Quercus Repudia o Abate dos Jacarandás na Avenida 5 de Outubro, em Lisboa
31 de março de 2025
A Quercus denuncia o abate injustificável de árvores centenárias em plena crise climática. Num momento em que as cidades devem fortalecer a sua resiliência ambiental, a remoção de 45 jacarandás na Avenida 5 de Outubro representa um retrocesso ecológico grave e desnecessário.
Como associação de proteção da natureza, rejeitamos processos pouco transparentes, camuflados por renders apelativos, mas marcados por irregularidades: autorizações questionáveis, consultas públicas mal divulgadas e uma comunicação errática com a população. Enquanto se afixaram avisos nas árvores informando sobre “intervenções no arvoredo” — eufemismo para abate —, não houve o mesmo zelo em divulgar a consulta pública. Sessões de esclarecimento foram anunciadas para os dias 28 de março e 2 de abril, mas, paradoxalmente, os trabalhos de transplante iniciaram-se a 27 de março. Mais grave ainda, a sessão de dia 28 foi cancelada por “falta de lugares”, deixando apenas uma sessão no dia 2. Reduzir a participação cidadã é um sinal alarmante de falta de transparência.
A Quercus repudia veementemente o abate de 25 árvores e o transplante forçado de outras 45, muitas das quais não sobreviverão à mudança. Lisboa precisa de menos carros e mais árvores, de parques e corredores verdes ininterruptos, de solos menos impermeabilizados para mitigar inundações e ilhas de calor. O serviço ecológico prestado por uma árvore adulta é insubstituível: purifica o ar, reduz a temperatura urbana e atua como reservatório de carbono. Substituí-las por exemplares jovens não é uma solução viável, pois muitas não sobrevivem ao primeiro ano e levam décadas a atingir maturidade.
A remoção destas árvores centenárias para a construção de um parque de estacionamento subterrâneo é um atentado ecológico e viola os princípios da sustentabilidade urbana, além de contrariar a Lei do Restauro Ecológico em vigor. Os jacarandás, espécie emblemática da capital portuguesa, têm um papel crucial na biodiversidade urbana e na regulação térmica da cidade.
A decisão da autarquia tem sido amplamente contestada pela sociedade civil. Milhares de cidadãos assinaram petições e participaram em protestos, com os quais a Quercus se solidariza. Lamentamos que tenha sido necessário recorrer a uma providência cautelar para suspender este crime ambiental, quando a obrigação dos representantes eleitos é proteger o patrimônio natural e promover espaços urbanos mais sustentáveis e inclusivos.
A Quercus exige uma reavaliação imediata desta intervenção, acompanhada de um estudo de impacto ambiental transparente e de uma participação pública efetiva. Apelamos às autoridades competentes que travem este atentado contra a floresta urbana de Lisboa e implementem medidas concretas para a sua proteção e valorização.
Uma árvore adulta é um ecossistema vivo e insubstituível. Não podemos permitir que a sustentabilidade da cidade seja sacrificada em nome de interesses imediatistas. Lisboa precisa de soluções de mobilidade inteligentes, transportes públicos eficientes e um planeamento urbano verdadeiramente centrado nas pessoas e na sua relação com o meio ambiente. Preservar os jacarandás é preservar a identidade e a qualidade de vida de Lisboa.
Contactos para mais informações:
Cristina Monteiro
Quercus Lisboa
Telefone: 918 626 223
Silvia Moutinho
Vice-Presidente da Direção Nacional da Quercus
Telefone: 917 103 049
E-mail: silviamoutinho@quercus.pt