A Quercus Núcleo Regional de Lisboa manifesta a sua apreensão quanto às escolhas feitas pela CM de Lisboa, prejudicando o crescimento da mobilidade suave.
Quando já sentimos os primeiros sinais claros do que nos reserva o futuro com o aquecimento global de 1.2ºC, são retiradas ciclovias para colocar mais estacionamento automóvel, em contraciclo com todas as recomendações e escolhas europeias. Este é o caminho do retrocesso para Lisboa.
Quando é de todos conhecida a necessidade de diminuir o trânsito de veículos a combustão dentro das cidades, favorecendo o transporte coletivo de passageiros e a mobilidade suave, a CML rejeita petição com 720 assinaturas e gasta meio milhão de euros a desfazer a ciclovia na Avenida de Berna.
O resultado desta empreitada já iniciada vai implicar várias infrações, no que diz respeito à largura da via bus e constrangimentos aos cidadãos, principalmente estudantes, deixando de existir ciclovia à porta de uns dos pólos principais da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH), da Universidade Nova.
A nova obra que tanto dinheiro vai custar e que devia ser investido em soluções para retirar automóveis do centro da cidade, ao que conseguimos apurar, não respeita o Manual de Espaço Público de Lisboa.
Reduzir a ciclovia da Avenida de Berna a um quarteirão para ter 70 lugares de estacionamento automóvel, representa um gasto de erário público de 62 mil euros e mais um passo no caminho do retrocesso para Lisboa.
As obras estão divididas em duas fases, estando a primeira já a ser iniciada com a destruição das faixas cicláveis.
Quanto à segunda fase, só existe presentemente uma memória descritiva, um estudo prévio e uma estimativa do custo da intervenção de 450 mil euros.
A Quercus núcleo de Lisboa está preocupada com este retrocesso na mobilidade urbana de Lisboa depois de, em 2021, a Câmara de Lisboa ter concretizado uma ciclovia na Avenida de Berna, removendo cerca de 100 lugares de estacionamento existentes à superfície e criado um corredor BUS naquele eixo, prolongando o corredor que vinha de Alcântara e que tinha como objetivo ser propagado até ao Areeiro; o atual executivo segue o caminho do retrocesso para Lisboa.
“A era do aquecimento global acabou, abram caminho para a era da ebulição global”, como afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, a 27 de julho. A Quercus núcleo regional de Lisboa defende que, para adaptar a cidade às alterações climáticas, precisamos de medidas efetivas de descarbonização, sem contrapartidas de lucro para empresas; queremos mais corredores verdes e menos estradas, menos betão mais espaços verdes renaturalizados e mais proximidade humana na cidade.
Lisboa, 29 de Outubro de 2023
A Direção do Núcleo Regional de Lisboa da Quercus