{"id":9995,"date":"2021-03-03T17:13:40","date_gmt":"2021-03-03T17:13:40","guid":{"rendered":"https:\/\/quercus.pt\/?p=9995"},"modified":"2021-03-03T17:13:40","modified_gmt":"2021-03-03T17:13:40","slug":"industria-automovel-defrauda-automobilistas-portugueses-em-1-6-mil-milhoes-de-euros-desde-2000","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/quercus.pt\/2021\/03\/03\/industria-automovel-defrauda-automobilistas-portugueses-em-1-6-mil-milhoes-de-euros-desde-2000\/","title":{"rendered":"Ind\u00fastria autom\u00f3vel defrauda automobilistas Portugueses em 1.6 mil milh\u00f5es de euros desde 2000"},"content":{"rendered":"

S\u00f3 em 2017 os Portugueses gastaram mais 264 milh\u00f5es de euros em combust\u00edvel extra, segundo o relat\u00f3rio publicado hoje pela Federa\u00e7\u00e3o Europeia dos Transportes e Ambiente (T&E), da qual a Quercus \u00e9 membro efetivo.<\/p>\n

 <\/p>\n

O custo real da manipula\u00e7\u00e3o da ind\u00fastria autom\u00f3vel nos testes de efici\u00eancia de combust\u00edvel \u00e9 agora revelado: o combust\u00edvel extra consumido devido a essa interfer\u00eancia, custou aos automobilistas um acr\u00e9scimo de quase 150 mil milh\u00f5es de euros nos \u00faltimos 18 anos (2000-2017)[1]. S\u00f3 em 2017, os \u00a0europeus tiveram um gasto extra de 23,4 mil milh\u00f5es de euros, quase tanto quanto os Portugueses gastaram em alimenta\u00e7\u00e3o no ano anterior [2]. Desde 2000, a manipula\u00e7\u00e3o dos testes de CO2 implicou a emiss\u00e3o de mais 264 milh\u00f5es de toneladas de CO2 equivalente, correspondente \u00e0s emiss\u00f5es anuais de CO2 dos Pa\u00edses Baixos.<\/p>\n

 <\/p>\n

Os automobilistas alem\u00e3es lideram a classifica\u00e7\u00e3o, com \u20ac 36 mil milh\u00f5es desperdi\u00e7ados desde 2000, seguidos por brit\u00e2nicos com \u20ac 24,1 mil milh\u00f5es, franceses (\u20ac 20,5 mil milh\u00f5es), italianos (\u20ac 16,4 mil milh\u00f5es) e espanh\u00f3is (\u20ac 12 mil milh\u00f5es) (ver infografia).<\/p>\n

 <\/p>\n

A diferen\u00e7a entre o desempenho dos autom\u00f3veis nos testes e em condi\u00e7\u00f5es reais aumentou de 9%, em 2000, para 42%, em 2016, devido principalmente \u00e0 manipula\u00e7\u00e3o dos testes laboratoriais por parte da ind\u00fastria autom\u00f3vel e tamb\u00e9m devido \u00e0 tecnologia (como o start-stop), que proporciona economias superiores em laborat\u00f3rio, do que na estrada.<\/p>\n

 <\/p>\n

A ind\u00fastria autom\u00f3vel e a Comiss\u00e3o Europeia (CE) alegam que a implementa\u00e7\u00e3o do novo teste de laborat\u00f3rio (WLTP – Worldwide harmonized Light vehicle Test Procedure) ir\u00e1 corrigir os problemas de teste. Por\u00e9m, uma nova an\u00e1lise feita pela T&E, com base no estudo do JRC (centro de pesquisa da CE) revela que este simplesmente introduzir\u00e1 novas lacunas. Ao inflacionar os resultados dos testes WLTP em pelo menos 10g\/km, a ind\u00fastria autom\u00f3vel pode facilmente atingir a redu\u00e7\u00e3o de 15% nas emiss\u00f5es de CO2 proposta pela CE at\u00e9 2025, diminuindo o impacto desta meta em mais de metade.<\/p>\n

 <\/p>\n

A Quercus concorda com as conclus\u00f5es do T&E de que a melhoria da efici\u00eancia no consumo de combust\u00edvel se est\u00e1 a revelar muito aqu\u00e9m do apregoado pelas marcas, apenas 10% desde 2000, apesar dos regulamentos para reduzir as emiss\u00f5es. Os grandes lesados s\u00e3o os cidad\u00e3os que pagam por mais combust\u00edvel e sofrem as consequ\u00eancias das altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas.<\/p>\n

 <\/p>\n

 <\/p>\n

Existem medidas que poderiam previr eficazmente as artimanhas, como a introdu\u00e7\u00e3o de um teste real ou o uso de dados de medidores de consumo de combust\u00edvel. A an\u00e1lise da T&E mostra que estes evitariam 108 milh\u00f5es de toneladas de CO2 equivalente at\u00e9 2030 e poupariam aos automobilistas 54 mil milh\u00f5es de euros na fatura de combust\u00edvel, em compara\u00e7\u00e3o com a atual proposta da Comiss\u00e3o.<\/p>\n

 <\/p>\n

\u00c9 muito improv\u00e1vel que o aumento dos valores de WLTP tenha ocorrido sem o conluio da ind\u00fastria. Na maioria dos pa\u00edses, os impostos sobre os ve\u00edculos est\u00e3o relacionados com as emiss\u00f5es de CO2 e, portanto, aumentar os valores WLTP resultaria em impostos associados mais elevados. As associa\u00e7\u00f5es nacionais da ind\u00fastria autom\u00f3vel t\u00eam feito press\u00e3o para que os Estados-Membros subam os limites fiscais para englobar os aumentos de CO2 e evitar que algumas marcas possam perder competitividade.<\/p>\n

 <\/p>\n

A Quercus apela para que os Ministros do Ambiente e eurodeputados impe\u00e7am que a ind\u00fastria autom\u00f3vel continue a defraudar as regras. E alerta para o facto de que a proposta da CE para reduzir as emiss\u00f5es de CO2 dos ve\u00edculos ligeiros de passageiros e comerciais, depois de 2020, \u00e9 inadequada e se traduz numa nova autoriza\u00e7\u00e3o para que a ind\u00fastria autom\u00f3vel mantenha o sistema de jogo. Como consequ\u00eancia os Estados-Membros ficar\u00e3o mais longe de atingir os seus objetivos clim\u00e1ticos e os automobilistas continuar\u00e3o a gastar mais em combust\u00edvel.<\/p>\n

 <\/p>\n

 <\/p>\n

Lisboa, 28 de agosto de 2018<\/p>\n

 <\/p>\n

A Dire\u00e7\u00e3o Nacional da Quercus \u2013 Associa\u00e7\u00e3o Nacional de Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza<\/p>\n

 <\/p>\n

 <\/p>\n

[1] Assumindo que as diferen\u00e7as entre as emiss\u00f5es reais e as medidas em laborat\u00f3rio mantiveram-se constantes em 9%, como verificado em 2000<\/p>\n

 <\/p>\n

[2]\u00a0Eurostat data<\/a>, 2018<\/p>\n

\n
<\/div>\n
<\/div>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

S\u00f3 em 2017 os Portugueses gastaram mais 264 milh\u00f5es de euros em combust\u00edvel extra, segundo o relat\u00f3rio publicado hoje pela Federa\u00e7\u00e3o Europeia dos Transportes e Ambiente (T&E), da qual a Quercus \u00e9 membro efetivo.   O custo real da manipula\u00e7\u00e3o da ind\u00fastria autom\u00f3vel nos testes de efici\u00eancia de combust\u00edvel \u00e9 agora revelado: o combust\u00edvel extra […]<\/p>\n","protected":false},"author":5,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"inline_featured_image":false,"footnotes":""},"categories":[110,168],"tags":[],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/9995"}],"collection":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/users\/5"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=9995"}],"version-history":[{"count":1,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/9995\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":10014,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/9995\/revisions\/10014"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=9995"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=9995"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=9995"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}