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As medidas para conter a pandemia da COVID-19 levaram a uma redu\u00e7\u00e3o\u00a0dr\u00e1stica das viagens e da atividade econ\u00f3mica. Consequentemente, o consumo de energia e as emiss\u00f5es de gases com efeito de estufa (GEE)\u00a0ca\u00edram acentuadamente. Por sua vez, o pre\u00e7o dos certificados que permitem\u00a0\u00e0s empresas emitir di\u00f3xido de carbono na Uni\u00e3o Europeia acumula este ano\u00a0uma baixa de 40%. Come\u00e7am a surgir d\u00favidas sobre a possibilidade de o\u00a0mercado de carbono perder for\u00e7a como ferramenta. Por outro lado, a r\u00e1pida\u00a0queda verificada nos pre\u00e7os do petr\u00f3leo, inclusive para valores negativos, pode\u00a0constituir um trav\u00e3o \u00e0 transi\u00e7\u00e3o energ\u00e9tica, fazendo prolongar no tempo\u00a0tecnologias poluentes que se pretendia eliminar e constituindo uma amea\u00e7a \u00e0\u00a0t\u00e3o esperada mudan\u00e7a para a energia verde, nomeadamente no setor dos\u00a0edif\u00edcios, da mobilidade e da ind\u00fastria.\u00a0Se alguma certeza existe \u00e9 que esta crise da COVID-19 mergulhar\u00e1 quase\u00a0todos os pa\u00edses do G20 numa recess\u00e3o econon\u00f3mica sem precedentes.<\/p>\n
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Esta\u00a0expectativa \u00e9 j\u00e1 confirmada pela queda dos pre\u00e7os nas principais bolsas de\u00a0valores. O impacte geral das medidas para controlar a propaga\u00e7\u00e3o revela j\u00e1\u00a0tamb\u00e9m um pre\u00e7o econ\u00f3mico avultado, originando desemprego e encerramento de empresas.\u00a0Contudo, a redu\u00e7\u00e3o de emiss\u00f5es que se tem verificado dificilmente se\u00a0transformar\u00e1 numa tend\u00eancia de longo prazo, a menos que sejam tomadas\u00a0medidas adicionais para se construir uma economia de baixo carbono.<\/p>\n
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A\u00a0Quercus espera assim que, at\u00e9 ao ver\u00e3o de 2020, a Comiss\u00e3o Europeia\u00a0apresente um plano, como j\u00e1 previsto no Green Deal, para aumentar a meta de\u00a0redu\u00e7\u00e3o das emiss\u00f5es de GEE para 2030 em pelo menos 50% relativamente\u00a0aos n\u00edveis de 1990. O Pacto prev\u00ea ainda que as pol\u00edticas em desenvolvimento\u00a0possam reduzir estas emiss\u00f5es em 60% at\u00e9 2050. E ainda h\u00e1 muito a fazer,\u00a0come\u00e7ando com uma a\u00e7\u00e3o clim\u00e1tica mais ambiciosa j\u00e1 este ano, como por\u00a0exemplo a regulamenta\u00e7\u00e3o sobre o \u201cUso do solo e altera\u00e7\u00f5es ao uso do solo\u201d.\u00a0A Comiss\u00e3o tem o compromisso de propor alterar a Lei do Clima e atualiz\u00e1-la\u00a0neste sentido at\u00e9 junho de 2021. A Quercus refor\u00e7a que estas s\u00e3o metas que\u00a0n\u00e3o se podem esquecer.\u00a0Apesar de as emiss\u00f5es de CO 2 na China terem ca\u00eddo \u2013 temporariamente \u2013\u00a0cerca de um quarto durante a pandemia e de se esperar uma redu\u00e7\u00e3o\u00a0semelhante na Europa, a Ag\u00eancia Europeia do Ambiente alerta para o facto de\u00a0que \u201cchoques graves e abruptos com um custo elevado para a sociedade n\u00e3o\u00a0s\u00e3o de modo algum com o que a Uni\u00e3o Europeia se comprometeu em\u00a0transformar a economia e alcan\u00e7ar a neutralidade clim\u00e1tica at\u00e9 2050\u201d.<\/p>\n
A Organiza\u00e7\u00e3o Meteorol\u00f3gica Mundial relata que, embora as emiss\u00f5es possam\u00a0ter ca\u00eddo, as concentra\u00e7\u00f5es de CO 2 observadas na atmosfera este ano foram\u00a0superiores \u00e0s do ano passado, mantendo-se acima das 400 pts\/milh\u00e3o.\u00a0O surto de coronav\u00edrus levou a uma modifica\u00e7\u00e3o do calend\u00e1rio, das agendas e\u00a0prioridades imediatas do Parlamento Europeu, expressando d\u00favidas sobre se o\u00a0Conselho ser\u00e1 capaz de enfrentar simultaneamente a crise de COVID-19 e a\u00a0crise clim\u00e1tica.\u00a0Portugal, como os restantes pa\u00edses, est\u00e1 a tomar medidas para apoiar oscidad\u00e3os e empresas durante a crise da COVID-19.<\/p>\n
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Como consequ\u00eancia, as\u00a0receitas fiscais ir\u00e3o cair, sendo que estas medidas ser\u00e3o financiadas por n\u00edveiscrescentes de d\u00edvida. A recupera\u00e7\u00e3o econ\u00f3mica e a recupera\u00e7\u00e3o do emprego\u00a0ter\u00e3o, portanto, prioridade.O desafio \u00e9 combinar isto com o investimento na neutralidade clim\u00e1tica,evitando sempre subsidiar atividades intensivas em carbono ou desenvolver\u00a0atividades poluentes e com impactes ambientais grav\u00edssimos no que ao uso dosolo se referem. No \u00e2mbito das pol\u00edticas do \u201cUso do solo e altera\u00e7\u00f5es ao uso\u00a0do solo\u201d, \u00e9 fundamental dar continuidade \u00e0 prote\u00e7\u00e3o dos ecossistemas naturais\u00a0que restam na Europa, assim como a prote\u00e7\u00e3o, restaura\u00e7\u00e3o e expans\u00e3o da\u00a0floresta nativa. Importa ainda salientar que as energias renov\u00e1veis est\u00e3o\u00a0prontas a ser utilizadas. Em muitos pa\u00edses, a energia solar \u00e9 hoje a forma mais\u00a0barata de produzir eletricidade.<\/p>\n
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A investiga\u00e7\u00e3o e a inova\u00e7\u00e3o em centrais\u00a0renov\u00e1veis h\u00edbridas, hidrog\u00e9nio verde e integra\u00e7\u00e3o de sistemas est\u00e3o a\u00a0avan\u00e7ar, oferecendo novos modelos de neg\u00f3cio e novos mercados\u00a0internacionais.\u00a0A Quercus alerta: Portugal n\u00e3o pode esquecer a persistente crise clim\u00e1tica e\u00a0ecol\u00f3gica ao definir a sua resposta \u00e0 pandemia da COVID-19 e deve reafirmar\u00a0a sua \u201cop\u00e7\u00e3o consciente\u201d de aumentar a contribui\u00e7\u00e3o para o European Green\u00a0Deal\u00a0como estrutura para um plano abrangente de recupera\u00e7\u00e3o da UE. Sem\u00a0a\u00e7\u00f5es de apoio, a pandemia pode colocar em risco o investimento em energia\u00a0limpa.<\/p>\n
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\u00c9 preciso n\u00e3o esquecer, como exemplo, que o pre\u00e7o das licen\u00e7as de emiss\u00e3o\u00a0no Sistema de Com\u00e9rcio de Emiss\u00f5es da UE (ETS) caiu 40% entre 19 de\u00a0fevereiro (25,66\u00a0\u20ac) e 18 de mar\u00e7o de 2020 (15,24\u00a0\u20ac) devido \u00e0s expectativas de\u00a0queda na procura de eletricidade e da atividade industrial. Em 1 de abril de\u00a02020, o pre\u00e7o recuperou para 16,95\u00a0\u20ac, possivelmente gra\u00e7as a an\u00fancios sobre\u00a0programas de apoio econ\u00f3mico e recupera\u00e7\u00e3o.\u00a0Espera-se que algumas mudan\u00e7as de comportamento, como a utiliza\u00e7\u00e3o de\u00a0ferramentas online a que os portugueses se viram for\u00e7ados a recorrer, compras\u00a0online, teletrabalho, videoconfer\u00eancias e outros servi\u00e7os \u00e0 dist\u00e2ncia tenham\u00a0vindo para ficar ap\u00f3s a crise, o que ajudar\u00e1 a acelerar a transi\u00e7\u00e3o para uma\u00a0economia de baixo carbono.\u00a0A Quercus considera que s\u00e3o necess\u00e1rios programas de est\u00edmulo para\u00a0relan\u00e7ar a economia ap\u00f3s a crise e que o European Green Deal \u00e9 essencial na\u00a0defini\u00e7\u00e3o de uma estrat\u00e9gia de crescimento eficaz para a recupera\u00e7\u00e3o\u00a0econ\u00f3mica e clim\u00e1tica da Europa.<\/p>\n
Lisboa, 28 de abril de 2020<\/p>\n
A Dire\u00e7\u00e3o Nacional da Quercus \u2013 Associa\u00e7\u00e3o Nacional de Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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