Com o aumento das temperaturas torna-se muito provável a ocorrência de níveis elevados de poluição por ozono. Ontem, dia 5 de Julho, ocorreram 8 excedências ao limiar de informação ao público, 6 na região centro e 2 na região de Lisboa e Vale do Tejo, mas a informação não está a chegar às populações. Nos próximos dias, com a manutenção de temperaturas elevadas, é provável que ocorra a formação de níveis elevados de ozono pelo que é fundamental que o sistema de alerta à população funcione de forma efectiva.
O ozono é um poluente secundário que se forma a partir de outros poluentes como os óxidos de azoto (emitidos pelos tráfego rodoviário e pela combustão na indústria) e os compostos orgânicos voláteis (emitidos pelo tráfego rodoviário e também por determinado tipo de espécies florestais). A formação de ozono é condicionada por forte radiação solar e elevadas temperaturas, pelo que as condições meteorológicas desta semana podem ser determinantes, associadas à emissão dos poluentes primários que conduzem à formação de ozono à superfície.
Os efeitos na saúde à exposição de curto prazo a elevadas concentrações de ozono passam por danos aos pulmões e inflamação das vias respiratórias, aumento da tosse e maior probabilidade de ataques de asma. São particularmente os grupos sensíveis (crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias) que podem sofrer consequências mais graves. Quando se verificam elevadas concentrações as precauções passam por permanecer em casa ou noutros locais fechados e não fazer actividade física intensa.
De acordo com a legislação há dois limiares de informação obrigatória à população:
– o limiar de informação ao público, quando se verifica um valor horário de ozono superior a 180 μg/m3, devendo as precauções ser tomadas pelos grupos sensíveis;
– o limiar de alerta do público, quando se verifica um valor horário de ozono superior a 240 μg/m3, devendo as precauções ser tomadas por toda a população.
Quercus exige articulação entre entidades regionais do Ministério do Ambiente, a protecção civil e a comunicação social – avisos CONTINUAM A NÃO chegar às populações
A população pode consultar os níveis de ozono medidos através da rede de monitorização de qualidade do ar no site do Ministério do Ambiente www.qualar.org. Porém, é obrigação das entidades regionais do Ministério (as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional) avisarem as outras autoridades e a população através da comunicação social, situação que continua a revelar falhas, principalmente ao fim de semana e em horários pós-laboral.
As concentrações mais elevadas verificam-se em geral da parte da tarde, na sequência da transformação dos poluentes emitidos durante a manhã e devido às reacções químicas que ocorrem devido à intensa radiação solar e temperatura.
Como as ultrapassagens aos limiares têm um curto período (entre uma hora a algumas horas) os avisos têm de ser rápida e eficazmente transmitidos à população. Isso só pode ser feito através das rádios nacionais, rádios locais e televisões com uma forte componente de informação. Infelizmente isso não está a acontecer e as populações não estão a ser avisadas como seria de esperar. Tal deveria ser enquadrado por um sistema que obrigasse determinados órgãos chave da comunicação social a transmitir estes avisos à semelhança do que acontece noutros países.
Lisboa, 6 de Julho de 2010
A Direcção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza