Foi apresentada hoje, pelo Ministro do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, Francisco Nunes Correia, a solução integrada para o tratamento dos efluentes de suinicultura na região do Lis.
Com efeito, a solução escolhida foi a tecnologia de digestão anaeróbia que é um processo biológico para o tratamento de efluentes com carga orgânica elevada e resíduos biodegradáveis. Este processo permite transformar os efluentes e os resíduos a tratar em:
– Biogás: gás que pode ser valorizado na produção de energia eléctrica e calor, na utilização em veículos e na injecção nas condutas de gás natural (estas duas últimas soluções já estão em aplicação em vários países);
– Composto: a produção de composto é feita a partir das lamas do digestor. Os destinos mais adequados são a agricultura;
– Líquido fertilizante: pode ser utilizado como fertirrigação.
Devido às características do efluentes a tratar (mais de 90% é água) e a solução escolhida, a digestão anaeróbia, é possível e recomendável o tratamento conjunto (co-digestão de resíduos) de outros resíduos biodegradáveis que actualmente não tem solução de tratamento na região (ex.: resíduos de aviários, agro-industriais, matadouro, etc.).
Uma das soluções de tratamento que se chegou a equacionar foi a secagem dos efluentes de suinicultura com recurso à queima de combustíveis fósseis (gás natural). Esta solução, se tivesse sido escolhida, iria agravar mais a situação de Portugal face ao cumprimento das metas de redução dos GEE (Gases de Efeito de Estufa). A solução de secagem (com gás natural) também poderia vir a comprometer sustentabilidade económica e financeira do sistema integrado, uma vez que estaria sujeito aos aumentos dos combustíveis fósseis e à obrigação de compra de Licenças de Emissão de CO2. (ver “Para mais informações”)
Com esta escolha podemos afirmar que não só a região ficou a ganhar como também Portugal. Acreditamos que este tipo de tecnologia, a digestão anaeróbia, venha a desempenhar um papel importante no tratamento de resíduos biodegradáveis de origem agrícola, industrial e urbanos produzidos nas diferentes regiões do País.
Lisboa, 4 de Janeiro de 2006
Quercus – ANCN e OIKOS Leiria
Para mais informações: Quercus contra: Utilização de combustíveis fósseis no tratamento de efluentes de Suiniculturas (31-03-05) : http://www.netresiduos.com/cir/comunicados/recilis31_3_05.htm Legislação sobre energias renováveis não respeita Protocolo de Quioto (16-03-05) http://www.netresiduos.com/cir/comunicados/energia16_03_05.htm