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Movimento Antinuclear Ibérico enviou uma carta aos eurodeputados de Portugal e Espanha sobre a energia nuclear

O Movimento Antinuclear Ibérico (MIA), composto por coletivos ambientalistas e instituições de Portugal e Espanha, entre os quais a Quercus, enviou, no dia 10 de fevereiro, uma carta aos eurodeputados portugueses e espanhóis, apelando ao desinvestimento na energia nuclear na União Europeia.

Em Portugal, o MIA integra cerca de 30 coletivos.

_____________

 

Conteúdo da carta:

Lisboa e Madrid, 10 de Fevereiro de 2022

Estimado/a senhor/a eurodeputado/a,

Em 21 de abril de 2021, a Comissão Europeia anunciou uma série de medidas para apoiar o financiamento de atividades sustentáveis que está em sintonia com o objetivo de alcançar a descarbonização da economia da União Europeia. A seleção das atividades a promover e beneficiar ou a abandonar é um passo essencial neste objetivo.

No âmbito da energia, ao permitir-se que a eletricidade nuclear e o gás natural tenham acesso a capital para a sua expansão, estará a financiar-se em condições extraordinariamente favoráveis, e que façam parte do mix energético da UE até ao final do século. Este será um rotundo fracasso das ambições da UE para enfrentar a crise ecológica, travar a consequente mudança climática, melhorar a sua soberania energética e, até mesmo, ter um controlo mais eficaz sobre os preços da energia.

No caso da energia nuclear, a proposta que está em cima da mesa, seria apoiar o prolongamento da vida das centrais existentes, e não o abandono do programa nuclear, já que se financiam os projetos de centrais com permissão antes de 2045. O que equivale a dizer que em 2050 se continuarão a construir novas centrais nucleares.

Não seria uma maneira responsável, nem eficiente de investir o dinheiro público. É perfeitamente claro, neste momento, que as instalações eólicas e solares FV são a forma mais barata de produzir eletricidade. Também há experiência na dificuldade de encaixar um sistema de energia elétrica renovável e nuclear devido à baixa flexibilidade de operação dessas centrais. Por isso a energia nuclear não pode ser o suporte das renováveis.

Além disso, o nuclear também contribui para o aquecimento global. As emissões de gases com efeito de estufa das centrais nucleares são, em média, de 66 gramas de CO2 por kWh. Muito mais do que o contabilizado para as tecnologias renováveis ​​para geração elétrica: o ciclo de vida da energia solar fotovoltaica (Si policristalino) supõe 32 g CO2/kWh, e a eólica em terra, 10 g CO2/kWh.

As emissões, dos sete reatores nucleares espanhóis, entre 2022 e a data de encerramento prevista em 2035, apenas relativamente à recarga de urânio, estimam-se em 4.288.212 toneladas de CO2. Contabilizando os processos desde a extração do mineral até à sua chegada no reator, e sem incluir os transportes intermediários.

O objetivo da taxonomia da UE é estabelecer uma lista de atividades económicas ambientalmente sustentáveis, que contribuam de forma substancial como mínimo a um dos seis objetivos ambientais fixados no próprio Regulamento de Taxonomia e que não causem um “dano significativo” a nenhum dos seus objetivos que não cumpra.

Ainda que o Centro Comum de Investigação (JRC) da União Europeia tenha concluído, no seu relatório de março de 2021, que a energia nuclear cumpre as condições para incluir a energia nuclear na taxonomia da UE nos termos dos critérios “No causar dano significativo”, vemos que na sua avaliação não se incluem os efeitos dos acidentes devastadores no meio ambiente (recordemos Chernobil y Fukushima).

Nem tão pouco considera as implicações para as gerações seguintes do problema da eliminação de efeitos radioativos. Este infringe o princípio de “não cargas indevidas para as gerações futuras” do enfoque da ONU na Agenda 2030, documento a que o Regulamento de Taxonomia faz referência.

Com o prolongamento da geração elétrica nuclear continuar-se-á durante décadas a acumular enormes quantidades de resíduos radioativos perigosos, sem que os governos tenham uma solução de eliminação efetiva disponível. Assim também se desrespeita o critério de “Não causar dano significativo”.

Por todas estas questões dirigimo-nos a vós. Para pedir que recusem a inclusão da energia nuclear, e também do gás natural, como tecnologias cujo desenvolvimento deva ser favorecido, muito especialmente, na União Europeia.

Atentamente,

 

MOVIMIENTO IBÉRICO ANTINUCLEAR (MIA)

www.movimientoibericoantinuclear.com

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