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Reserva Natural do Paul do Boquilobo: poluição, invasoras e perda de biodiversidade aquática são ameaças

Hoje, dia 24 de Junho, comemora-se o 34º aniversário da criação da Reserva Natural do Paul do Boquilobo (RNPB) e a Quercus, como já vem sendo hábito em 2014 para as Áreas Protegidas, faz uma retrospetiva do que foi feito de positivo e negativo neste espaço classificado e traça cenários com base na definição de ameaças e na identificação de oportunidades.

A Reserva Natural do Paul do Boquilobo localiza-se na contiguidade do rio Almonda, afluente da margem direita do rio Tejo, e foi criada em 1980 com o propósito de proteger as características de um habitat paludoso de elevado interesse para a conservação, nomeadamente o salgueiral, num dos qual está instalado uma importante colónia de garças e de colhereiros, e zonas permanentemente alagadas com grande densidade de vegetação aquática, as quais são importantes locais de nidificação para a fauna aquática. O Paul do Boquilobo constitui o maior ecossistema aquático representativo de zonas húmidas interiores, tendo na avifauna o seu principal valor, pois, para além de zona de alimentação, trata-se de um local privilegiado de descanso, abrigo e reprodução para muitas espécies. Destaca-se a presença de uma grande colónia de Garça-boeira,  de Garça-branca-pequena e de Goraz Nycticorax nycticorax. Estão identificadas também outras espécies relevantes para a conservação como o Colhereiro, a Garça-vermelha, a Garça-cinzenta, a Garça-pequena, o Papa-ratos, a Águia-pesqueira e o Tartaranhão-ruivo-dos-pauis. A Lontra e o Morcego-arborícola-gigante são presenças habituais na Reserva.

Desde a criação da reserva natural foram executadas medidas que contribuíram para aumentar os valores de conservação do património natural desta área, como a reclassificação de reserva natural parcial para reserva natural, a interdição do exercício da caça dentro dos limites da reserva, a criação uma zona de pesca profissional num troço do rio Almonda e a integração da área da RNPB na Rede Natura 2000, com a criação da Zona de Protecção Especial para Aves Selvagens “Paul do Boquilobo”. A RNPB foi ainda classificada como zona húmida de importância internacional ao abrigo da Convenção de Ramsar e, como Reserva da Biosfera através do Programa MAB da UNESCO.

Contudo, esta área protegida tem vindo a ser afetada por vários factores que degradam os seus valores, sendo exemplo disso a degradação da qualidade da água que resulta de descargas de efluentes urbanos e industriais oriundas das povoações dos concelhos de Torres Novas, Entroncamento e Golegã, do mau funcionamento do sistema de saneamento da bacia do Rio Almonda e da poluição provocada pela intensa atividade agrícola que se verifica nas imediações da Reserva. A RNPB é ainda muito afetada pela proliferação de espécies animais e vegetais não indígenas de carácter infestante, como o Jacinto-de-água, o Lagostim-vermelho-da-Louisiana, o Pimpão, o Achigã e a e a Perca-sol. A reserva natural é ainda confrontada com outros factores de ameaça, como o exercício de caça ilegal, a drenagem das áreas adjacentes aos cursos de águas para aproveitamento de terrenos para agricultura e com o assoreamento e consequente perda de diversidade de habitats para as aves.

Consequentemente, a Quercus considera indispensável a tomada de medidas concretas relativamente à conservação do ecossistema aquático, que incluam a melhoria da qualidade de água, o condicionamento de drenagens e da captação de águas subterrâneas e a interdição do uso de agro-químicos na agricultura na área contígua. A Quercus exige também a criação de um programa de controlo continuado de espécies exóticas, bem como um programa de restauro dos habitats aquáticos de forma fomentar a sua diversificação e disponibilidade para as diferentes espécies de aves aquáticas, evitando que a Reserva deixe de ser uma zona húmida. Consideramos igualmente fundamental repensar todo o modelo de visitação da Reserva Natural, pois não é aceitável que as suas potencialidades de visitação não sejam aproveitadas, não só para incrementar o apoio público dos cidadãos à conservação da natureza, mas também para financiar em parte a sua gestão, havendo que envolver nesse processo autarquias, organizações não governamentais de ambiente, empresas de turismo de natureza e os cidadãos.

Neste contexto, para avaliar a Área Protegida foi elaborado um quadro, que é colocado em baixo, com base numa análise que apresenta o diagnóstico (Forças e Fraquezas) e o prognóstico (Oportunidades e Ameaças).

Lisboa, 24 de Junho de 2014

A Direção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza