Fogos de Julho demonstram que as medidas tomadas não foram suficientes

Na semana em que passa um ano sobre o início da primeira grande vaga de calor do Verão de 2003, o País assiste novamente ao desencadear de grandes incêndios que põem em causa bens pessoais, riqueza económica e ecossistemas de grande valor natural, como ontem ocorreu no Parque Natural da Arrábida.

 

Temos consciência que muitas das medidas anunciadas e previstas na legislação entretanto publicada ao longo deste ano levarão o seu tempo a dar efeito mas há questões que já deveriam ter sido acauteladas de forma mais vigorosa (onde está o funcionamento da Agência de Prevenção de Incêndios Florestais?). 

 

É fundamental a existência de mais meios aéreos 

 

Em vários incêndios tem sido notória a escassez dos meios aéreos com os responsáveis pela coordenação a evidenciarem dificuldade em apoiar as muitas situações que ocorreram em simultâneo por todo o País. 

 

Mais uma vez reforçamos a posição que temos defendido de que se deve apostar no reforço destes meios e que os mesmos devem ser do próprio Estado, evitando a desconfiança que tem surgido face aos interesses privados envolvidos nesta luta contra os incêndios. 

 

Estes meios são fundamentais para o combate ao fogo, coadjuvando os meios terrestres, nomeadamente em zonas de difícil acesso. 

 

O ordenamento do espaço florestal e as habitações dispersas 

 

Os impactes da dispersão da habitação, nomeadamente nos espaços florestais, tem sido uma condicionante da colocação dos meios de combate aos fogos. Foi notório, ainda que compreensível, no fogo que ontem ocorreu na Arrábida como em todos os outros de forma geral, que os bombeiros se concentram junto às casas em perigo deixando o fogo progredir em vastas frentes para as quais os meios disponíveis não são suficientes, nomeadamente quando também escasseiam os meios aéreos. 

 

O papel dos cidadãos 

 

Estes fogos vêm mais uma vez mostrar a vulnerabilidade dos nossos ecossistemas florestais face a períodos prolongados de calor excessivo como o que vivemos e demonstrar a necessidade duma aposta firme na prevenção e na mobilização de meios de combate aos incêndios. O momento é de mobilização de todos para a vigilância e para a prevenção deste flagelo. É fundamental que se cumpram escrupulosamente todas as recomendações que têm sido dadas para se evitar os fogos e que se mantenha uma vigilância activa, esperando-se também por parte das autoridades um reforço da fiscalização no sentido de encontrar e punir aqueles que, seja por negligência ou por acto criminoso, têm contribuído para esta tragédia. 

 

Lisboa, 26 de Julho de 2004 

A Direcção Nacional da Quercus-ANCN

 

 

 

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