{"id":16264,"date":"2021-07-14T14:16:02","date_gmt":"2021-07-14T14:16:02","guid":{"rendered":"https:\/\/quercus.pt\/?p=16264"},"modified":"2021-07-14T14:16:02","modified_gmt":"2021-07-14T14:16:02","slug":"quercus-apela-novamente-para-o-fim-do-uso-do-carvao-antes-de-2030","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/quercus.pt\/2021\/07\/14\/quercus-apela-novamente-para-o-fim-do-uso-do-carvao-antes-de-2030\/","title":{"rendered":"Quercus apela novamente para o fim do uso do carv\u00e3o antes de 2030"},"content":{"rendered":"

Na semana em que a China anuncia o cancelamento de 104 novas centrais a carv\u00e3o, planeadas ou j\u00e1 em constru\u00e7\u00e3o, e um refor\u00e7o do investimento em energias renov\u00e1veis, a Quercus apela novamente para o fim do uso do carv\u00e3o antes de 2030 e uma maior aposta na efici\u00eancia energ\u00e9tica e nas energias renov\u00e1veis em Portugal.<\/strong><\/p>\n

A produ\u00e7\u00e3o de eletricidade a partir do carv\u00e3o \u00e9 a maior fonte de emiss\u00e3o de gases com efeito de estufa (GEE), respons\u00e1veis pelo aquecimento global. Uma central a carv\u00e3o t\u00edpica produz emiss\u00f5es de GEE equivalentes a 600 mil autom\u00f3veis e tem um tempo de vida \u00fatil de 40 anos ou mais. A China \u00e9 respons\u00e1vel por metade da queima de carv\u00e3o em todo o mundo e o uso deste combust\u00edvel f\u00f3ssil ajudou o pa\u00eds a alcan\u00e7ar o estatuto de segunda maior economia global.<\/p>\n

A polui\u00e7\u00e3o emitida pelo uso do carv\u00e3o na produ\u00e7\u00e3o de eletricidade trouxe, contudo, custos bastante elevados para o ambiente e a sa\u00fade p\u00fablica, sendo a China atualmente o maior poluidor mundial. Recentemente, o Governo chin\u00eas parece querer inverter este rumo. Esta semana, foi anunciado o cancelamento dos planos para a constru\u00e7\u00e3o de 104 novas centrais a carv\u00e3o em territ\u00f3rio chin\u00eas, num total de 120 GW de capacidade futura. Das 104 centrais previstas, 47 est\u00e3o j\u00e1 em constru\u00e7\u00e3o, sobretudo no norte e oeste da China.<\/p>\n

O custo combinado do cancelamento destas centrais estima-se em 30 mil milh\u00f5es de d\u00f3lares. A China est\u00e1 agora mais pr\u00f3xima de atingir o objetivo de limitar a sua capacidade total de produ\u00e7\u00e3o de energia a partir do carv\u00e3o para 1.100 GW at\u00e9 2020, o que, aliado \u00e0 forte e r\u00e1pida expans\u00e3o das energias renov\u00e1veis, ajudar\u00e1 o pa\u00eds a atingir as ambiciosas metas clim\u00e1ticas assumidas no Acordo de Paris (que ratificou historicamente em simult\u00e2neo com os EUA).<\/p>\n

Portugal: Carv\u00e3o ainda integra o mix energ\u00e9tico nacional<\/strong><\/p>\n

Portugal possui apenas duas centrais a carv\u00e3o (Sines e Pego), numa capacidade total instalada de 1820 MW. Em 2015, o carv\u00e3o correspondeu a 12,5% do mix distribu\u00eddo pela EDP Servi\u00e7o Universal. No caso da Endesa, e para o mesmo ano, o carv\u00e3o representou 42,67%. De referir ainda que, tamb\u00e9m em 2015, o carv\u00e3o foi respons\u00e1vel por mais de 28% da eletricidade produzida em Portugal. Relativamente ao futuro do carv\u00e3o em Portugal, a central do Pego (43,75% detida pela Endesa) termina o contrato com o Estado Portugu\u00eas em 2021 e ainda n\u00e3o h\u00e1 perspetivas quanto ao seu encerramento definito, enquanto o contrato com a central de Sines termina em 2017 e a EDP j\u00e1 admitiu manter a central para al\u00e9m desta data.<\/p>\n

De referir que, j\u00e1 em 2014, a Central de Sines estava em 27\u00ba lugar do Top30 das centrais a carv\u00e3o mais poluentes da Europa. Na sequ\u00eancia das declara\u00e7\u00f5es do Ministro do Ambiente em novembro de 2016, durante a COP22 em Marraquexe, Portugal assumiu como prioridade pol\u00edtica o processo de deixar de utilizar o carv\u00e3o como fonte de energia para produ\u00e7\u00e3o de eletricidade. \u00c9 ainda expect\u00e1vel que a produ\u00e7\u00e3o de eletricidade seja totalmente renov\u00e1vel, sem recorrer ao carv\u00e3o, antes de 2030.<\/p>\n

Quercus apela para o fim do carv\u00e3o antes de 2030<\/strong><\/p>\n

Recentemente, a Quercus tem vindo a alertar para o fato de Portugal nos \u00faltimos anos ter aumentado a utiliza\u00e7\u00e3o das centrais a carv\u00e3o devido ao pre\u00e7o acess\u00edvel deste combust\u00edvel no mercado internacional, conjugado com o pre\u00e7o reduzido das licen\u00e7as de emiss\u00e3o de carbono. Como consequ\u00eancia desta intensifica\u00e7\u00e3o do uso do carv\u00e3o, as emiss\u00f5es do setor el\u00e9trico n\u00e3o ca\u00edram tanto quanto poderiam na sequ\u00eancia do enorme investimento em energias renov\u00e1veis.<\/p>\n

A Quercus considera que Portugal n\u00e3o deve prolongar o tempo \u00fatil de vida das centrais do Pego e de Sines, cujo fim est\u00e1 previsto para o in\u00edcio da pr\u00f3xima d\u00e9cada. O seu encerramento dever\u00e1 proporcionar um equil\u00edbrio de condi\u00e7\u00f5es para complementar a produ\u00e7\u00e3o de eletricidade renov\u00e1vel com as centrais de ciclo combinado a g\u00e1s natural, que apresentam um melhor desempenho ambiental e que t\u00eam estado praticamente paradas. Portugal deve concentrar os seus esfor\u00e7os na forma como far\u00e1 a transi\u00e7\u00e3o para fontes de energia mais limpas, afastando-se do carv\u00e3o.<\/p>\n

Se o nosso pa\u00eds (e a Uni\u00e3o Europeia) pretendem, de facto, honrar seriamente os compromissos clim\u00e1ticos assumidos, investindo na transforma\u00e7\u00e3o do setor de energia e na descarboniza\u00e7\u00e3o da economia, \u00e9 fundamental a elimina\u00e7\u00e3o do carv\u00e3o do mix energ\u00e9tico nacional.<\/p>\n

Lisboa, 18 de janeiro de 2017<\/p>\n

A Dire\u00e7\u00e3o Nacional da Quercus \u2013 Associa\u00e7\u00e3o Nacional de Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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