Quercus lança campanha para a prevenção de resíduos urbanos
Portugal em 20 anos aumentou 125% a produção de resíduos; actualmente são produzidas 4,5 milhões de toneladas de resíduos domésticos por ano! Perante um aumento constante da produção de resíduos sólidos urbanos (RSU) e a ausência de medidas concretas, por parte dos poderes públicos, no âmbito da sua prevenção, a Quercus irá iniciar uma campanha destinada a promover a redução da produção de resíduos urbanos. Cada cidadão português produz diariamente cerca de 1,2 kg; é fundamental procurar reduzir este valor, à semelhança do que têm feito outros países da União Europeia.
Produção de resíduos é uma ineficiência
Entre 1980 e o ano 2000, o aumento da produção de RSU em Portugal foi de cerca de 125%. Em 2003 (último ano em que os dados são conhecidos), cada português produzia diariamente 1,230 kg de RSU. Ainda que este valor não seja dos mais preocupantes da União Europeia (onde a média é de cerca de 1,5kg), é fundamental que Portugal consiga acompanhar a tendência verificada em vários países europeus (como é o caso da Bélgica que reduziu 4%, da Alemanha e da Itália – 1% - da Holanda – 3% - ou da Finlândia –10%) dissociando a produção de resíduos da criação de riqueza e reduzindo, efectivamente, a produção de resíduos, antes que a situação se agrave ainda mais. A produção de resíduos é sempre, de algum modo, uma ineficiência, pelo que a sua prevenção pode ter um efeito muito positivo na economia de um país, como Portugal, muito dependente de recursos externos.
A responsabilidade é de todos
Uma campanha desta natureza, só poderá ser bem sucedida com o envolvimento dos diversos sectores da sociedade portuguesa: o Estado, as empresas e os cidadãos. É necessário agir em várias frentes e usar diferentes abordagens quando o objectivo é prevenir a produção de resíduos.
De seguida apresentamos algumas das principais acções a desenvolver com cada um dos intervenientes referidos.
A Quercus trabalhará com as várias instituições do Estado para:
- Tornar o investimento público num incentivo a políticas de prevenção, respondendo às recomendações da União Europeia para que os fundos públicos sejam um incentivo para o desenvolvimento sustentável e um exemplo para o mercado em geral;
- Estimular a criação de um plano nacional de prevenção de RSU
- Promover o desenvolvimento de planos municipais de prevenção de resíduos:
- Desenvolvimento de projectos de compostagem doméstica
- Introdução de taxas sobre os resíduos produzidos, particularmente taxas diferenciadas consoante a produção - cidadãos e algumas actividades económicas (comércio);
- Estimular a criação de legislação que incentive políticas de prevenção: reforma fiscal; reutilização – embalagens, equipamento eléctrico e electrónico; fim da gratuitidade dos sacos de plástico no comércio.
Com as empresas para:
- Estimular o desenvolvimento de soluções que promovam uma maior duração, a reparação e a actualização de bens e equipamentos;
- Reduzir a quantidade de embalagem nos produtos;
- Estimular uma maior preocupação com o impacte dos seus produtos na produção de resíduos, bem como, uma maior responsabilidade em termos das mensagens promocionais utilizadas.
Com os cidadãos
- Promovendo a sua sensibilização e informação;
- Desenvolvendo uma atitude mais responsável e consciente sobre os reais impactos das suas decisões quotidianas.
O cidadão/consumidor tem um papel determinante
Como primeiro passo, a Quercus apresenta algumas medidas que cada cidadão pode, desde já, começar a implementar no seu dia-a-dia reduzindo a quantidade de resíduos que produz e o dinheiro dispendido:
- Antes de adquirir algo, pondere a sua necessidade e reflicta sobre a intensidade e duração do uso que lhe irá dar;
- Opte por adquirir águas, refrigerantes, cervejas, vinhos em embalagens reutilizáveis;
- Caso possua um jardim ou horta, opte por fazer compostagem doméstica dos resíduos biodegradáveis (restos de comida, limpezas de jardim) estes representam cerca de 40% do seu caixote do lixo; informe-se junto do seu município ou no seguinte endereço: http://www.escolasverdes.org/compostagem/index.htm;
- Procure adquirir produtos com menos embalagem, privilegie embalagens de maiores dimensões/familiares ou com recarga;
- Evite produtos que sobreponham várias embalagens – papel, plástico – e onde a dimensão da embalagem seja superior ao necessário para conter o produto adquirido;
- Procure produtos com o rótulo ecológico europeu (símbolo que indica um maior cuidado ambiental na produção desse bem);
- Utilize pilhas recarregáveis;
- Use as folhas dos dois lados para imprimir e escrever;
- Utilize tinteiros reciclados (reenchidos) nas impressoras e fotocopiadoras;
- Utilize sacos reutilizáveis quando vai às compras (sacos de pano ou os sacos verdes reutilizáveis que estão disponíveis em qualquer supermercado e que podem ser trocados gratuitamente quando estão estragados);
- Quando um bem já não lhe for útil (roupa, mobiliário, electrodomésticos, etc.), procure instituições a quem o possa doar, ou empresas que se dediquem à reutilização/reparação e venda;
- Pergunte, reclame, sugira; sempre que não conseguir tomar as opções correctas porque estas não estão disponíveis, contacte os responsáveis – lojas, empresas, organismos do Estado;
- Lembre-se, a pressão dos cidadãos/consumidor é decisiva; demonstrando o seu interesse e preocupação será muito mais fácil mudar as políticas das empresas e do próprio Estado;
- Sensibilize os seus familiares, amigos e colegas de trabalho para a necessidade de ter os cuidados de prevenção sempre presentes, independentemente dos contextos (em casa, no trabalho, na escola, em férias).
A prevenção de resíduos não é uma regra...é uma atitude que deverá ser complementada por acções concretas e quotidianas, que podem ter reflexos muito positivos em termos ambientais e económicos.
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
Lisboa, 18 de Agosto de 2005
Qualquer esclarecimento adicional pode ser prestado por: Susana Fonseca – 936603683 ou Pedro Carteiro - 934285343