Estradas de Portugal abatem Plátanos centenários em Azeitão

A Quercus recebeu ontem várias denúncias, relatando que a Estradas de Portugal terá abatido cerca de duas dezenas de plátanos centenários em Azeitão, junto da EN10, à entrada de Vila Nogueira de Azeitão, no concelho de Setúbal. Alguns dos plátanos abatidos eram árvores centenárias, de grande porte, algumas com mais de metro diâmetro do tronco, constituindo uma referência paisagística e uma imagem de marca na região, ladeando a Quinta das Torres em frente às caves de José Maria da Fonseca.

 

A maioria das árvores não apresentava problemas fitossanitários graves que constituíssem uma ameaça séria à segurança rodoviária, pelo que não se entende a razão de recorrer ao abate indiscriminado de todo o alinhamento de árvores onde existiam também ciprestes e outras espécies.

 

As árvores abatidas já tinham sido podadas em anos anteriores, com algumas intervenções menos cuidadas que, pontualmente, foram passíveis de promover a degradação do seu estado sanitário.

 

As árvores não se encontravam junto a habitações e o risco de queda para a estrada era reduzido, o que se confirma com as condições climatéricas adversas dos invernos passados sem que tenha caído nenhuma árvore. A eventual queda de ramos podia ser evitada se a Estradas de Portugal efectuassem uma boa gestão do arvoredo com intervenções de podas cirúrgicas com suporte técnico, que resolveriam a situação.

 

O motivo pelo qual a Estradas de Portugal decidiu abater árvores centenárias em bom estado de conservação indignou a população de Azeitão, assim como muitos automobilistas que circulavam na EN 10 entre Azeitão e Setúbal.

 

Após as denúncias, a Quercus também esteve no local e considera claramente abusivo o abate da maioria destas árvores, dado que existiam outras soluções técnicas a executar. Em alguns dos troncos existentes foram de facto detectados problemas fitossanitários pontuais, mas que poderiam ter sido resolvidos sem o abate de todo o arvoredo. Até a Câmara Municipal de Setúbal reitera o total desacordo pelo abate dos plátanos centenários conduzido pela Estradas de Portugal. Lamentamos pois que a decisão tenha sido a de abater dezenas de árvores sem uma efectiva fundamentação do risco de queda sobre a rodovia.

 

A Quercus relembra, no entanto, que têm acontecido nos últimos tempos situações semelhantes da responsabilidade da Estradas de Portugal, e que continua a não existir um sistema com apoio técnico que fundamente as intervenções no arvoredo público junto das estradas nacionais. Com efeito, toda e qualquer decisão de abate de árvores públicas devem ser justificadas tecnicamente e sempre que não existam outras soluções como as podas cirúrgicas.

 

Em reunião agendada para breve com a Estradas de Portugal, a Quercus irá expor as suas preocupações relativas a este tipo de práticas, bem como a necessidade de promoção de um sistema que fundamente tecnicamente a necessidade de abater as árvores, recorrendo a diagnósticos com base em relatórios fitossanitários, incluindo análises de risco para a segurança rodoviária, no sentido de promover uma gestão do arvoredo mais sustentável e coerente.

 

 

Setúbal, 7 de Maio de 2010

 

A Direcção do Núcleo Regional de Setúbal da Quercus-ANCN

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