A subida do preço do petróleo continua a ser o grande incentivo à poupança e eficiência energética, assim como às energias renováveis. A redução do consumo de combustíveis nos últimos tempos e o crescimento de apenas 1% no consumo de energia eléctrica nos primeiros seis meses de 2008 assim o demonstram.
Hélder Spínola*
No entanto, os constrangimentos que dificultam uma libertação progressiva dos combustíveis fósseis continuam muito fortes e a própria procura de alternativas ao petróleo continua refém da mesma filosofia que sempre esteve subjacente à dependência do petróleo: aumento do consumo, produção centralizada e dependência de uma única fonte.
Apesar da política energética em Portugal necessitar seguir uma lógica diferente, apostada na poupança e eficiência energética assim como no aproveitamento diversificado e extensivo de energias renováveis, continua a sonhar com os grandes projectos de produção de energia. São disso exemplo o Programa Nacional de Barragens e a ideia recorrente de alguns em construir um central nuclear em Portugal. A poupança e a eficiência energética continuam a não merecer a atenção necessária dos governos e empresas, apesar das suas enormes potencialidades.
No último ano, só em resposta ao custo acrescido do petróleo, a sociedade prometeu alguma esperança reduzindo o crescimento nos consumos. Se os governos souberem responder a este desafio, apostando a sério na poupança e eficiência energética e no aproveitamento sustentável, diversificado e extensivo das energias renováveis, os portugueses e as empresas saberão responder à altura.
No entanto, enquanto nos deixarmos levar pela inércia e mantermos a “fuga em frente” dificilmente teremos esses resultados tão almejados.
- Presidente da Direcção Nacional da Quercus