Alterações Climáticas | Encontro de Alto Nível Hoje nas Nações Unidas; Quercus e Centenas de ONGs lançam apelo aos Chefes de Estado

O Encontro de Alto Nível nas Nações Unidas, a 24 de Setembro, sob o tema Alterações climáticas, será uma excelente oportunidade para assegurar que o ritmo das negociações sobre o clima, no seio das Nações Unidas, reflectem a urgência desta ameaça.

 

Neste sentido, a Quercus e as centenas de organizações não governamentais da Rede Internacional de Acção Climática lançam um apelo aos Chefes de Estado. No caso de Portugal, a Quercus enviou este apelo na passada sexta-feira ao Sr. Primeiro-Ministro de Portugal, Engº. José Sócrates, que irá estar presente no Encontro também como Presidente do Conselho da União Europeia.

 

Este encontro ocorre entre a reunião da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC) e o encontro promovido pela Administração Norte-Americana envolvendo os países principais emissores de gases de efeito de estufa a 27 e 28 de Setembro em Washington, sobre o mesmo assunto – Alterações Climáticas, que tenta desviar o progresso na direcção do estabelecimento de uma meta obrigatória na redução de emissões, sugerindo acordos e medidas voluntárias que não vão conseguir o nível de redução de emissões necessário. Neste contexto, é extremamente importante que os Chefes de Estado e seus representantes vejam este Encontro das Nações Unidas como uma oportunidade para enviar uma mensagem clara de apoio ao sucesso das negociações sobre alterações climáticas que decorrem sob a alçada da ONU e um esforço para o bom lançamento de um rápido acordo para um tecto de emissões pós-2012.

 

Os últimos relatórios do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), deixaram clara que a urgência e o desafio do combate às alterações climáticas é maior do que se pensava e se receava. Os impactes das alterações climáticas estão já a afectar muitos países, particularmente os países mais pobres, que não têm capacidade de se adaptarem e são os menos responsáveis pela mitigação. O IPCC diz claramente que os “esforços de mitigação das próximas duas, três décadas darão a oportunidade para estabilizar as emissões aos níveis mais baixos.” É ainda possível conter o aquecimento global abaixo dos 2ºC, um nível limite no entender da Quercus, mas que mesmo assim pode não prevenir os efeitos perigosos das alterações climáticas. Para ficar abaixo deste nível, o último relatório do IPCC indica que o nível máximo de emissões tem de chegar aos valores de 1990 pelo menos em 2015 e descer 50-85%, com base em 1990, até 2050.

 

Recentemente alguns países definiram metas para o tecto máximo de emissões, para que o aumento global da temperatura do planeta ficasse abaixo dos 2ºC. No Conselho da Primavera da União Europeia, realizado em Março deste ano, foi aprovada uma resolução com o objectivo de reduzir em 30% as emissões de GEE até 2020. A seguir, os países do G-8 na reunião de Junho redigiram um comprometimento “forte e acção urgente” no combate às alterações climáticas, concordando com um “objectivo global sério de conseguir diminuir para metade as emissões de gases de efeito de estufa até 2050” e afirmando que as Nações Unidas são o fórum apropriado para a negociação de um novo acordo internacional neste processo.

 

O Encontro de Alto Nível nas Nações Unidas é uma oportunidade importante para os Chefes de Estado enviarem uma mensagem aos negociadores que participarão em Bali na Convenção sobre Alterações Climáticas que os acordos dessa reunião devem reflectir a urgência do problema. Especificamente, de um apoio claro no que respeita aos seguintes pontos permitirá ajudar uma conclusão bem sucedida da reunião de Bali:

 

• Efectuar um compromisso para evitar efeitos perigosos associados às alterações climáticas assegurando que o aumento da temperatura média global é mantido abaixo dos 2 ºC em relação à temperatura na era pré-industrial;

 

• Dar aos negociadores em Bali um mandato claro e sem ambiguidades para iniciar o processo de negociação para um acordo ambicioso e integrado para o período pós-2012, negociado no quadro da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas e construído com base no Protocolo de Quioto e ser finalizado até 2009;

 

• Apelar para um caminho de emissões globais consistente com a garantia de que o aquecimento não ultrapassa os 2 ºC o que implica um pico de emissões o mais tardar em 2015 e uma redução global de emissões de gases com efeito de estufa entre 50 a 85% em 2050, considerando 1990 como o ano base;

 

• Apelar aos países desenvolvidos que se comprometam com metas obrigatórias de redução de pelo menos 30% abaixo dos níveis de 1990 para o ano de 2020.

 

• Manifestar oposição ao uso de metas “indicativas” como substituição de objectivos de redução obrigatórios, impedindo a garantia de prever uma trajectória e de impedir o cumprimento;

 

• Apoiar o desenvolvimento de uma fórmula que permita o cálculo das metas obrigatórias para os países industrializados;

 

• Acordar com base nos princípios de compromissos comuns mas diferenciados, os países em desenvolvimento, em particular os que estão a sofrer um rápido crescimento, têm de descarbonizar o seu desenvolvimento. A comunidade internacional tem de desenvolver novos instrumentos e mudar as estruturas de investimento existentes para apoiar este objectivo;

 

• Considerar que os mecanismos de Mercado Protocolo de Quioto, que têm dado um importante contributo para atribuir um preço ao carbono e nas contribuições para os países em desenvolvimento, devem ser expandidos e fortalecidos como parte do acordo pós-2012 baseado no Protocolo de Quioto;

 

• Apelar para uma expansão dos mecanismos de flexibilidade, envolvendo o apoio e a compensação financiadas pelos países industrializados para lidar com os impactes da mudança climática; e

 

• Pedir a todos os países que não ratificaram ainda o Protocolo de Quioto, para o fazerem, e no caso dos países do denominado Anexo B, para aprovarem legislação para cumprirem as suas metas de Quioto.

 

A Quercus espera que o Encontro, tal como o Secretário-Geral Ban Ki-moom espera, seja um sinal político forte para as negociações em Bali. A Quercus espera que este seja um ano que marque um ponto de viragem na luta contra as alterações climáticas.

 

 

Lisboa, 23 de Setembro de 2007

 

 

 

Share

 

Quercus TV

 

 

                            

 

Mais vídeos aqui.

 

 

Quercus ANCN ® Todos os direitos reservados
Alojamento cedido por Iberweb