{"id":17026,"date":"2022-02-10T10:59:50","date_gmt":"2022-02-10T10:59:50","guid":{"rendered":"https:\/\/quercus.pt\/?p=17026"},"modified":"2022-02-10T11:05:19","modified_gmt":"2022-02-10T11:05:19","slug":"movimento-antinuclear-iberico-enviou-uma-carta-aos-eurodeputados-de-portugal-e-espanha-sobre-a-energia-nuclear","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/quercus.pt\/2022\/02\/10\/movimento-antinuclear-iberico-enviou-uma-carta-aos-eurodeputados-de-portugal-e-espanha-sobre-a-energia-nuclear\/","title":{"rendered":"Movimento Antinuclear Ib\u00e9rico enviou uma carta aos eurodeputados de Portugal e Espanha sobre a energia nuclear"},"content":{"rendered":"

O Movimento Antinuclear Ib\u00e9rico (MIA), composto por coletivos ambientalistas e institui\u00e7\u00f5es de Portugal e Espanha, entre os quais a Quercus, enviou, no dia 10 de fevereiro, uma carta aos eurodeputados portugueses e espanh\u00f3is, apelando ao desinvestimento na energia nuclear na Uni\u00e3o Europeia.<\/strong><\/p>\n

Em Portugal, o MIA integra cerca de 30 coletivos.<\/p>\n

_____________<\/p>\n

 <\/p>\n

Conte\u00fado da carta:<\/strong><\/p>\n

Lisboa e Madrid, 10 de Fevereiro de 2022<\/p>\n

Estimado\/a senhor\/a eurodeputado\/a,<\/p>\n

Em 21 de abril de 2021, a Comiss\u00e3o Europeia anunciou uma s\u00e9rie de medidas para apoiar o financiamento de atividades sustent\u00e1veis que est\u00e1 em sintonia com o objetivo de alcan\u00e7ar a descarboniza\u00e7\u00e3o da economia da Uni\u00e3o Europeia. A sele\u00e7\u00e3o das atividades a promover e beneficiar ou a abandonar \u00e9 um passo essencial neste objetivo.<\/p>\n

No \u00e2mbito da energia, ao permitir-se que a eletricidade nuclear e o g\u00e1s natural tenham acesso a capital para a sua expans\u00e3o, estar\u00e1 a financiar-se em condi\u00e7\u00f5es extraordinariamente favor\u00e1veis, e que fa\u00e7am parte do mix<\/em> energ\u00e9tico da UE at\u00e9 ao final do s\u00e9culo. Este ser\u00e1 um rotundo fracasso das ambi\u00e7\u00f5es da UE para enfrentar a crise ecol\u00f3gica, travar a consequente mudan\u00e7a clim\u00e1tica, melhorar a sua soberania energ\u00e9tica e, at\u00e9 mesmo, ter um controlo mais eficaz sobre os pre\u00e7os da energia.<\/p>\n

No caso da energia nuclear, a proposta que est\u00e1 em cima da mesa, seria apoiar o prolongamento da vida das centrais existentes, e n\u00e3o o abandono do programa nuclear, j\u00e1 que se financiam os projetos de centrais com permiss\u00e3o antes de 2045. O que equivale a dizer que em 2050 se continuar\u00e3o a construir novas centrais nucleares.<\/p>\n

N\u00e3o seria uma maneira respons\u00e1vel, nem eficiente de investir o dinheiro p\u00fablico. \u00c9 perfeitamente claro, neste momento, que as instala\u00e7\u00f5es e\u00f3licas e solares FV s\u00e3o a forma mais barata de produzir eletricidade. Tamb\u00e9m h\u00e1 experi\u00eancia na dificuldade de encaixar um sistema de energia el\u00e9trica renov\u00e1vel e nuclear devido \u00e0 baixa flexibilidade de opera\u00e7\u00e3o dessas centrais. Por isso a energia nuclear n\u00e3o pode ser o suporte das renov\u00e1veis.<\/p>\n

Al\u00e9m disso, o nuclear tamb\u00e9m contribui para o aquecimento global. As emiss\u00f5es de gases com efeito de estufa das centrais nucleares s\u00e3o, em m\u00e9dia, de 66 gramas de CO2<\/sub> por kWh. Muito mais do que o contabilizado para as tecnologias renov\u00e1veis \u200b\u200bpara gera\u00e7\u00e3o el\u00e9trica: o ciclo de vida da energia solar fotovoltaica (Si policristalino) sup\u00f5e 32 g CO2<\/sub>\/kWh, e a e\u00f3lica em terra, 10 g CO2<\/sub>\/kWh.<\/p>\n

As emiss\u00f5es, dos sete reatores nucleares espanh\u00f3is, entre 2022 e a data de encerramento prevista em 2035, apenas relativamente \u00e0 recarga de ur\u00e2nio, estimam-se em 4.288.212 toneladas de CO2<\/sub>. Contabilizando os processos desde a extra\u00e7\u00e3o do mineral at\u00e9 \u00e0 sua chegada no reator, e sem incluir os transportes intermedi\u00e1rios.<\/p>\n

O objetivo da taxonomia da UE \u00e9 estabelecer uma lista de atividades econ\u00f3micas ambientalmente sustent\u00e1veis, que contribuam de forma substancial como m\u00ednimo a um dos seis objetivos ambientais fixados no pr\u00f3prio Regulamento de Taxonomia e que n\u00e3o causem um \u201cdano significativo\u201d a nenhum dos seus objetivos que n\u00e3o cumpra.<\/p>\n

Ainda que o Centro Comum de Investiga\u00e7\u00e3o (JRC) da Uni\u00e3o Europeia tenha conclu\u00eddo, no seu relat\u00f3rio de mar\u00e7o de 2021, que a energia nuclear cumpre as condi\u00e7\u00f5es para incluir a energia nuclear na taxonomia da UE nos termos dos crit\u00e9rios \u201cNo causar dano significativo\u201d, vemos que na sua avalia\u00e7\u00e3o n\u00e3o se incluem os efeitos dos acidentes devastadores no meio ambiente (recordemos Chernobil y Fukushima).<\/p>\n

Nem t\u00e3o pouco considera as implica\u00e7\u00f5es para as gera\u00e7\u00f5es seguintes do problema da elimina\u00e7\u00e3o de efeitos radioativos. Este infringe o princ\u00edpio de “n\u00e3o cargas indevidas para as gera\u00e7\u00f5es futuras” do enfoque da ONU na Agenda 2030, documento a que o Regulamento de Taxonomia faz refer\u00eancia.<\/p>\n

Com o prolongamento da gera\u00e7\u00e3o el\u00e9trica nuclear continuar-se-\u00e1 durante d\u00e9cadas a acumular enormes quantidades de res\u00edduos radioativos perigosos, sem que os governos tenham uma solu\u00e7\u00e3o de elimina\u00e7\u00e3o efetiva dispon\u00edvel. Assim tamb\u00e9m se desrespeita o crit\u00e9rio de \u201cN\u00e3o causar dano significativo\u201d.<\/p>\n

Por todas estas quest\u00f5es dirigimo-nos a v\u00f3s. Para pedir que recusem a inclus\u00e3o da energia nuclear, e tamb\u00e9m do g\u00e1s natural, como tecnologias cujo desenvolvimento deva ser favorecido, muito especialmente, na Uni\u00e3o Europeia.<\/p>\n

Atentamente,<\/p>\n

 <\/p>\n

MOVIMIENTO IB\u00c9RICO ANTINUCLEAR (MIA)<\/p>\n

www.movimientoibericoantinuclear.com<\/a><\/p>\n

\"unnamed_5.png\"<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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