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Zona de Protecção Especial da Ria de Aveiro a saque

A Zona de Protecção Especial (ZPE) da Ria de Aveiro é a zona húmida portuguesa mais importante a Norte do rio Tejo. Classificada no âmbito da Directiva Europeia Aves e inserida na Rede Natura 2000, alberga mais de duas centenas de espécies de aves, muitas delas de elevado valor conservacionista. O gradiente salino existente nesta zona estuarina permite a presença de uma enorme diversidade de habitats naturais de onde se destacam os sapais, os juncais, os caniçais e as importantes galerias ripícolas.

 

A ZPE com o conjunto de habitats e espécies associados fornece-nos (à Humanidade) um conjunto de serviços, os denominados serviços ecossistémicos, sem os quais não nos seria possível subsistir. Entre estes destacam-se: a preservação dos solos, a regulação das cheias, o fornecimento de alimento, o fornecimento de lenha ou outras materiais primas, a fixação do carbono e o ecoturismo. A todos eles, directa ou indirectamente, a humanidade associa uma qualquer actividade económica e a sua manutenção num estado de conservação favorável contribui para o bem-estar humano.

 

No entanto, o Núcleo Regional de Aveiro da Quercus – A.N.C.N., durante o mês de Outubro, recebeu denúncias de vários cidadãos indignados com o que se está a passar na ZPE da Ria de Aveiro. Estas situações foram então confirmadas no terreno pela QUERCUS tratando-se de casos que não podem deixar ninguém indiferente.

A gravidade dos casos justificou a decisão de emitir este comunicado, de forma a sensibilizar a comunidade e a lançar publicamente algumas questões e situações que seria bom ver respondidas e esclarecidas.

 

Se nalguns casos existir justificação para uma intervenção de gestão da flora existente, será bom que se acautelem outros valores, como a preservação da flora e fauna regionais e o respeito pela legislação ambiental em vigor. No mínimo, é preocupante que passados tantos anos da introdução das questões ambientais na vida das sociedades ocidentais, se continue a observar este fundamentalismo no ataque a áreas que sendo geridas para vários fins, acabam por ser péssimos exemplos de relação com o nosso ambiente.

 

Salreu/Baixo Vouga Lagunar: Incêndios em zona húmida!

 

Os incêndios em área de caniçal na Zona de Protecção Especial da Ria de Aveiro, em concreto no Baixo Vouga Lagunar, têm sido um hábito difícil de acabar (vá-se lá saber porquê) pelo menos desde 2004. Desde aí arderam já cerca de 500 hectares de zona húmida (alguns dos quais várias vezes) de elevado valor para a conservação da natureza.

 

Nesta área, actualmente muito procurada para actividades de ecoturismo, ocorrem diversas espécies de aves protegidas entre as quais se destacam a Garça-vermelha e a Águia-sapeira, espécies ameaçadas que ficam com a próxima época reprodutora comprometida devido à destruição significativa do seu habitat de nidificação.

 

 

Coincidência, ou não, estes incêndios surgiram com maior visibilidade a partir do momento que o regime cinegético na área ficou ordenado! Já no passado defendemos o fim da caça nesta área, na medida em que outros valores de maior relevância para a área/região se levantam. Mas a continuação da caça e os fogos descontrolados acabam por perturbar o que de melhor a zona tem para nos oferecer, um ecossistema de importância reconhecida, e com valores que pela raridade mereciam uma maior atenção por parte das entidades competentes.

 

Este alerta foi já lançado algumas vezes em anos anteriores pela QUERCUS, questionando inclusive a prioridade que se dá no combate a este tipo de incêndios em áreas naturais, bem como a ineficácia/inexistência das acções desenvolvidas. Este ano, tal como nos anos anteriores, os incêndios permaneceram activos durante vários dias (este ano foi durante 5 dias consecutivos).

 

Rio Vouga, S. João de Loure: Gestão da galeria ripícola?

 

A gestão do coberto vegetal é algo que carece de muito conhecimento e sensatez por parte de quem a realiza, e o que à partida pretende ser uma acção de gestão, rapidamente se transforma num atentado ambiental. Presumivelmente terá sido o que aconteceu nas margens do rio Vouga, na zona de S. João de Loure/Eirol. Apesar de inserido na ZPE da Ria de Aveiro e detentor de um importante Habitat (classificado pela Directiva Europeia Habitats) que além do valor específico que tem, assume uma extrema relevância ao nível dos serviços dos ecossistemas, nomeadamente ao nível da conservação dos solos, protecção contra cheias, alterações climáticas, refúgio da biodiversidade, etc., este habitat (Galerias ribeirinhas dominadas por Salgueiros) foi destruído.

 

 

Por quem? Bem, à partida por alguém dos serviços da administração pública. É isso que a QUERCUS está a tentar verificar, através das missivas enviadas à ARH do Centro, CCDR do Centro e ICNB. Além do mais, frequentemente se procedeu ao corte dos exemplares arbóreos de espécies autóctones (Salgueiros, Amieiros), deixando, devidamente podados, os exemplares de espécies exóticas invasoras (Acácias). Muita lenha saiu destas margens!

 

Nas próximas cheias de Inverno, se estas vierem a ocorrer com a intensidade de outros anos, com galgamentos das margens do rio, é expectável a destruição por efeito de arrastamento do solo arável dos campos agrícolas adjacentes, na medida em que era a densa vegetação ripícola, anteriormente existente, que permitia a protecção daqueles campos contra os efeitos erosivos.

 

Se tal acontecer, cá estaremos para verificar se quem procedeu à destruição da galeria ripícola do Vouga assume as responsabilidades.

 

Conclusão

 

Face ao exposto, a Quercus-Aveiro vem mais uma vez exigir:

 

i) Mais e melhor prevenção, através de brigadas/patrulhas de fiscalização na ZPE, sobretudo nas áreas mais importantes para a caça;

ii) Mais e melhor coordenação, estratégia e acção no combate aos incêndios no Baixo Vouga Lagunar;

iii) Melhor gestão dos espaços naturais, de forma a evitar a destruição deliberada e sem critério de vegetação autóctone e o atentar contra a preservação das espécies animais a ela associada;

iv) Que as entidades responsáveis entendam de uma vez por todas que os valores naturais são de extrema importância, nomeadamente para a manutenção da qualidade de vida da Humanidade, pelo que aos mesmos deve ser dada especial atenção e cuidado nas questões da sua preservação.

 

Aveiro, 28 de Outubro de 2011

 

A Direcção do Núcleo Regional de Aveiro da Quercus – ANCN