Nabu/Quercus avaliam poluição dos grandes navios de cruzeiro em Lisboa

navios lxA Naturschutzbund Deutschland (NABU) (uma associação de defesa do ambiente alemã), em colaboração com a Quercus, no âmbito do projeto europeu “Clean Air in Ports”, pretende sensibilizar os operadores navais para a redução das emissões das suas frotas com recurso às melhores tecnologias disponíveis.

 

 

As medições que estão a ser efetuadas recorrem a dois equipamentos portáteis TSI P-Trak (para medir emissões de partículas) e MAXDOAS (para medir emissões indiretas de óxidos de enxofre, SOx, e óxidos de azoto, NOx).

 

 

Nos últimos anos, Lisboa não tem cumprido a legislação sobre qualidade do ar, e apesar do maior contributo para o incumprimento estar associado às emissões do tráfego rodoviário, o aumento do tráfego de navios de grande porte - carga e cruzeiros - que se tem verificado no Porto de Lisboa nos últimos anos pode ser um contributo adicional para os níveis globais de poluição, se existirem condições atmosféricas que não favoreçam a dispersão destes poluentes.

 

 

Segundo o último relatório de atividade sobre os navios de cruzeiro disponível na página do Porto de Lisboa (com dados referentes a 2013), o tráfego de navios de cruzeiro tem vindo a aumentar nos últimos anos. O número de escalas de navios de cruzeiro no Porto de Lisboa registou, de 2009 a 2013, um crescimento médio anual de 3%, passando de 294 escalas, em 2009, para 353 escalas, em 2013, o que correspondeu a um aumento de 20%. Comparativamente com 2012, verificou-se um crescimento de 12%.

 

 

No que diz respeito ao volume de passageiros, o Porto de Lisboa registou de 2009 a 2013 um crescimento médio anual de 7%, passando de 415,7 mil em 2009 para mais de 558 mil passageiros em 2013, um crescimento de 34%. O mês de abril é, de um modo geral, um dos meses do ano com um maior número de escalas, dando início ao período dos cruzeiros no Mediterrâneo. O Terminal de Cruzeiros de Lisboa, que inclui Santa Apolónia e o Jardim do Tabaco, é o que regista a maior taxa de utilização (78%, em 2013).

 

 

A poluição atmosférica emitida pelo transporte marítimo manifesta-se através da emissão de gases com efeito de estufa (GEE) incluindo o dióxido de carbono (CO2), e pela emissão de outros poluentes atmosféricos, como os óxidos de azoto (NOx), óxidos de enxofre (SOx) e partículas (PM).

 

 

Em 2000, nos mares que circundam a Europa (o Mar Báltico, o Mar do Norte, a parte norte-nordeste do Atlântico, o Mar Mediterrâneo e o Mar Negro), as emissões anuais provenientes do transporte marítimo foram estimadas em 2,3 milhões de toneladas (SO2), 3,3 milhões de toneladas (NOx) e 250.000 toneladas de partículas (PM). Estas emissões poderão crescer entre 40 e 50% até 2020, segundo a tendência atual.

 

 

No que diz respeito a emissões com impacto climático, o transporte marítimo emite cerca de 3% das emissões globais de GEE, e segundo previsões da Organização Marítima Internacional (OMI) poderá chegar a 10% das emissões globais de GEE até 2050.

 

 

O carbono negro é o segundo maior contributo para as alterações climáticas, a seguir ao dióxido de carbono, e é transportado por partículas muito finas que resultam da combustão incompleta de combustíveis fósseis e biomassa. O combustível utilizado pelos navios de cruzeiro é cerca de 3.500 vezes mais poluente do que o gasóleo utilizado pelos automóveis e camiões.

 

 

Em áreas de elevado tráfego de navios, podem ser encontrados níveis de poluição 50 vezes acima dos níveis médios existentes na proximidade de estradas dentro das cidades, o que pode ter efeitos negativos sobre a saúde. A poluição atmosférica causada pelo transporte marítimo internacional causa 50.000 mortes prematuras por ano na Europa, com custos para os sistemas de saúde avaliados em 58 mil milhões de Euros.

 

 

É importante salientar que já existem tecnologias disponíveis para reduzir as emissões poluentes dos navios como, por exemplo, a instalação de filtros de partículas (que podem reduzir as emissões deste poluente até 99%) e outros equipamentos para redução de emissões, o uso de combustíveis navais mais limpos (com menor teor de enxofre), o recurso a energias alternativas (renováveis), entre outras.

 

 

A Direção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza

 

Lisboa, 12 de maio de 2015

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