

A duração total da viagem, com os três transbordos, é de 11 horas e 13 minutos. Preço 51.57€

A viagem em transporte colectivo rodoviário parte de Lisboa às 10,20 do Oriente e chegada a Madrid-Sur às 18.45 (+1 hora em relação à hora de Lisboa). O autocarro é climatizado, possui tomadas eléctricas e acesso à internet sem fios, e sistema vídeo com acesso a notícias, filmes e alguns temas. Possui WC. Tem uma paragem em Badajoz de 30 minutos (cerca das 12:30, hora de Portugal)

A duração total da viagem direta é de 7 horas e 25 minutos. Preço 60€

Na viagem de regresso a Lisboa não foi possível fazer a comparação, porém partindo de Madrid-Atocha às 8h e 50 minutos, é necessário realizar dois transbordos, Badajoz e Entroncamento, numa viagem em que o troço Badajoz-Entroncamento é profundamente limitante pelos atrasos verificados (entre partida e paragens ao longo do percurso, mais de uma hora de atraso) e pelas más condições de trabalho sem prever hora de almoço para o maquinista.

A viagem entre Badajoz e o Entroncamento é realizada em horários desajustados às necessidades das populações que deveriam servir, as estações e apeadeiros não são servidas por sistemas de transporte complementar, não sendo de admirar que raras vezes se tenha verificado a entrada ou saída de passageiros nas estações onde a composição parou. A automotora não possuía ventilação eficaz, tendo períodos com o motor diesel em funcionamento sem necessidade, e genericamente há uma incomodidade geral da viagem associada a horários desajustados, além de não servir as populações da beira baixa e do norte alentejano constitui um péssimo cartão de visita para um país que tenciona promover o turismo sustentável.

A chegada a Lisboa verificou-se às 18 horas, numa duração de 10 h e 50 minutos. Preço 51.57€

 

São necessárias medidas urgentes

Não é aceitável que, num quadro de descarbonização da economia e diminuição da dependência dos combustíveis fósseis, seja a opção rodoviária, e não a ferrovia, a mais rápida, confiável, confortável (para não fazer a referência ao preço), aquela que melhor resposta dá às necessidades de mobilidade entre as duas capitais ibéricas.

As Associações signatárias instam o Governo Português a assumir as medidas necessárias e urgentes para tornar a ligação ferroviária entre as duas capitais ibéricas, crescentemente mais atrativa face às alternativas rodoviárias e aéreas através das seguintes medidas:

  1. Promover de imediato, junto da administração da CP, que tutela, as ações julgadas convenientes de modo a ajustar os horários de partida do Entroncamento da automotora com destino a Badajoz com o objectivo de permitir aos passageiros a tomada do comboio direto para Madrid às 12h00 (CET), reduzindo o tempo total de viagem para um máximo de 9h e 11m e eliminando um transbordo no trajeto de Lisboa para Madrid. A este propósito é essencial melhorar substancialmente as condições à disposição dos trabalhadores que asseguram a ligação entre o Entroncamento e Badajoz bem como introduzir melhorias operacionais neste percurso.
  2. Promover junto da Comissão Europeia a necessária autorização para o financiamento dos serviços noturnos entre Lisboa e Madrid, recorrendo, se necessário, ao desenho de um programa financiado pelo Turismo de Portugal ou outras entidades interessadas na acessibilidade ferroviária do país, posicionando Portugal no mapa europeu do cada vez maior número de serviços noturnos, e estabelecer junto do governo espanhol as necessárias condições operacionais no seu território.
  3. Promover junto da administração da IP, que tutela, as ações consideradas suficientes de modo a permitir à RENFE que estenda o seu serviço até Lisboa desde Badajoz, solicitando tratamento recíproco por parte da ADIF em relação à CP permitindo que esta estenda o seu serviço da Guarda até Madrid.
  4. Atribuir o mais rapidamente possível a entidade pública, independente e credível a realização dos estudos necessários e já previstos para a construção da Terceira Travessia Ferroviária sobre o Tejo de modo a que seja possível reduzir no final desta década o tempo de viagem entre as duas capitais ibéricas a cerca de 3 horas, tornando-a competitiva com o mesmo trajeto em avião que hoje transporta mais de 5% dos passageiros que partem do Aeroporto de Lisboa.
  5. Criar as condições financeiras, através da eliminação da dívida histórica da empresa em resultado do serviço prestado durante décadas em condições deficitárias e sem estratégia adequada às necessidades do país, e ainda não devidamente compensado pelo orçamento de Estado, de modo a que a CP possa iniciar serviços diurnos diretos entre Lisboa e Madrid a partir de 2025. Adicionalmente as novas condições financeiras permitirão um investimento mais robusto nas competências e na indústria ferroviária nacional.

 

Lisboa será a capital da ferrovia ibérica em 2024

As Jornadas saldaram-se por um aprofundamento das relações entre organizações da sociedade civil de Portugal e Espanha, interessadas na promoção das ligações ferroviárias na península ibérica que promovam a coesão territorial, a justiça social e a rápida redução da emissão de gases de efeito de estufa no sector dos transportes não descurando a melhoria da eficiência energética.

Oportunamente divulgaremos as conclusões das jornadas, podendo desde já anunciar a realização, por nossa iniciativa, da segunda edição em Lisboa, dentro de sensivelmente um ano.