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Ação nacional da Quercus: 12 meses / 12 iniciativas

Podas abusivas e/ou abate infundado de árvores em espaço urbano são o problema ambiental em destaque no distrito da Guarda

 

 

No início de ano 2018, a Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza, lançou uma ação nacional denominada “12 meses/12 iniciativas” com o objetivo de chamar atenção para 12 problemas ambientais que ocorrem em território nacional e para os quais urge encontrar soluções. Depois do olival intensivo em Janeiro, o problema ambiental em destaque este mês situa-se no distrito da Guarda, e é o caso das podas abusivas e/ou abate infundado de árvores em espaço urbano em concreto.

 

Apesar das melhorias que Portugal tem registado a nível ambiental, sobretudo nos últimos 20 anos, em áreas tão diversas como os resíduos, a água ou o tratamento de efluentes domésticos, existem ainda diversos problemas ambientais que teimam em persistir em várias regiões do país – descargas ilegais de efluentes industriais nos nossos rios, excesso de monoculturas agrícolas intensivas, povoações sem tratamento de esgotos e uma área florestal de eucalipto em expansão, são apenas alguns exemplos que têm provocado impactes gravíssimos no país, tais como a poluição no rio Tejo, a degradação do solo, as vagas de incêndios florestais e o despovoamento do território.

 

A Quercus através do seu Núcleo Regional da Guarda dedicou o mês de fevereiro ao tema das podas abusivas. Em média, cerca de 20% a 30% das denúncias recebidas anualmente por este Núcleo, desde 2014, dizem respeito a podas abusivas e/ou abate infundado de árvores em espaço urbano. Os últimos anos coincidem simultaneamente com um período de maior consciencialização por parte de cidadãos anónimos e/ou grupos/movimentos informais no sentido de exigir maior preservação dos espaços naturais nas cidades.

 

Vários autores referem “(…) a mutilação generalizada e indiscriminada da copa das árvores de alinhamento e de parques e jardins urbanos não tem qualquer justificação técnica, económica ou estética (…) os cortes repetidos e a quebra natural dos novos lançamentos expõem as árvores à infeção por agentes patogénicos (…) em consequência das podas [radicais/abusivas] é, pois, de esperar uma situação futura que implica a continuação de intervenções onerosas nos anos seguintes, quer para retirar os ramos mortos (…) quer para desafogar o emaranhado de ramos verticais longos e finos que passam a dominar no novo copado e que, com frequência, em pouquíssimos anos se tornam tanto ou mais prejudiciais do que a copa existente antes da intervenção (…)”. [1]

 

E ainda “(…) a poda de árvores é uma agressão a um organismo vivo, que possui estrutura e funções bem definidas e alguns mecanismos e processos de defesa contra seus inimigos naturais (…) A poda é sempre uma operação desvitalizante, elimina uma grande parte da copa das árvores chegando nos casos mais drásticos à eliminação total. Como consequência, a superfície fotossinteticamente ativa é parcial ou totalmente eliminada, pelo que a árvore fica bastante debilitada (…) Uma árvore debilitada fica mais vulnerável ao ataque de pragas e doenças, sendo que alguns insetos e fungos acabam por se aproveitar destas fragilidades e instalam-se, acelerando nalguns casos a morte das árvores. Uma árvore decapitada fica completamente desfigurada e debilitada, e jamais recuperará por completo a sua forma natural. A decapitação é uma prática incoerente com a fisiologia das árvores, cientificamente errada e socialmente inaceitável (…) Decapitando árvores frondosas, estas estarão à partida condenadas a não cumprir a sua função ambiental de purificar o ambiente, proporcionar sombra e frescura, servir de habitat para pequenas aves que ali nidificavam. A poda não é uma operação cultural normal em árvores ornamentais ou florestais, mas sim em árvores de fruto. A poda em árvores ornamentais é necessária apenas em casos de emergência (…)” [2]

 

2016 08 26 Fornos de Algodres 2014 02 22 Guarda

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Se as podas radicais/abusivas são lesivas para as árvores por que razão todos os anos estas se repetem e em várias localidades? Será a falta de técnicos especializados por parte das autarquias e Juntas de Freguesia?

 

A Quercus questiona se as mais-valias dos espaços verdes nas cidades com a redução de poluição atmosférica; a redução de níveis de stress e de ansiedade; a redução do ruído provocado pelo tráfego rodoviário; a contribuição para um ambiente mais fresco, entre muitos outros aspetos  não deveriam justificar um maior investimento em formação dos técnicos envolvidos nestes casos de más práticas?

 

Ao longo dos próximos meses, outras situações ambientais serão tornadas públicas, esperando a Quercus conseguir mobilizar as populações com os seus alertas e exigindo que as autoridades nacionais tomem medidas para a sua resolução. O calendário das próximas ações a realizar é o seguinte:

 

Captura de ecrã 2018 02 28 às 20.55.55

 

Notas:

[1] Silva, H. e Fabião, A.; (1994) “As podas camarárias: considerações sobre a futilidade de um acto de mutilação”;https://www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/1387/1/REP-Fabiao,%20A.-Silva_%26_Fabiao_1994.pdf

 

[2] Pinho, R. (2016); “Podas radicais nunca mais”; Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro; https://uaonline.ua.pt/pub/detail.asp?c=45208

 

 

Guarda, 28 de Fevereiro de 2018

 

A Direção do Núcleo Regional da Guarda da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza

A Direção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza