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A agricultura industrializada

A agricultura industrializada é caracterizada pela mecanização do trabalho agrícola e a dependência de factores de produção externos, alheios à exploração agrícola, tal como combustíveis fósseis, fertilizantes e pesticidas. A modernização da agricultura, que corresponde à industrialização da agricultura, baseia-se na perspectiva de que o sector agrícola não difere significativamente de outras indústrias, sendo necessário racionalizar o uso de recursos com vista a alcançar uma maior eficiência nos processos de produção.

 

História da industrialização agrícola

Esta racionalização foi envisionada e justificada com base numa ciência reduccionista, que procurou encontrar soluções universalmente aplicáveis, ignorando a complexidade das condições locais e a necessidade de adaptar os novos conhecimentos e tecnologias às condições do local onde haviam de ser implementados, para que o desenvolvimento fosse harmonioso.

Durante o processo de modernização agrícola, as tecnologias tradicionais são substituidas por tecnologias industriais, produzidas fora da comunidade rural. Simultâneamente o conhecimento local é subsituido pelo conhecimento científico, também este proveniente sobretudo do exterior da comunidade rural. Cria-se assim uma situação de dependência crescente da comunidade rural do exterior, de factores sobre os quais a comunidade rural não tem controlo. A introdução de tecnologias e conhecimentos externos, não adaptados às condições ecológicas e sociais locais, desencadeou a erosão da cultura camponesa, com consequente homogenização sociocultural, provocando degradação ambiental ao nível das explorações agrícolas.

A industrialização da agricultura foi fortemente impulsionada após a segunda guerra mundial, no que veio a ser conhecido como “Revolução verde”, através da introdução de políticas que visionavam o aumento da produção agrícola, com o objectivo de alcançar a segurança alimentar, em regiões onde persistia o racionamento de alimentos e a fome. Na altura da guerra-fria a auto-suficiência agro-alimentar era considerada fundamental na Europa, para garantir a estabilidade e indepedência de cada país.

A industrialização da agricultura aumentou a produtividade agrícola significativamente, levando à produção de excedentes, apesar do crescimento populacional verificado. No entanto, este sucesso trouxe consigo consequências sociais e ambientais nefastas.

 

 

Pesticidas

Além da indústria de armamento apenas a indústria agroquímica de produção de pesticidas tem como objectivo produzir materiais ou substâncias mortíferas. Pesticida é o nome genérico dado às substâncias que visam matar organismos indesejados, podendo ser agrupados em herbicidas, fungicidas, insecticidas, etc, de acordo com o grupo de organismos alvo (ervas/plantas, fungos e insectos, nestes casos).

A maioria dos pesticidas contém substâncias activas que interferem com vias metabólicas fundamentais ou processos fisiológicos vitais. Estas vias metabólicas e estes processos fisiológicos são comuns a uma grande diversidade de organismos, pelo que os pesticidas geralmente não são muito selectivos na sua actuação destrutiva. Isto significa que, para além de um dado pesticida eliminar uma espécie de praga, elimina todos os bichos ou ervas minimamente parecidos à praga. Um fungicida, por exemplo, não mata apenas o fungo que ataca as folhas de uma planta, mas também as micorrizas, que são constituídas por fungos altamente benéficos e importantes para o desenvolvimento normal da maioria das plantas.

Os pesticidas estão também associados a resurgências de pragas e ao desenvolvimento de resistências nas pragas. Como a maioria dos pesticidas não são muito selectivos, frequentemente a aplicação de um pesticida não elimina apenas a praga, mas tambêm os seus inimigos naturais (predadores, parasitas). As pragas podem reproduzir-se mais rapidamente e são mais abundantes que os seus inimigos naturais e assim, as pragas podem reaparecer com maior pujança após a aplicação de pesticidas, obrigando a um uso cada vez mais frequente de pesticidas e em doses mais elevadas. No entanto, existem diversos mecanismos através dos quais as pragas podem desenvolver resistências aos pesticidas! Por isso é necessário desenvolver-se constantemente novos pesticidas e novos cultivares resistentes.

Mesmo em condições de produção agrícola muito controlados, resíduos de pesticidas podem permanecer no meio, ser lavados para a água e absorvidos pelas plantas passando para os alimentos em quantidades sub-letais. Um estudo avançou a ideia de que os custos associados aos problemas de saúde e de descontaminação de águas, provocados pelos pesticidas, são maiores do que os custos que estariam associados às pragas no caso de não se aplicar pesticidas.

A Organização Mundial da Saúde (WHO) calculou recentemente que todos os anos aproximadamente 25 milhões trabalhadores agrícolas sofrem intoxicações devido a pesticidas, dos quais 20.000 casos são mortais.

 

Fertilizantes

A redução da disponibilidade de nutrientes nas terras agrícolas, devidas quer à exportação de nutrientes contidos nos produtos agrícolas, quer à eliminação de resíduos orgânicos das terras aráveis após a colheita, quer devido à erosão do solo, foi remediada com a aplicação de fertilizante sintéticos. Os adubos de origem animal foram substituidos gradualmente, à medida que as explorações se foram especializando, ou em produção vegetal ou em pecuária. O que levou ao advento do problema de falta de nutrientes numas e excesso de nutrientes em outras explorações.

