Hoje, dia 30 de Setembro, o Painel Intergovernamental de Cientistas para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) apresenta o relatório científico completo sobre a ciência climática e com os impactes esperados para a Europa. Na sexta-feira passada, foi apenas dado a conhecer o resumo para decisores políticos com as principais conclusões.
Neste relatório, a Europa é abordada por regiões, sendo que o Sul da Europa e Mediterrâneo inclui Portugal, Espanha, Itália, Grécia, Eslovénia, Croácia, Hungria, Roménia, Bulgária e partes de França.
Impactes esperados para Portugal para o período 2080-2100
– Precipitação total deve diminuir; os eventos de precipitação diária serão de maior intensidade e mais frequentes, ou seja, menos chuva e mais concentrada. O risco de inundações aumentará.
– Os caudais anuais de água devem diminuir no Sul da Europa e Mediterrâneo até 40%.
– Devido à diminuição da precipitação nas estações quentes, é esperado que aumentem os episódios de seca e escassez de água; os incêndios florestais vão aumentar.
– As culturas agrícolas devem diminuir entre 15% a 20% em toda a região mediterrânea, com um aumento esperado de conflitos relacionados com a segurança alimentar. Os fenómenos climáticos extremos também irão diminuir a segurança alimentar nesta região. O aumento do calor irá ter impactes negativos na saúde animal e na produção alimentar. É provável que diminuam as áreas de pastagem.
– A população que sofre de subnutrição na zona do Mediterrâneo poderá aumentar entre 25% a 90%, mesmo com um aumento da temperatura global abaixo dos 2o Celsius.
– Devido à subida do nível do mar, irá diminuir a disponibilidade de água potável e irá aumentar os níveis de salinização da mesma, em toda a costa Mediterrânea. O PIB irá diminuir 5 a 10% com os custos relacionados com a adaptação às alterações climáticas e 14% sem adaptação, devido à subida do nível do mar.
– Prevê-se a extinção de 60% a 80% das espécies no Sul da Europa e Mediterrâneo, mesmo com aumento da temperatura global abaixo dos 2o C.
– As alterações nos caudais dos rios irão afetar a produção de energia renovável pelas grandes barragens, disponibilidade de água, bem como os ecossistemas.
Posição de Portugal e da União Europeia deve ser forte na próxima Conferência das Nações Unidas sobre clima em Varsóvia
A ambição da União Europeia (UE) em material de combate às alterações climáticas tem esmorecido nos últimos cinco anos. A UE deve aprovar uma redução de 40% de gases de efeito de estufa até 2020, reforçar objetivos obrigatórios para as energias renováveis e eficiência energética, bem como estabelecer objetivos para 2030 e 2050.
Este relatório vem demostrar que as alterações climáticas já estão a afetar a Europa e que vai piorar sem uma forte ação climática.
Estas previsões – bastante alarmantes para a Europa e, principalmente para o Sul da Europa – devem incentivar a UE e s Estados-membros a adotar medidas mais fortes para a redução de GEE.
O risco dos efeitos catastróficos de desnutrição, conflitos alimentares, incêndios florestais, inundações e extinção de espécies é demasiado elevado para não se tomar uma ação.
É fundamental o corte nos subsídios aos combustíveis fósseis para que sejam adotadas medidas para um novo desenvolvimento baseado numa economia de baixo carbono, dentro e fora da União Europeia.
A Quercus estará em Varsóvia e já está a acompanhar as discussões e trabalhos preparativos através do blogue http://varsovia.blogs.sapo.pt/.
Lisboa, 30 de setembro de 2013
A Direção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
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