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Relatório do IPCC sobre impactes das alterações climáticas revela futuro ameaçador para a Europa

alteracoes climaticasO Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC) é o organismo criado pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP) e a Organização Meteorológica Mundial (OMM) em 1988 para fornecer ao mundo uma visão científica clara sobre o estado atual do conhecimento em alterações climáticas e seus potenciais impactos ambientais e socioeconómicos.

Envolvendo no total alguns milhares de cientistas / peritos, este Painel é fundamental para fundamentar as políticas climáticas à escala global e de cada um dos países. Em setembro de 2013 foi apresentado o primeiro de três grupos de trabalho do 5º relatório de avaliação, sendo o último conhecido em outubro de 2014. Com a divulgação do primeiro grupo de trabalho, ficaram conhecidos os impactes físicos das alterações climáticas, desde o aumento da temperatura às condições meteorológicas extremas, passando pela subida do nível do mar, bem como de que forma estes efeitos poderão mudar em diferentes cenários de emissões.

Hoje, dia 31 de março, segunda-feira, em Yokohama no Japão, o segundo grupo de trabalho apresentou a forma como os impactos físicos referidos anteriormente se relacionam com a exposição e a vulnerabilidade de uma população, produzindo um risco para a sociedade.

As quatro conclusões base e temas-chave deste segundo grupo de trabalho são:

–    Os riscos são reais, variados e de grande alcance;
–    A incerteza sobre a gravidade dos impactos não é motivo para atrasar a ação;
–    As comunidades pobres e marginalizadas serão as mais atingidas;
–    Não há uma solução única de adaptação ao clima que sirva todos; para alguns impactes não será viável a adaptação.


As mensagens principais do relatório

– O aquecimento da terra e dos oceanos é inequívoco, sendo atualmente motivado pelas alterações climáticas e em grande parte causado pela atividade humana. Em muitos locais do mundo já se estão a verificar eventos meteorológicos extremos mais frequentes e intensos; falhas na disponibilidade de água; mudanças na oferta de alimentos; impactos adversos para a saúde; degradação de habitats; declínio na produção agrícola; migração de espécies com tendência para a sua extinção em alguns casos.

– A compreensão dos cientistas sobre os riscos atuais e emergentes associados às alterações climáticas é cada vez maior; por outro lado, os impactes das temperaturas crescentes sobre o crescimento económico, a segurança alimentar, as desigualdades económicas, sociais e culturais e a redução da pobreza, são profundos.

– Os países em desenvolvimento e as comunidades rurais tendem a ser os mais atingidos devido aos impactes na produção de alimentos, meios de subsistência e economias locais. Muitas populações de todo o mundo são altamente vulneráveis ao aquecimento global, mesmo que inferior a dois graus em relação aos níveis pré- industriais.

– As próximas décadas até 2040 correspondem à era da “responsabilidade climática”, e a incerteza não é razão para se atrasar a ação climática. O relatório do segundo grupo de trabalho destaca um número de direções futuras que poderão tomar o desenvolvimento e os impactes das alterações climáticas; as medidas que tomamos agora irão determinar o quão capazes somos de minimizar os cenários mais negativos. É também claro que, no que respeita às alterações climáticas, é mais barato agir já do que adiar.

Tendências e Impactos na Europa

Os impactes acima listados são apenas uma amostra selecionada dos mencionados no relatório, mas mostram quão prioritária deve ser a consciência e a ação dos políticos e dos cidadãos em relação às alterações climáticas.

Portugal e o Sul da Europa

– O risco de incêndios florestais e em particular de mega-incêndios vai continuar a aumentar, juntamente com o risco de vendavais. No Sul da Europa, a frequência de incêndios e a extensão dos fogos aumentou significativamente após 1970 devido à acumulação de combustível, mudanças climáticas e eventos meteorológicos extremos, assim como à falta de políticas florestais adequadas. Os ventos fortes durante períodos quentes e secos levaram, em 2010, a perdas substanciais em países como França, Grécia, Itália, Portugal, Espanha e Turquia.

– Em todos os cenários, as inundações costeiras vão afetar entre centenas de milhares e 5,5 milhões de pessoas, principalmente no Sul e Norte da Europa, se não houver um esforço de adaptação. Os custos diretos poderão atingir 17 mil milhões de euros anuais.

– O turismo de Verão no Mediterrâneo (e o turismo de Inverno) nas montanhas e irá diminuir com o aumento da temperatura.

– No sul da Europa, as condições de saturação e drenagem associadas às chuvas ficarão restritas apenas a determinados períodos no Inverno e na Primavera.

Toda a Europa

– O Norte da Europa e a zona central do Reino Unido continuarão a ser fortemente afetadas pelas cheias, atingindo mais do dobro dos atuais danos anuais. Considerando os impactes das inundações no crescimento económico, os danos causados pelas cheias na Europa poderão aumentar 17 vezes num cenário de aumento de temperatura de 5,5 ºC.

– A Europa é um fornecedor global de alimentos; a segurança alimentar global será afetada pela queda na produtividade relacionada com as alterações climáticas, incluindo doenças e fungos.

– O valor das florestas da Europa poderá cair até várias centenas de milhares de milhões de euros, e a incidência de escaravelhos da madeira, fungos e doenças deverá aumentar.

– As temperaturas mais quentes no mar e a acidificação dos oceanos terá impacte nas pescas e indústria do mar.

– As alterações climáticas têm afetado e continuarão a afetar todos os aspetos da biodiversidade na Europa, incluindo o tempo de migração de primavera das aves e a sua época de reprodução. Prevê-se que os habitats adequados para aves nidificantes da Europa se desloquem quase 550 km até o final do século.

– Até 9% dos mamíferos estão em risco de extinção e até 78% podem ser seriamente ameaçados.

– Atualmente, uma nova espécie proveniente de locais afastados chega ao Mar Mediterrâneo a cada 4-5 semanas. Esta taxa vai aumentar ao longo do tempo.


É preciso mais ação europeia

Depois do impasse no Conselho Europeu de 20 e 21 de Março, que remeteu todas as decisões importantes relacionadas com a política climática (metas para 2030 de redução de emissões, energias renováveis e eficiência energética) para outubro, atrasando o processo de negociação tendente a um acordo global a assinar em Paris em dezembro de 2015, o alerta do relatório sobre os impactes no continente deveria fazer aumentar a pressão política relativamente a este tema.

As previsões dramáticas para o futuro da Europa estabelecidas neste relatório deverão incentivar a União Europeia e todos os governos dos Estados-Membros à ação. Perante a iminência de efeitos catastróficos da seca, conflitos de alimentos, incêndios florestais, inundações e extinções, estamos perante num risco grande demais para as populações e os ecossistemas da Europa.

A União Europeia deve construir um pacote climático e energético o mais forte possível para o período pós-2020, incluindo metas obrigatórias para as emissões de gases de efeito estufa, as energias renováveis e a poupança de energia.

A Quercus apela, assim, ao Governo Português e aos restantes líderes europeus para levarem adiante uma nova proposta mais ambiciosa e a tempo da Cimeira sobre alterações climáticas com o Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, a ter lugar a 23 de setembro.

O Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) adverte que é necessária uma redução imediata das emissões de gases de efeito estufa para evitar passar o limite de aquecimento global de 2 graus Celsius, com o qual a União Europeia e todas as outras nações se comprometeram em Copenhaga. A ambição climática europeia não mudou nos últimos cinco anos e sua proposta de 40% das reduções de emissões em 2030 não é uma garantia de que vamos ficar abaixo de um aquecimento de 2 graus Celsius.

A União Europeia deve também aumentar imediatamente o financiamento climático para ajudar os países em desenvolvimento na adaptação às alterações climáticas e manter as promessas feitas na Conferência das partes em Cancun em 2010. Esse resultado pode ser alcançado de imediato, por exemplo, cortando subsídios atualmente existentes para as indústrias utilizadoras de combustíveis fósseis.

Lisboa, 31 de março de 2014

A Direção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza