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Peixes em perigo de extinção voltam ao meio natural em Santa Luzia, Odemira
Cerca de mil peixes autóctones reproduzidos em cativeiro libertados na ribeira do Torgal numa ação de repovoamento
No dia 8 de Abril, pelas 12h00, a Quercus procedeu à libertação no meio natural de cerca de mil peixes autóctones reproduzidos em cativeiro, numa ação que ocorreu na ribeira do Torgal, em Santa Luzia, Odemira. Os peixes libertados pertencem às espécies Iberochondrostoma almacai (Boga-do-sudoeste) e Squalius torgalensis (Escalo-do-Mira), espécies em perigo de extinção, e foram reproduzidos no Posto Aquícola de Campelo - Figueiró dos Vinhos.
Esta libertação de peixes ameaçados de extinção surgiu no âmbito do projeto ”Conservação ex situ de organismos fluviais”, dinamizado pela Quercus, Aquário Vasco da Gama, MARE-ISPA e Faculdade de Medicina Veterinária, e que conta como parceiro a Câmara Municipal de Figueiró dos Vinhos. O projeto está em curso desde 2008, com o objetivo reproduzir e manter populações ex situ de algumas das espécies de peixes de água doce mais ameaçadas no nosso país e foi, durante o ano de 2019, selecionado como projeto vencedor da iniciativa "Compensação Carbónica" da CTT Expresso, tendo sido igualmente um dos projetos selecionados e apoiados pelo Fundo Ambiental, no âmbito da candidatura ao Aviso “Conservação da Natureza e da Biodiversidade – Melhoria do conhecimento e do estado de conservação do património natural e da biodiversidade do país”.
No âmbito do projeto ”Conservação ex situ de organismos fluviais”, a reprodução de peixes em cativeiro é desenvolvida no Posto Aquícola de Campelo, estrutura disponibilizada pelo Município de Figueiró dos Vinhos e gerida pela Quercus, no âmbito de uma parceria estabelecida, e em instalações do Aquário Vasco da Gama, situado em Oeiras.
No final do processo de reprodução e ambientação em cativeiro, os repovoamentos de peixes são efetuados em troços dos rios de origem (dos indivíduos inicialmente capturados para reprodutores) que apresentem características favoráveis à sobrevivência e reprodução dos peixes. Sempre que possível, estes troços encontram-se associados a projetos de recuperação de linhas de água, envolvendo cidadãos e entidades que localmente efetuam uma monitorização mais ou menos formal destas bacias hidrográficas.
Apesar do Estado de Emergência que se vive atualmente em Portugal, a Quercus decidiu manter esta ação de repovoamento, já prevista antes do início da pandemia de COVID-19, uma vez que era da maior urgência realizar a libertação dos peixes devido a obras de requalificação que vão acontecer no Posto Aquícola de Campelo, estrutura de onde provêm os peixes libertados. Não tendo sido possível realizar, como tem sido habitual, uma ação pública de sensibilização nesta ocasião, a Quercus decidiu, como forma de minimizar os riscos associados, reservar a presença na ação a técnicos e voluntários envolvidos no projeto, que tomarão as medidas necessárias ao nível da segurança e higiene.
Lisboa, 7 de Abril de 2020
A Direção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza