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Renováveis, consumo e emissões

Quercus faz análise dos dados de produção e consumo de electricidade em 2008:

 

– Portugal pouco renovável: políticos usam valor corrigido para parecer mais

– Aumento do consumo de electricidade volta a crescer mais que PIB

– Emissões de gases com efeito de estufa descem apesar de produção térmica até subir

 

A Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza recorreu aos dados disponibilizados pelas Redes Energéticas Nacionais (REN) relativos à totalidade do ano de 2008 e às estatísticas rápidas da Direcção Geral de Energia e Geologia (DGEG) para efectuar uma análise da componente electricidade no contexto da política energética de Portugal.

 

Portugal está sujeito a uma enorme variabilidade climática com incidência quer no recurso à produção de electricidade a partir de fontes renováveis (em particular à hídrica), quer nas necessidades de aquecimento e arrefecimento, nos sectores doméstico e de serviços, que condicionam o consumo. Estes factos são determinantes dado que o ano de 2008 se revelou seco e não demasiado quente durante o Verão.

 

Entre os aspectos mais pertinentes da análise efectuada está o facto do consumo de electricidade continuar a crescer, mas a um ritmo muito mais lento. Em 2006 o consumo de electricidade tinha aumentado 2,6%. Em 2007 o aumento foi de 1,8% e em 2008 foi de apenas 1%. No entanto este aumento foi superior ao PIB que se deverá situar na casa dos 0,3%.

 

No entender da Quercus, esta redução do aumento do consumo deve-se a um conjunto de factores que é difícil individualizar mas que se prendem com:

 

– o clima ameno que se verificou no ano de 2008, com um Inverno (Janeiro a Março de 2008) pouco frio e um Verão menos quente que o habitual, conduzindo a menores necessidades de consumo de electricidade para efeitos de climatização e que pesam muito no consumo de electricidade;

– maior conservação de energia no sector doméstico e nos serviços através de mudanças de comportamentos, motivada principalmente por razões e/ou dificuldades económicas que obrigam à poupança mas também por uma maior sensibilidade ambiental;

– maior eficiência energética de novos equipamentos.

 

Portugal pouco renovável: políticos usam valor corrigido para parecer que peso de renováveis é maior

 

Portugal tem uma meta a cumprir de produção de energia eléctrica por fontes renováveis, fixada pela Directiva 2001/77/CE em 39%, a cumprir no ano 2010, tendo este Governo em 2007 subido a fasquia para 45%. Para esta meta, e de acordo com a Directiva, o ano base considerado foi 1997, um ano húmido onde a produção de electricidade pelas barragens portuguesas atingiu mais 22% que o considerado ano médio. O denominadoíndice de produtibilidade hidroeléctrica (IPH) em 1997 foi assim de 1,22.

 

Desde aí, e de uma forma discutível que não nos parece estar salvaguardada na legislação comunitária ao contrario do que acontece com outros países como a Suécia, a produção de energia hidroeléctrica é corrigida para o ano de 1997 (dividindo-se o IPH real por 1,22) e depois ainda corrigida para um ano médio (dividindo-se a produção hidroeléctrica real pelo IPH verificado). Curiosamente de 2000 a 2008, só num ano (2003) se atingiu a mesma produtibilidade que em 1997. Tal faz com que em anos secos (como 2007 e 2008), onde a produção hidroeléctrica foi reduzida, o valor final de produção para efeitos de cálculo da percentagem de renováveis seja muito mais elevado.

 

Assim, em vários discursos tem sido frequente o uso do peso da energía renovável após a correcção e nunca o real, inflaccionando muito o valor efectivamente verificado (e que também a Quercus gostaria que fosse mais alto). Ainda no passado dia 5 de Janeiro, o Primeiro-Ministro, José Sócrates, referiu que as renováveis representam cerca de 42% da energia eléctrica consumida. No entanto, de acordo com os dados mais actuais da DGEG relativos ao período entre Novembro de 2007 e Outubro de 2008, o valor real é de apenas 26,7%, sendo o valor corrigido de acordo com a metodologia questionável descrita anteriormente, de 43% (mais de 16% acima do real).

 

 

Os principais indicadores seleccionados / calculados pela Quercus

 

– O aumento do consumo de electricidade baixou de 1,8% em 2007 para 1% em 2008.

 

– O aumento do consumo de electricidade (1%) foi superior ao crescimento do PIB (0,3%), ao contrário de 2007, a excepção dos últimos seis anos em que tinha sido mais baixo.

 

– A produção de energia hidroeléctrica baixou 30% em relação a 2007, contribuindo em 14% para o total de electricidade consumida. A produção de energia hídrica em 2008 (7100 GWh) foi o mais baixo desde 2000, contribuindo com 47% da electricidade renovável total produzida.

 

– A produção de electricidade por fontes renováveis passou de 30,7% em 2007 para apenas 26.7% (este último correspondente no entanto ao ano móvel que termina em Outubro de 2008 inclusive).

 

– A energia eólica continua a ganhar peso na produção de electricidade. Nos últimos 5 anos (2004-2008) a produção eólica cresceu 86%. Em 2006 a energia eólica cresceu 67%, em 2007, 38%, e em 2008 cresceu 42%. No contexto da produção de electricidade a partir de fontes renováveis, a energia eólica representou cerca de 38% da produção em 2008.

 

– Enquanto no final de 2006 as albufeiras se encontravam a 75% do seu armazenamento máximo, em Dezembro de 2007 o valor era dos mais reduzidos nos últimos anos (45% da sua capacidade máxima). Em 2008, este valor voltou a repetir-se: as albufeiras no final de Dezembro estavam a 47% da sua capacidade total de armazenamento.

 

– A energia fotovoltaica começa a ter um peso crescente no cenário da produção de energia renovável mas ainda praticamente irrelevante. Em 2008 ainda representava apenas 0,25% da produção total de energia renovável. Para este facto contribui o alto investimento necessário para a produção centralizada de energia fotovoltaica.

 

– Em 2008 Portugal praticamente deixou de exportar electricidade e o saldo importação/exportação aumentou 26% em relação a 2007, tendo o total de importação representado 18,7% do total de electricidade consumida.

 

– A Quercus estima para o total das principais centrais termoeléctricas uma redução de emissões de 700 mil toneladas de dióxido de carbono entre 2007 e 2008 (1,2% das emissões de gases com efeito de estufa do ano base de 1990 em termos de Protocolo de Quioto), apesar de uma maior produção de electricidade (mais 410 GWh em 2008). A principal razão prende-se com a diminuição do recurso à central termoeléctrica de Sines que queima carvão, combustível que apresentou preços muito elevados em 2008, e pela sua substituição em termos de produção por centrais mais eficientes de ciclo combinado a gás natural (Tapada do Outeiro e Ribatejo).

 

 

Lisboa, 15 de Janeiro de 2009

 

A Direcção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza