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Caravanas dos líderes percorreram em 12 dias um total de 27500 Km e emitiram mais de 37 toneladas de CO2

A Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza avaliou qualitativamente o peso ambiental das campanhas eleitorais para as eleições legislativas dos partidos/coligações com actual representação parlamentar (PS, PSD, CDU, BE e CDS/PP). Noutros países da Europa os recursos materiais utilizados e a poluição associada à campanha de cada partido ou coligação é uma matéria importante de escrutínio por parte dos eleitores, sinónimo de boa gestão e responsabilidade ambiental.

 

Em Portugal a Quercus verificou que apenas alguns partidos começam já a incorporar estas preocupações. Mais ainda, foi lastimável a displicência com que alguns partidos trataram o assunto: PS não se dignou a responder, PSD fez contacto mas inconsequente e CDU respondeu que não tinha disponibilidade. Apenas BE e CDS-PP tiveram uma curta reunião entre o director de campanha e a Quercus como era solicitado.

 

 

BE, CDS-PP e CDU com desempenho MÉDIO; PSD e PS com desempenho FRACO

 

A Quercus definiu um índice com os níveis “MUITO BOM”, “BOM”, “MÉDIO”, “FRACO” e “MUITO FRACO”, baseados em indicadores como:

 

– quilómetros percorridos em automóvel, autocarro, comboio e avião pela comitiva principal da campanha;

 

– eventual compensação de emissões de dióxido de carbono efectuadas;

 

– material de propaganda (tipo, quantidade);

 

– reciclagem de material de propaganda (cartazes em outdoors, por exemplo);

 

– recurso à internet e a outros meios sem recurso directo a materiais;

 

– locais escolhidos e limpeza de convívios/manifestações realizados durante o período da campanha.

 

 

A informação recolhida, para além da colaboração de voluntários da Quercus que reportaram ao longo do período oficial de campanha eleitoral os parâmetros em avaliação, passou por uma reunião com cada uma das direcções de campanha dos partidos/coligações e dos detalhes transmitidos, nomeadamente no que respeita aos materiais editados. Foram também ponderados os custos apresentados por cada um dos partidos/coligações junto da Entidade das Contas e Financiamentos Políticos nas rubricas “Propaganda, comunicação impressa e digital” e “Brindes e outras ofertas”.

 

De uma forma geral, a atribuição dos valores “MUITO BOM” e “BOM” foi excluída pelo facto de muito poder ser feito de modo a reduzir custos económicos e ambientais associados à campanha: utilização de veículos amigos do ambiente, recurso a partes do trajecto em transporte público, em particular ao comboio, compensação da poluição feita, recurso preponderante a materiais reutilizáveis e recicláveis. Assim, PS e PSD recebem da parte da Quercus uma classificação de FRACO, sendo que entre os dois partidos, apesar do mesmo valor de índice, se deve salientar uma performance pior do Partido Socialista em relação ao Partido Social Democrata (as emissões de dióxido de carbono do PS associadas à caravana do líder foram 2,5 vezes as emissões do PSD).

 

 

 

Análise dos aspectos principais relativos a cada um dos partidos/coligação:

 

 

 

PS (FRACO):

 

– displicência: não deu sequer resposta à possibilidade de receber a Quercus durante 30 minutos para discutir o peso ambiental associado à sua campanha;

 

– foi o partido que mais materiais produziu, muitos deles sem capacidade de reciclagem (os gastos previstos foram quase 9 vezes superiores aos declarados provisoriamente pelo BE);

 

– no período oficial de campanha, a caravana principal com o líder foi responsável pela emissão de cerca de 17 toneladas de dióxido de carbono (até à data de hoje, inclusive).

 

 

PSD (FRACO):

 

– não conseguiu organizar-se para reunir com a Quercus apesar de ter estabelecido um primeiro contacto;

 

– os gastos com propaganda, comunicação impressa e digital e de brindes e outras ofertas estiveram próximos do PS, muitos deles sem capacidade de reciclagem;

 

– no período oficial de campanha, a caravana principal com o líder foi responsável pela emissão de cerca de 8 toneladas de dióxido de carbono (até à data de hoje, inclusive).

 

 

CDU (MÉDIO):

 

– não conseguiu organizar-se para reunir com a Quercus alegando indisponibilidade de agenda;

 

– os gastos com propaganda, comunicação impressa e digital e de brindes e outras ofertas foram um pouco superiores aos do PS, mas a reutilização de materiais é mais marcante em comparação com PS e PSD;

 

– no período oficial de campanha, a caravana principal, pelo menor número de viaturas e respectiva tipologia, foi o que apresentou menor valor de emissões de dióxido de carbono ( 3,7 toneladas até à data de hoje, inclusive).

 

 

 

CDS-PP (MÉDIO):

 

– a oferta de brindes e outros elementos foram muito limitados, e foi o partido com menor número de outdoors instalados;

 

– no período oficial de campanha, a caravana principal com o líder foi responsável pela emissão de cerca de 4,3 toneladas de dióxido de carbono (até à data de hoje, inclusive).

 

 

 

BE (MÉDIO):

 

– nos almoços e jantares-comício proporcionou a possibilidade de refeições vegetarianas, com baixa pegada ecológica associada;

 

– não ofereceu brindes e houve alguma preocupação nos materiais de propaganda utilizados;

 

– no período oficial de campanha, a caravana principal com o líder foi responsável pela emissão de cerca de 4,5 toneladas de dióxido de carbono (até à data de hoje, inclusive), sendo que a viagem de helicóptero que efectuou, mesmo para denunciar o problema das pedreiras na Arrábida, era dispensável na opinião da Quercus.

 

 

 

Pegada carbónica / ecológica: PS foi o pior, emitindo o dobro do PSD e cerca de quatro vezes mais que os restantes

 

A Quercus, numa parceria com a RTP, calculou, com base nos trajectos, para o período oficial de campanha, e conhecendo o número de viaturas usadas, tipo de viaturas, ou recurso a outro meio de transporte (avião, comboio, helicóptero), o total de emissões poluentes (de dióxido de carbono) associadas às deslocações da caravana principal dos cinco partidos/coligações com representação parlamentar.

 

O PS, ao utilizar um camião para transporte de material e geralmente cerca de 14 viaturas ligeiras, aos quais se acrescenta uma ida aos Açores e uma passagem por Paris, foi o partido com maior pegada ecológica, emitindo até à data de hoje cerca de 18 toneladas de CO2 num trajecto total de aproximadamente 8000 Km. A CDU, com 3 automóveis ligeiros e uma carrinha, apesar de ter até hoje percorrido 4166 Km, mais mil que o CDS-PP, apresentou as emissões mais baixas, num total de 3,7 toneladas, por usar menos viaturas em relação a este último.

 

Numa altura em que a preocupação com as alterações climáticas é grande, e apesar da redução de emissões de gases com efeito de estufa ser mais importante que a sua compensação, esta última poderia ser voluntariamente efectuada pelos partidos/coligações, o que nenhum fez.

 

 

Lisboa, 24 de Setembro de 2009

 

 

A Direcção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza