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Níveis de ruído no Metropolitano de Lisboa podem afetar saúde dos utentes

Medições feitas pela Quercus com métodos expeditos revelam


metroUm estudo realizado pela Quercus durante o segundo semestre de 2014, a partir da análise de um conjunto de medições feitas nas quatro linhas do Metropolitano de Lisboa, concluiu que a exposição ao ruído neste meio de transporte coletivo de elevada utilização pode trazer consequências para a saúde dos utentes.

Entre agosto e setembro de 2014, a Quercus procedeu a uma avaliação limitada do ruído no Metropolitano de Lisboa, de modo a averiguar os valores a que estão expostos diariamente os passageiros nos percursos das quatro linhas (Verde, Amarela, Vermelha e Azul).

Tendo por base os tempos de exposição recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela agência americana Environmental Protection Agency (EPA), verificou-se, para todos os percursos um nível médio de ruído superior a 80 dB(A). Este facto pode representar um fator de risco para a saúde dos passageiros (com particular incidência em alguns grupos de risco, como crianças e idosos), e também dos operadores do metropolitano. Fatores como o volume de tráfego, a manutenção e a qualidade acústica das infraestruturas e das carruagens ou ainda a amplificação do ruído por ser um canal confinado aumentam os impactes associados à exposição.

Metodologia utilizada

As medições foram realizadas através da aplicação NoiseTube para smartphones Android. De forma a garantir a fiabilidade da monitorização, foram feitas em alguns troços medições complementares com recurso a um sonómetro Brüel & Kjær 2260 Investigator calibrado e certificado, o que permitiu o controlo da qualidade dos valores medidos através do telemóvel, em linha com trabalhos científicos semelhantes realizados anteriormente. Foi feito um trabalho preliminar de medições em alguns troços, concluindo-se que não havia diferenças significativas entre valores de medições repetidas em iguais condições.

Neste sentido, pode-se afirmar que a metodologia utilizada foi rigorosa, havendo apenas um fator diferenciador que poderia ser relevante: a ocupação das carruagens. Assim, considerou-se que duas viagens em cada sentido e por cada linha do metropolitano, abrangendo um período de acalmia (10:00-12:00 e 14:30-16:30) e um período de hora de ponta (8:00-9:00 e 17:00-19:00) seriam suficientemente representativas. As medições foram efetuadas em contínuo ao longo de cada trajeto, tendo sido possível, através do registo dos tempos de paragem nas estações, analisar os resultados quer em termos globais, quer de forma detalhada.

Os troços mais ruidosos

A metodologia utilizada permitiu concluir que os troços mais sujeitos a elevados níveis sonoros foram Cais do Sodré–Rossio, Cidade Universitária–Entrecampos, Senhor Roubado–Ameixoeira, Chelas–Oriente, e Pontinha–Carnide, nos quais o valor ultrapassou na maioria dos casos os 85 dB(A). No troço mais recente da rede – entre as estações do Oriente e do Aeroporto – foram registados níveis sonoros médios superiores a 84 dB(A) em todas as medições.

A relação entre os níveis de ruído e o tempo de exposição foi estudado pelas agências americanas National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH) e Occupational Safety and Health Administration (OSHA). A OMS e a EPA determinaram igualmente os tempos de exposição máximos de forma a salvaguardar a maioria dos indivíduos de qualquer perda auditiva.

tabela ruido metro lx
A ausência de legislação nacional e comunitária sobre os limites de ruído a que os utentes dos transportes coletivos deveriam estar expostos, nomeadamente no caso do metropolitano, confere uma falha relevante em termos de saúde pública e ocupacional.

Os efeitos na saúde

A partir dos 70-75 dB(A), o corpo humano começa a ter reações físicas ao ruído – sejam físicas, mentais ou emocionais. Uma exposição de média-longa duração a um ruído intenso pode potenciar problemas como zumbidos nos ouvidos, aumento da produção de adrenalina, contração dos vasos sanguíneos, aumento da pressão sanguínea e do ritmo cardíaco. As consequências imediatas traduzem-se em dificuldades na comunicação, concentração, fadiga e desconforto. No ruído ocupacional, os prejuízos para a audição aumentam em função da idade e do tempo de exposição. Verifica-se um risco ligeiramente maior para trabalhadores expostos a ruído entre os 80-84 dB do que abaixo dos 80 dB. No campo das alterações comportamentais, pode ocorrer cansaço, desejo de isolamento, redução do comportamento de ajuda e altruísmo, aumento da agressividade, irritabilidade e baixa tolerância à frustração.

Conclusões

•    Os níveis de ruído a que os passageiros do Metropolitano de Lisboa se encontram expostos não ultrapassam os limites recomendados pela NIOSH e OSHA.
•    Porém, em nenhuma das medições efetuadas o ruído no interior das carruagens cumpre o nível médio estabelecido de Leq. (1) de 75 dB(A) por percurso do New York City Noise Code.
•    A conjugação da exposição ao ruído dentro das carruagens de metro com a exposição ao ruído ambiente poderá representar um risco para a saúde numa cidade como Lisboa. Entre estações contínuas foram verificados vários troços em que os valores de ruído médio são superiores a 85 dB(A), refletindo um maior risco para quem circula com frequência nesses troços.
•    Na maioria dos troços das quatro linhas, os níveis de ruído são muito próximos, independentemente do sentido em que a carruagem circula. Este fator poderá indiciar uma elevada influência da infraestrutura do túnel nos níveis de ruído registados.
•    A idade das composições é um fator a não menosprezar, sendo que as mais recentes datam já do ano de 2000.

Recomendações – Medidas de controlo de ruído

•    Correta insonorização do habitáculo da carruagem;
•    Introdução de rodas com melhor capacidade de amortecimento (redução do ruído de circulação até 2 dB e do ruído de squeal em curvas apertadas entre 10 e 20 dB);
•    Adoção de sistemas de ventilação mais silenciosos;
•    Em futuras extensões da rede, minimizar o impacte da infraestrutura do túnel na propagação do ruído, pela variação da forma e a escolha de materiais que permitam uma maior absorção do ruído.
•    Acompanhamento e monitorização mais detalhados do ruído nesta infraestrutura de transporte coletivo, que, do ponto de vista ambiental, é das que merece maior prioridade face ao elevado número de passageiros transportados, rapidez e reduzidas emissões indiretas de poluentes associadas, questões a que devem também ser associadas garantias de saúde para os seus utentes.

Lisboa, 30 abril de 2015

A Direção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza