Quercus apresenta Rede de Micro-Reservas Biológicas
A QUERCUS, através do seu Fundo para a Conservação da Natureza, está a criar uma Rede de Micro-Reservas Biológicas em Portugal através da aquisição e gestão de espaços onde se concentrem valores naturais relevantes ou mesmo espécies únicas.
As micro-reservas são pequenas áreas protegidas, raramente atingem os 20 hectares, dotadas de um plano de gestão. Este conceito foi proposto e implementado desde 1992 na Comunidade Valenciana, onde já foram criadas mais de uma centena de micro-reservas, e tem sido adoptado um pouco por toda a Europa.
A QUERCUS possui já três espaços protegidos no âmbito da sua Rede de Micro-Reservas Biológicas:
• Escarpa de nidificação de aves rupícolas no Tejo Internacional;
• Gruta de morcegos no sítio “Sicó-Alvaiázere”;
• Turfeira na Serra da Freita.
Amanhã, dia 6 de Abril às 10 horas, a QUERCUS apresenta no Salão Nobre da Câmara Municipal de Vale de Cambra, na presença dos Srs. Presidentes da Câmara e da Junta de Freguesia de Arões, a Rede de Micro-Reservas Biológicas. Às 11 horas será feita uma visita à mais recente micro-reserva, uma turfeira na Serra da Freita, que resulta de uma parceria com a Junta de Freguesia de Arões, a Comissão de Compartes de Côvo e a ALFA – Associação Lusitana de Fitossociologia, apoiada pela Companhia da Água – Águas de São Cristóvão.
Porquê proteger uma turfeira?
As turfeiras são habitats naturais de elevado valor biológico entre outras razões por serem características de áreas de clima temperado e estarem incrustadas em plena Região Mediterrânica. Em Portugal as turfeiras de altitude ocorrem em biótopos permanentemente encharcados, em fisiografias planálticas, nas serras de maior altitude do Norte e Centro de Portugal. São formações reliquiais de períodos climáticos passados de clima mais frio. Com o aquecimento holocénico, iniciado há mais de 10 000 anos, estas formações refugiaram-se em altitudes progressivamente mais elevadas e os seus biótopos fragmentaram-se.
A maior parte das turfeiras são atapetadas por musgos do género Sphagnum, onde coexistem também as urzes (Calluna vulgaris), os tojos (Ulex minor) e plantas insectívoras como a orvalhinha (Drosera rotundifolia). A presença de ciperáceas (plantas vasculares associadas a estas comunidades), pela sua raridade, conferem as estes espaços redobrado valor biológico. Para além da turfeira existem comunidades contíguas, como os urzais-tojais higrófilos de Erica ciliaris, Calluna vulgaris e Ulex minor, cuja conservação é prioritária. Dado que estas áreas são muito sensíveis, as medidas para preservar os 2,4 hectares deste espaço passam por:
• Colocar uma vedação que impeça o acesso de pessoas e gado à turfeira
• Condicionar o uso do fogo;
• Moderar o pastoreio;
• Interditar o uso de fertilizantes;
• Interditar quaisquer obras de drenagem da turfeira;
• Interditar a circulação de quaisquer veículos motorizados.
O que é uma micro-reserva?
Por todo o território nacional, existem elementos do património natural descontínuos e com pequenas áreas de ocupação, como por exemplo, comunidades de leitos de cheia, escarpas litorais, afloramentos com flora especializada, grutas com morcegos e invertebrados troglóbias, charcas temporárias essenciais à preservação dos anfíbios ou pequenos bosques. Tendo estes espaços, na sua grande maioria, singular importância para a conservação e, não existindo uma figura legal apropriada à gestão destes espaços, o conceito de “micro-reserva” surge como uma ferramenta essencial à preservação de espécies e habitats.
As micro-reservas são pequenas áreas protegidas, que raramente atingem os 20 hectares, que têm que possuir obrigatoriamente um plano de gestão. De salientar que este conceito foi proposto e implementado por Emílio Lagunas Lumbreras, desde 1992, através do Governo da Comunidade Valenciana, onde já foram criadas mais de uma centena de micro-reservas, e tem sido adoptado um pouco por toda a Europa.
A criação de micro-reservas biológicas é um processo que se desenvolve por várias etapas: a identificação do local, os contactos com os proprietários, a validação científica e a formalização jurídica da sua protecção. Mais recentemente a TAGIS – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal associou-se a este projecto, com vista a criar micro-reservas biológicas para a preservação de borboletas ameaçadas de extinção.
Com este projecto, a Quercus e os outros parceiros envolvidos, esperam a dar um contributo importante para a preservação do património natural e da biodiversidade do nosso país.
Lisboa, 5 de Abril de 2005
A Direcção Nacional da Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza
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Para mais esclarecimentos contactar Hélder Spínola, Presidente da Direcção Nacional da QUERCUS, 937788472 ou 964344202.