+351 217 788 474

Login

Sign Up

After creating an account, you'll be able to track your payment status, track the confirmation.
Username*
Password*
Confirm Password*
First Name*
Last Name*
Email*
Phone*
Contact Address
Country*
* Creating an account means you're okay with our Terms of Service and Privacy Statement.
Please agree to all the terms and conditions before proceeding to the next step

Already a member?

Login

Quercus exige que empreendimento não seja construído e que a qualidade da água seja mantida

Após a descoberta de uma importante população de uma espécie em perigo de extinção – o mexilhão-de-rio (Margaritifera margaritifera), no rio Beça, precisamente num local que pode ser submerso pela futura Barragem de Padroselos, a Quercus exige que o Ministério do Ambiente renuncie à construção do empreendimento e avalie os impactes cumulativos das outras barragens nas bacias do Douro e Tâmega, em relação quer à obrigação de manter (ou recuperar) o bom estado ecológico da todas as aguas da bacia, quer a um futuro programa de recuperação desta espécie para estas bacias.

 

A Quercus quer uma avaliação conjunta da toda a bacia e um plano de acção para a espécie

 

Tendo em consideração a situação crítica da espécie em Portugal, a Quercus é da opinião que o Ministério do Ambiente deve dar instruções ao ICNB – Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade para que elabore, calendarize e orçamente um plano de salvaguarda para o mexilhão-de-rio, com vista a aumentar a área de ocupação actual, mantendo os efectivos das populações estáveis, incrementando os efectivos das populações dos rios onde existem populações residuais, e reintroduzindo a espécie nos rios onde esta já existiu no passado, de acordo com o previsto no Plano Sectorial da Rede Natura 2000. O plano deverá, entre outras medidas, assegurar um caudal adequado às necessidades da espécie e dos seus hospedeiros, manter a qualidade da água a um nível favorável à sua preservação, impedir a extracção de inertes nestes locais e levar a efeito um programa de recuperação das populações salmonícolas.

 

A Directiva Quadro da Água obriga a que os rios atinjam o bom estado ecológico até 2015 e que qualquer intervenção tenha de ser avaliada não só ao nível desse troço do rio mas ao nível de toda a bacia. Um estudo recente* sobre o Programa Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroeléctrico (PNBEPH), encomendado pela Comissão Europeia, concluiu que a construção das barragens tal como previstas no PNBEPH nas bacias do Tâmega e do Douro,  implicará uma degradação da qualidade da água o que viola o estabelecido na Directiva-Quadro da Água.

 

Tendo em conta o exposto acima, a Quercus exige que o efeito conjunto das barragens previstas para a bacia do Douro e a sub-bacia do rio Tâmega seja reavaliado em função da viabilidade da manutenção do bom estado ecológico das águas e do papel essencial que determinados troços podem ter para um futuro programa de reintrodução da espécie.

 

*ver tradução não oficial do resumo executivo do estudo disponível aqui.

 

 

Lisboa, 23 de Dezembro de 2009

 

A Direcção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza

 

————————————————————————————————————————

 

Mais informação sobre a situação da espécie

 

De acordo com informação obtida pela Quercus junto de especialistas, o mexilhão-de-rio só possui três populações viáveis em território nacional, designadamente nos rios Tuela, Rabaçal e Beça. A manutenção destas populações é fundamental para a implementação de um futuro programa de reintrodução em locais onde a espécie ainda ocorre em baixa abundância, considerando-se que uma unidade populacional é viável quando possui mais de 500 indivíduos reprodutores por 500 metros lineares de rio. O mexilhão-de-rio é um bivalve de água doce com estatuto de conservação de “em perigo” a nível global, que se encontra em forte regressão devido à poluição dos cursos de água, à construção de açudes e barragens, à extracção de inertes e à destruição da vegetação das margens. É também uma espécie que está muito dependente da presença dos hospedeiros das suas larvas, essencialmente trutas e salmões. As larvas fixam-se às guelras destes peixes, sofrendo várias metamorfoses até se soltarem, constituindo a vida parasitária uma fase do desenvolvimento larvar essencial à disseminação da espécie, por via das deslocações do seu hospedeiro.

 

O substrato do leito do rio determina as áreas de ocorrência onde a espécie pode sobreviver, em particular para os juvenis que vivem enterrados e necessitam de oxigénio em abundância. Alimenta-se de detritos e plâncton e é extremamente intolerante a qualquer tipo de poluição, sendo mesmo considerado um excelente indicador da boa qualidade da água.