 

Os adubos químicos são constituídos sobretudo pelos 3 macronutrientes Azoto (N), Fósforo (P) e Potássio (K). A adubação com produtos sintéticos é geralmente excessiva em relação à capacidade de absorção das plantas. A porção dos fertilizantes que não é absorvida pode alterar a comunidade biótica do solo e ser lixiviada para os cursos de água superficiais ou freáticos. O fosfato é relativamente imóvel no solo, mas o Azoto é lavado facilmente pela água da chuva, podendo provocar eutrofização. A eutrofização consiste num crescimento excessivo de algas e outros microorganismos aquáticos, devido ao excesso de nutrientes. Este crescimento excessivo de certas espécies altera a composição ecológica do sistema aquático e pode consumir o Oxigénio dissolvido na água rapidamente, provocando a morte da maioria dos seres vivos aquáticos.

Os fertilizantes facilmente solúveis alteram também o equilíbrio osmótico entre a raiz das plantas e a solução do solo e alteram a proporção relativa de nutrientes disponíveis para o crescimento vegetal, podendo provocar o crescimento desequilibrado da planta (como por exemplo crescimento rápido em altura, produzindo colmos demasiado frágeis para suportar o peso da espiga).

Os fertilizantes em excesso no solo podem também ser acumulados nas plantas acabando por contaminar os alimentos, constituindo, desta forma, a causa de variados problemas de saúde. A relação entre o excesso de nitratos (resultantes da fertilização azotada) e alguns tipos de câncro já foi claramente estabelecida.

 

Consumo de combustíveis fósseis

A mecanização do trabalho agrícola resultou num aumento do consumo de combustíveis fósseis nas explorações agrícolas, aumentando a contribuição das mesmas para a alteração da composição da atmosfera, através da emissão de CO2.

Para mais, o uso crescente de combustíveis fósseis na produção agrícola, reduziu imenso a eficácia energética das mesmas. Isto é, os gastos energéticos na produção de alimentos estão cada vez mais próximos de ultrapassarem o conteúdo energético contido nos próprios alimentos produzidos. Pretty (1995) calculou que cada Kg de cereais produzidos convencionalmente consome 3-10 MJ de energia, enquanto que a mesma quantidade de cereais pode ser produzida usando entre 0.5-1 MJ usando práticas agrícolas menos exigentes em termos de energia.

 

Declínio da fertilidade do solo

A mecanização agrícola é também responsável pela aceleração da degradação do solo. Especialmente a mobilização intensiva do solo provoca erosão, ainda mais grave quando associada a precipitação forte e a falta de vegetação que cubra o solo.

 

A erosão do solo reduz o conteúdo em matéria orgânica do solo, reduz a disponibilidade de nutrientes para as plantas, reduz a capacidade de retenção de água do solo e altera a comunidade biótica do solo, levando, em última análise, a um declínio da fertilidade do solo, que pode chegar até ao ponto da desertificação.

 

O problema da redução da fertilidade do solo, associada frequentemente à agricultura convencional, é particularmente grave, dado que a formação do solo tem que ser contada em tempo geológico, levando centenas, se não milhares de anos para ser reposta. No entanto, a fertilidade do solo pode ser destruída em poucos anos de gestão inadequada do solo.

Nos últimos 50 anos a gestão adequada do solo não era rentável, pois a redução da fertilidade do solo, devido à erosão, pôde ser superada em grande parte pela aplicação de fertilizantes sintéticos baratos (frequentemente subsidiados, no caso da actual União Europeia) (Tietenberg, 2000).

 

Biodiversidade

 

A agricultura industrializada é considerada uma das maiores ameaças à conservação da biodiversidade. A informação mais detalhada que existe trata do declínio da diversidade e abundância de aves ao longo da industrialização agrícola. A agricultura industrializada reduz a diversidade da paisagem, pois para que a aquisição de máquinas seja rentável e o cultivo mais “eficiente” em termos económicos, aumentou-se progressivamente as áreas homogéneas, em que apenas um cultivar é produzido (monoculturas extensas). A maioria dos animais precisam de habitats diversos para satisfazer as suas diferentes necessidades vitais (esconderijos, áreas para alimentação, etc). Um paul sossegado e limpo não assegura a sobrevivência dos patos, se não existem áreas de pastagem por perto. A agricultura industrializada reduz a diversidade de habitats, leva à degradação da sua qualidade e à sua fragmentação.

 

 

 


 

Bibliografia:

Sedlmayr, A. (2005). Agriculture in Developed Countries: How could it become more sustainable? Essay não publicado, Universidade de Essex.

Pretty, J. (1998). The Living Land. Agriculture, food and Community Regeneration in Rural Europe. Erathscan, London.

Tietenberg, (2000). Reproducible Pirvate Property Resources: Agriculture. In Tietenberg, T., Environmental and Natural Resource Economics. 5ª Edição, Addison-Wesley, Harlow, England.