Orlando Ribeiro (1992) caracteriza a Beira Baixa como “uma manta de retalhos, alguns já estremenhos ou alentejanos, uma justaposição de unidades, bem demarcadas no aspecto da paisagem e no modo de viver dos habitantes”.
De facto, o Tejo Internacional manifesta inconfundíveis semelhanças com a paisagem alentejana: o relevo ondulado e relativamente suave (salvo as áreas adjacentes aos cursos de água), a vegetação mediterrânica com predominância para o montado de azinho associado a manchas de matagal e o rigor do clima no Verão, são disso bons exemplos.
Trata-se de uma área com baixa densidade populacional, onde a agricultura e a pastorícia, associadas a actividades complementares como a apicultura, a olivicultura e o fabrico de queijo, constituem as principais fontes de rendimento dos seus habitantes. O mel, sobretudo de rosmaninho, o queijo produzido segundo moldes artesanais, o azeite e o pão caseiro são produtos, entre outros, de óptima qualidade e que ainda se podem adquirir directamente no produtor.
Geologia
O substrato rochoso é constituído essencialmente pelo complexo xisto-grauváquico Ante-Ordovícico e, localizadamente, por granito que surge com maior incidência nas zonas de Salvaterra do Extremo e Segura. Na denominada zona do Castelo, situada num ponto elevado junto a Monforte da Beira, verifica-se a presença de uma crista quartzítica Ordovícica. Ocorrem ainda filões de quartzo leitoso e xistos mosqueados (com estaurolite), como resultado do metamorfismo de contacto entre o granito e o complexo xisto-grauváquico.
Os depósitos detríticos Terciários (Arcoses da Beira Baixa) que cobrem discordantemente as restantes formações ocupam uma vasta área da região.
Os afloramentos rochosos associados a estes dois tipos de rocha estão na origem de típicas escarpas fluviais.
Solo
Os solos derivados tanto dos xistos como dos granitos apresentam-se, em grande parte dos casos, esqueléticos, com teores de matéria orgânica muito baixos, com elevada percentagem de elementos grosseiros, com considerável número de afloramentos rochosos e pobres em nutrientes minerais.
Neste contexto, e tendo presente o rigor do clima e a existência em determinadas zonas de declives bastante acentuados que aumentam os riscos de erosão, é evidente a muito baixa capacidade de uso atribuída a estes solos e consequentemente as fortes restrições quanto ao tipo de aproveitamento.
Clima
No que respeita ao clima, são de referir as elevadas temperaturas que se fazem sentir principalmente nos meses de Julho e Agosto, onde a temperatura chega por vezes a atingir os 400 C. Este facto, aliado às reduzidas precipitações médias anuais que aqui ocorrem – de menos de 500 mm anuais no vale do Tejo aos 700 mm nas colinas mais elevadas da região, provoca um elevado déficit de água no solo e, simultaneamente, condiciona a composição do coberto vegetal.
No Inverno, que é relativamente suave mas frio, ocorre com pouca frequência a formação de geadas, verificando-se também, devido à proximidade do rio Tejo, a formação de nevoeiro que se expande para as zonas adjacentes ao seu vale.