Estão mais de 40 milhões de eucaliptos prontos para ir para o terreno
A QUERCUS e a ACRÉSCIMO defendem sanções efetivas para os novos eucaliptais ilegais
De acordo com relatório emitido recentemente pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), os viveiros florestais têm atualmente certificados por este Instituto:
• 33,5 milhões de plantas certificadas; e
• 10 milhões de estacas certificadas;
Este material de reprodução florestal pode gerar a arborização e rearborização de mais de 35.mil hectares de eucalipto na atual época de plantação, entre:
• 24,4 mil hectares de eucalipto globulus seminal;
• 8 mil hectares de eucalipto globulus clonal;
• 1,8 mil hectares de eucalipto nitens; e,
• 1,1 mil hectares de eucalipto híbrido.
Ainda não há dados disponíveis para avaliar a eficácia da nova legislação que restringe a expansão da área de eucalipto.
A QUERCUS e a ACRÉSCIMO apelam ao Estado que seja mais efetivo na fiscalização de modo a evitar de plantações não autorizadas de eucalipto, e em particular nas áreas afetadas pelos grandes incêndios de 17 de junho e 15 de outubro de 2017.
Nos últimos dias, na região do grande incêndio de Pedrogão Grande foram detetadas áreas de pinhal-bravo ardido, convertidas em novas arborizações com eucalipto.
No sentido de combater a falta de legalidade, os riscos de abandono da gestão e assegurar a diminuição do risco social associado às plantações, a QUERCUS e a ACRÉSCIMO relembram o Parlamento e o Governo das propostas que têm vindo a apresentar. São estas:
• A necessidade de aplicar sanções efetivas aos responsáveis por plantações ilegais, tendo em conta os elevados riscos para as populações, sobretudo em regiões de baixa densidade populacional, como se constatou a 15 de outubro último;
• A necessidade de rastrear, através da documentação fiscal que acompanha o transporte, o circuito de comercialização de eucaliptos, desde a saída do viveiro até ao local de instalação;
• A necessidade de, no âmbito das validações e autorizações de plantações e replantações, incluir uma avaliação financeira e comercial aos investimentos comunicados ou sujeitos a pedido de autorização;
• A necessidade de aumento da capacidade de autoabastecimento de rolaria de eucalipto por parte da indústria papeleira;
Como forma de combater a ilegalidade, reforçam ainda com:
• A necessidade de aumento da transparência, através da divulgação no portal do ICNF na Internet, dos locais onde foram validadas e autorizadas as plantações e replantações de eucaliptos.
Ainda sem dados concretos relativos aos incêndios de 15 de outubro, importa ter presente que, nos grandes incêndios de Pedrogão Grande e de Góis, as plantações de eucalipto ocupavam 60% da área florestal ardida. Importa ainda relembrar a forte tendência de envolvimento dos eucaliptais nas áreas ardidas registadas ao longo da última década (2007-2016).
Lisboa, 9 de fevereiro de 2018
A Direção Nacional da QUERCUS – Associação Nacional de Conservação da Natureza
A Direção da ACRÉSCIMO – Associação de Promoção ao Investimento Florestal