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Reserva Natural do Paul de Arzila, em Coimbra: Quercus faz balanço dos 26 anos desta Área Protegida

Imagem: http://viagenstravel.com

paul-arzilaHoje, dia 27 de junho, comemora-se o 26º aniversário da criação da Reserva Natural do Paul de Arzila (RNPA). A Quercus faz uma retrospetiva do que foi feito de positivo e negativo nesta Área Protegida e traça cenários com base na definição de ameaças e na identificação de oportunidades.

A Reserva Natural do Paul de Arzila é uma importante zona húmida localizada na margem esquerda do rio Mondego que foi criada com o objetivo de proteger e conservar os valores naturais, nomeadamente os elementos geomorfológicos, a flora e fauna especifica residente e migradora e os respetivos habitats. Foi criada, também, com o propósito de promover o ordenamento do território e criar condições para que seja visitada para fins científicos e recreativos. O Paul de Arzila é uma das últimas zonas húmidas do vale do Baixo Mondego, com fatores geográficos, extensão e cobertura vegetal adequados à fixação e desenvolvimento de diversas comunidades, possuindo habitats com relevância, como as galerias ribeirinhas mediterrânicas dominadas por Salgueiros, as águas eutróficas permanentes com comunidades dulçaquícolas, matos higrófilos e salgueirais paludosos, estes dois últimos classificados como habitats prioritários. A RNPA possui também uma elevada diversidade faunística, sendo local de nidificação, refúgio de inverno e local de paragem para muitas espécies da avifauna, destacando-se a presença de Águia-pesqueira, o Goraz, a Garça-vermelha, o Tartaranhão-ruivo-dos-pauis, a Águia-calçada, a Cigarrinha-ruiva e o Garçote.

Desde a criação da reserva natural foram executadas medidas que contribuíram para aumentar os valores de conservação do património natural desta área, como a interdição do exercício da caça dentro dos limites da reserva, a integração da área da RNPA na Rede Natura 2000, com a criação da Zona de Proteção Especial para Aves Selvagens “Paul de Arzila” e do Sítio de Importância Comunitária “Paul de Arzila”. A RNPA foi ainda classificada como zona húmida de importância internacional ao abrigo da Convenção de Ramsar, Reserva Biogenética do Conselho da Europa e Important Bird Area in Europe (IBA).

Contudo, esta reserva natural tem vindo a ser afetada, ao longo dos anos, por vários fatores com origem nas imediações que degradam o ecossistema e colocam em causa os objetivos propostos aquando da sua criação, sendo exemplo disso a drenagem de solos para a agricultura intensiva, o crescimento dos aglomerados urbanos, a implementação de unidades industriais, a poluição provocada pelo mau funcionamento ou inexistência de estações de tratamento de resíduos e pelo uso de substancias químicas na agricultura e a extração de inertes nos cursos de água. Também as obras de regularização hidráulica do Mondego causam impactes adicionais na fauna e flora, destruindo a vegetação ribeirinha, devido ao aumento da salinidade e do declive e da velocidade de escorrência que leva à intensificação da erosão no leito do rio, situação que condiciona a entrada e saída da ictiofauna no Paul.

A presença de um campo de treino de caça no interior da Reserva Natural é também algo contraria os objetivos de proteger e conservar os valores naturais presentes na reserva. A RNPA é ainda afetada por vários fatores de ameaça, a plantação de monoculturas de eucalipto nas áreas adjacentes, a proliferação de espécies exóticas infestantes, o preocupante assoreamento das áreas inundadas, o qual diminui a diversidade de habitats, e a visitação desordenada do local.

Ciente dos problemas que afetam a RNPA, a Quercus exige o condicionamento do uso dos terrenos agrícolas de caráter intensivo e a criação de programas de incentivo e apoio às práticas de agricultura tradicional. A Quercus exige, também, a regularização urgente dos sistemas de tratamento de efluentes domésticos e industriais, assim como, a proibição do uso de agro-químicos na agricultura que se realize nas imediações. Consideramos absolutamente indispensável a implementação de ações de restauro da zona húmida, com vista ao seu desassoreamento e para diversificar os habitats aquáticos.

Por último, é de referir que há necessidade de repensar todo o modelo de visitação da área, já que atualmente a resposta disponível é inadequada e não responde à procura existente. A alocação de meios financeiros para o efeito é pois um objetivo estratégico que não deverá ficar esquecido pelos poderes públicos.

Coimbra, 27 de junho de 2014

A Direção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza


 

 

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