+351 217 788 474

Login

Sign Up

After creating an account, you'll be able to track your payment status, track the confirmation.
Username*
Password*
Confirm Password*
First Name*
Last Name*
Email*
Phone*
Contact Address
Country*
* Creating an account means you're okay with our Terms of Service and Privacy Statement.
Please agree to all the terms and conditions before proceeding to the next step

Already a member?

Login

Quercus alerta para o início da destruição da Paisagem património Mundial do Douro Vinhateiro

Iniciado formalmente um novo ciclo político, a Quercus – ANCN, através do Núcleo da Quercus de Vila Real e Viseu, não poderia deixar de alertar os novos responsáveis políticos nacionais para o atentado que se tem vindo a perpetrar contra o Douro Património da Humanidade classificado pela UNESCO em 2001, na Foz do rio Tua.

 

A lamentável ferida que se rasga na foz do rio Tua, com o início dos trabalhos de construção da Barragem do Tua, é já visível a quilómetros de distância, em diferentes locais de ambas as margens do Rio Douro.

 

A destruição do Vale do Tua, do rio, da paisagem, da linha centenária, da identidade da região a que se junta ainda o património classificado pela UNESCO, é no seu conjunto semelhante ao que aconteceu em Março de 2001 às estátuas dos Buda de Baiyman, património da Humanidade igualmente destruído.

 

É preciso repensar e inverter com urgência a anunciada sentença de morte do Vale do Tua e, nesse sentido, a Quercus apela aos novos decisores políticos que revejam não só o projecto da Barragem de Foz Tua, mas todas as barragens  do Plano Nacional de Barragens com Elevada Potencial Hidroeléctrico (PNBEPH).

 

Com estas grandes construções, nomeadamente a Barragem de Foz Tua, para além de perdas irrecuperáveis no que toca ao património natural, cultural e humano, está também em causa a oportunidade de um desenvolvimento sustentável na região, assente na agricultura e no turismo de natureza, cultural e ferroviário.

 

No passado 10 de Junho, o Prof. Cavaco Silva, referia no seu discurso a necessidade de “mudança de atitude, de desenvolver uma estratégia clara de revalorização do interior do país, incentivando e apoiando aqueles que aqui vivem e trabalham” e ainda a ”aposta na agricultura e no turismo.”

 

Tal não poderá acontecer enquanto os sucessivos governos, com o apoio cego das autarquias locais, continuarem a destruir o território, o seu património único, a sua identidade, promovendo o abandono e a migração das suas gentes, a perda de referências locais e identitárias, as fontes de riqueza, os serviços, e entre muitos outros factores, também a motivação e a auto-estima.

 

É urgente alterar as políticas energéticas e os conceitos de desenvolvimento/progresso que se querem para o país; tendo como premissas a eficiência e a sustentabilidade, é preciso caminhar para o equilíbrio harmonioso entre o Homem e a Natureza. O Vale do Tua não pode ser sacrificado pelos interesses de alguns grupos económicos portugueses como sejam a EDP ou a Mota Engil.

 

pastedGraphic.pdf

 

É urgente rever as concessões e parcerias público privadas, tal como exige a `troika´ e como anunciado pelo novo Governo, sendo as barragens a 3ª Parceria Público Privada (PPP) mais cara para o país. E estimado que o custo total das novas barragens (durante a vida da concessão) seria cerca de 15 000 milhões Euros = 4600 € por família [1].

 

O que ganha um país quando destrói uma linha-férrea centenária que atravessa toda a região uma região interior que não tem outra alternativa que não uma futura auto-estrada com portagens? A Linha do Tua percorre Trás-os-Montes, lado a lado com um dos últimos rios livres de Portugal, serve as gentes locais, transporta milhares de turistas de todos os cantos do mundo e, com a sua ligação a Puebla de Sanabria e à Alta velocidade Espanhola, poderia trazer a casa, pelo Verão e pelo Natal, milhares de emigrantes transmontanos.

 

O que ganha um país quando destrói um vale milenar único como o vale do Tua, para aumentar a sua produção energética em algo tão insignificante como  0,7% [2]?

 

Os impactos da construção desta barragem são irreversíveis e hipotecam para sempre o futuro de Trás-os-Montes. É urgente um novo olhar para Trás-os-Montes e para o desenvolvimento transmontano, em particular, para o Vale do Tua.

 

Deste modo, o Núcleo Regional de Vila Real e Viseu da QUERCUS apela ao novo Governo de Portugal para que mande suspender as obras da barragem de Foz Tua para salvaguarda dos interesses locais e nacionais, bem como do Património Mundial.

 

Vila Real, 1 de Julho de 2011

 

O Núcleo Regional de Vila Real e Viseu

da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza

 

– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

 

[1] Memorandum- The Portuguese Dam Program: an economic and environmental disaster

GEOTA, FAPAS, LPN, Quercus, CEAI, Aldeia, COAGRET, Flamingo — April 2011

 

[2] A capacidade de produção prevista pelo Tua é de 350 Gwh/ ano o que corresponde á menos de 0.7% dos 52.2 TWh eléctricidade consumida em Portugal em 2010 (DGEG 2011).