Foi necessário chegar à madrugada do passado domingo para se alcançar um acordo na declaração da COP27, que decorreu em Sharm el-Sheikh, no Egito. Ainda assim, nem esse facto é suficiente para disfarçar a decepção que esta 27ª Cimeira do Clima da ONU representou.
O acordo para a constituição de um fundo de apoio aos países mais afetados pelas alterações climáticas, reclamado há tanto, é obtido sem uma obrigatoriedade de contribuição pelos países mais poluentes, tornando esta contribuição voluntária. Isto isenta a um tempo as responsabilidades dos países com maiores pegadas ecológicas, como torna o próprio fundo dependente dos interesses políticos e económicos destes países.
Além disso, a elaboração dos estatutos e normas de funcionamento deste fundo é remetida para Março de 2023, o que inviabiliza o seu funcionamento antes da 28ª COP no próximo ano, na melhor das hipóteses.
Questões tão importantes como a Produção do Hidrogénio Verde foram pura e simplesmente adiadas para daqui a um ano. Por outro lado, a diminuição da produção de CO2 sem absorção remete-se para meros apelos de intenção, restando a diminuição da produção de metano em 30% em 2030 como único valor palpável.
A descarbonização das economias mais frágeis ficou sem respostas, assim como a diminuição da utilização do gás natural.
Salvam-se as abordagens às questões dos recursos florestais e hídricos e a sua interligação com as questões das alterações climáticas, embora sem quaisquer metas ou planos definidos.
Depois desta COP, será bem mais difícil impedir o aumento das temperaturas médias em 1,5⁰C, mesmo que não tenham sito postos em causa os objetivos mínimos de restringir esse aquecimento em 2⁰C.
Assim, a humanidade marcou passo nesta cimeira, não conseguiu avançar para novos e mais exigentes objectivos e regrediu mesmo em questões importantes, remetendo-as para futuras COP’s.
Lisboa, 21 de novembro 2022
A Direção Nacional da Quercus – ANCN