“Veículos a Gás Natural – A Estrada para Lado Nenhum” é o título do novo estudo realizado para a Federação Europeia de Transportes e Ambiente (T&E), da qual a Quercus faz parte, segundo o qual o aumento do uso de gás natural em automóveis e camiões será, em grande parte, ineficaz na redução das emissões e gases com efeito estufa (GEE).
Segundo o documento, não existem praticamente ganhos ao nível da redução de GEE na utilização de Gás Natural Comprimido e Liquefeito (GNL) em automóveis e camiões, em comparação com o gasóleo.
Por outro lado, a transição para veículos híbridos, elétricos e a hidrogénio traz benefícios climáticos muito mais relevantes.
Segundo os autores do estudo, os veículos movidos a GNL não acrescentam nenhum benefício de redução da poluição em comparação com os veículos a gasolina.
Enquanto os carros a GNL emitem menos óxidos de azoto (NOx) do que os motores a gasóleo, a introdução de testes em condições de condução reais e limites de emissões mais apertados, irá reduzir rapidamente a vantagem do gás natural em veículos.
Os resultados deste estudo são conhecidos ao mesmo tempo que a Comissão Europeia (CE) prepara uma proposta sobre metas de redução de GEE para os setores não abrangidos pelo Comércio Europeu de Licenças de Emissões (CELE) e uma comunicação sobre a descarbonização do setor dos transportes.
Gás natural não é combustível de transição
O gás natural não é um combustível de transição, mas sim um impasse no processo de descarbonização dos transportes. A Europa corre o risco de repetir erros já cometidos anteriormente com a promoção do gasóleo e dos biocombustíveis, que provaram ser opções dispendiosas e prejudiciais.
O estudo também constata que haverá sempre um aumento de emissões com a utilização de gás natural em camiões e autocarros. Isto porque a redução de emissões conseguida durante a utilização é anulada pelo aumento de emissões de metano durante a extração, produção e transporte de gás.
Por outro lado, os camiões a gás apresentam apenas impactos mínimos em termos de poluição atmosférica comparando com os que estão neste momento no mercado ao abrigo das novas normas Euro-VI.
Apesar de ter poucos benefícios ambientais, o gás natural tem atualmente os mais baixos impostos sobre combustíveis e os governos europeus consideram a possibilidade de um investimento público numa nova infraestrutura. O T&E e as associações de ambiente de toda a Europa consideram que não há nenhuma justificação para que um combustível fóssil beneficie de isenções fiscais.
Este tema ganha ainda mais relevância e atualidade na sequência de uma candidatura conjunta apresentada no último trimestre de 2015, por empresas portuguesas e europeias do setor junto da Comissão Europeia e do Banco Europeu de Investimento para aumentar o número de postos de abastecimento de gás natural atualmente existentes em Portugal e Espanha.
É necessário combater as emissões de (CO2) dos camiões e, no cumprimento desse objetivo, o gás natural não é uma resposta eficaz. Os camiões a gás não trazem ganhos na melhoria da qualidade do ar e relevam-se mais nocivos para o clima.
Nesse sentido, os governos devem parar de desperdiçar o dinheiro dos contribuintes ao convencerem as transportadoras a investir numa tecnologia que não vai a lugar nenhum.
Lisboa, 11 de Março de 2016