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Quercus cria Micro-Reserva Biológica na Serra da Estrela – Para preservar o Narciso-de-trombeta

Desta vez vamos dar o nosso contributo para a preservação de um raríssimo endemismo botânico ibérico – o narciso-de-trombeta Narcissus pseudonarcissus subsp. nobilis, criando a sexta micro-reserva biológica agora na Serra da Estrela.

 

No âmbito da criação de uma rede de micro-reservas biológicas, a Quercus, através do Fundo Quercus para a Conservação da Natureza, chegou a acordo com o proprietário de um terreno situado na Serra da Estrela, concelho de Celorico da Beira, com vista à preservação de uma importante população de narciso-de-trombeta. O contrato com o proprietário, celebrado por um prazo de 10 anos, prevê diversas medidas de gestão, nomeadamente a não mobilização do solo, a promoção de um pastoreio extensivo, a não utilização de herbicidas ou outros pesticidas e ainda a limpeza periódica de herbáceas e arbustos bem como a instalação duma vedação que previna a colheita ilegal de bolbos. Esta iniciativa conta com o apoio do Parque Natural da Serra da Estrela.

 

O narciso-de-trombeta

O Narciso-de-trombeta (Narcissus pseudonarcissus subsp. nobilis) é uma planta bolbosa cuja floração ocorre entre Março a Abril. Distingue-se dos outros narcisos por ser de grande porte e por possuir a parte externa da flor (tépalas) amarelo-pálida e a parte interna (coroa) amarelo-dourada.

O Narciso-de-trombeta é maioritariamente encontrado em prados de feno húmidos embora também ocorra em matagais (piornal) e em matos húmidos.

A distribuição deste narciso na Natureza, restringe-se ao Norte da Península Ibérica, ou seja, trata-se de um endemismo ibérico. Em Portugal conhecem-se menos de dez populações silvestres, concentradas no Alto Minho e no Concelho de Montalegre (Trás-os-Montes). Fora desta zona apenas se conhece uma população na Serra da Estrela, a qual curiosamente é a maior.

Uma das possíveis causas para existirem tão poucos locais com narciso-de-trombeta prende-se com o facto de que desde o século XI, mas principalmente a partir do século XVI, se passou a colher flores e bolbos de narciso, tanto para uso local como para exportação para diversos países da Europa. Presume-se que este comércio causou a extinção de muitas populações selvagens de narciso, especialmente das que estavam mais acessíveis aos colectores.

Actualmente, o Narciso-de-trombeta encontra-se protegido por legislação comunitária e nacional, sendo proibidas a colheita, o corte, o desenraizamento ou a destruição das plantas ou partes de plantas no seu meio natural e dentro da sua área de distribuição natural.

 

O que é uma micro-reserva?

 

Por todo o território nacional, existem elementos do património natural descontínuos e com pequenas áreas de ocupação, como por exemplo, comunidades de leitos de cheia, escarpas litorais, afloramentos com flora especializada, grutas com morcegos e invertebrados troglóbias, charcas temporárias essenciais à preservação dos anfíbios ou pequenos bosques reliquiais. Estes espaços estão ameaçados porque a sua própria existência é ainda ignorada, ou porque a gestão dos seus proprietários é obviamente direccionada apenas em termos da rentabilidade económica e ainda porque as entidades com poder de decisão não têm muitas vezes consciência da sua relevância para a conservação. Tendo estes espaços, na sua grande maioria, singular importância para a conservação e, não existindo uma figura legal apropriada à gestão destes espaços, o conceito de “micro-reserva” surge como uma ferramenta essencial à preservação de espécies e habitats.

 

As micro-reservas são pequenas áreas protegidas, raramente com mais de 20 hectares e têm obrigatoriamente que possuir um plano de gestão. A criação de micro-reservas biológicas é um processo que se desenvolve por várias etapas: a identificação do local, os contactos com os proprietários, a validação científica e a formalização jurídica da sua protecção.

 

Uma rede em crescimento

 

Este é um projecto que se desenvolve em todo o país, com outras cinco áreas já em execução (Escarpas com nidificação de aves rupícolas no Tejo Internacional, Abrigo de Morcegos do Sítio “Sicó-Alvaiázere”, Turfeira na Serra da Freita, terreno para preservação de Linaria ricardoi em Cuba, área da Peninha em Sintra com diversos valores botânicos) e várias outras em estudo, cabendo agora a vez da Serra da Estrela ter uma micro-reserva para preservar mais uma raridade da nossa flora.

É também por isso que a ajuda de todos será sempre fundamental. Basta um pequeno contributo, e mais metros quadrados essenciais à preservação de espécies e habitats farão parte da sua micro-reserva.

 

Lisboa, 2 de Maio de 2006

A Direcção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza