O Projecto Bio-Local, promovido pelo Município da Moita, é um projecto agregador de diversas iniciativas de sensibilização para a biodiversidade, realizadas a nível local, para promover uma consciência activa e atitudes pró-biodiversidade junto de diversos públicos-alvo.
O projecto Bio-Local foi seleccionado pela Fundação Calouste Gulbenkian em 2008 no âmbito do Concurso Agir Ambiente e foi novamente implementado pelo Município da Moita em 2009, com co-financiamento do QREN (Financiamento ao abrigo das Parcerias para a Regeneração Urbana / Operação de Consolidação da Valorização Integrada da Zona Ribeirinha – Da Caldeira da Moita à Praia do Rosário).
A concretização do objectivo de travar a perda de biodiversidade requer medidas e acções urgentes a vários níveis. O que comemos, o que fazemos e a maneira como vivemos tem impacte directo ou indirecto na natureza e biodiversidade, sobre as espécies selvagens ou cultivadas, algumas delas em vias de desaparecimento, e com elas um conjunto de serviços que prestam à natureza ou à humanidade, e no caso das variedades cultivadas, a potencial perda de sabores magníficos. Neste projecto, que vai na segunda edição, procura-se mostrar que é possível trabalhar esses temas a nível local, envolvendo parceiros da sociedade civil e a comunidade escolar.
Tendo em conta os objectivos expostos acima, este projecto engloba três vertentes: (1) Biodiversidade local e regional; (2) Consumo e biodiversidade; e (3) Biodiversidade agrícola.
A Quercus, através do seu Núcleo Regional de Setúbal, tem vindo a colaborar neste projecto desde o seu início, dinamizando as acções relacionadas com a primeira vertente, cujo objectivo é dar a conhecer a biodiversidade existente na área do concelho da Moita e na região envolvente, junto das escolas, dando destaque à zona ribeirinha.
Num conjunto de três visitas de campo, os alunos contactam com os habitats e a sua relação com a actividade humana, bem como com a fauna e flora, nomeadamente a vegetação de sapal, os invertebrados, os peixes e as aves. Neste ano lectivo participaram 8 turmas, das escolas básicas do 2º e 3º ciclos D. João I e Mouzinho da Silveira e ainda a Escola Secundária da Moita. Estas escolas foram convidadas a participar neste projecto no âmbito do seu envolvimento no programa Eco-Escolas.
O Núcleo de Setúbal da Quercus dinamizou visitas ao antigo Posto de Depuração de Ostras do Tejo, na Freguesia do Rosário, no Concelho da Moita, para abordagem à ecologia do estuário, invertebrados e peixes. Uma outra visita levou os alunos à salina da Fundação Gonçalves Júnior, em Alcochete, a única actualmente a laborar no Estuário do Tejo, onde tiveram oportunidade de ver o trabalho dos salineiros, mas também os ninhos dos perna-longas e dos borrelhos-de-coleira-interrompida nas barachas (caminhos) da salina. Esta visita terminou no Pólo das Hortas, a porta de entrada da Reserva Natural do Estuário do Tejo, também em Alcochete, onde, para além de uma breve pausa para observação da avifauna e da vegetação do sapal, se assistiu ainda a um vídeo sobre a Reserva Natural.
Foi pedido aos alunos que colocassem trabalhos sobre o Estuário do Tejo e a Biodiversidade num blogue relativo ao projecto. Esses trabalhos encontram-se publicados na internet e podem ser visualizados no endereço http://biolocal2010.blogspot.com/.
Espera-se deste modo contribuir para aumentar a sensibilização do público escolar para os problemas que se colocam à biodiversidade. O ver de perto, o tocar e o cheirar, em suma o contacto directo com as espécies e os habitats, permite criar uma outra percepção e uma empatia com a protecção da biodiversidade e do ambiente nas gerações que decidirão os destinos do planeta num futuro já não muito distante.
A Direcção do Núcleo Regional de Setúbal