{"id":15238,"date":"2021-03-11T18:16:37","date_gmt":"2021-03-11T18:16:37","guid":{"rendered":"https:\/\/quercus.pt\/?p=15238"},"modified":"2021-03-11T18:26:43","modified_gmt":"2021-03-11T18:26:43","slug":"antenas-de-telemovel-suscitam-duvidas","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/quercus.pt\/2021\/03\/11\/antenas-de-telemovel-suscitam-duvidas\/","title":{"rendered":"Antenas de telem\u00f3vel suscitam d\u00favidas"},"content":{"rendered":"

S\u00e3o cada vez mais as pessoas que, em Portugal, vivem atormentadas por ter uma antena de telem\u00f3vel instalada perto de casa, e bem gostariam que ela l\u00e1 n\u00e3o estivesse, pois nunca se falou tanto do perigo para a sa\u00fade que elas podem constituir. Mas ningu\u00e9m lhes pode oficialmente dar respostas, a come\u00e7ar pelos m\u00e9dicos. O \u00fanico consenso cient\u00edfico sobre os efeitos das emiss\u00f5es de radiofrequ\u00eancia (RF) para a sa\u00fade humana \u00e9 o de que “\u00e9 necess\u00e1ria investiga\u00e7\u00e3o mais aprofundada”.<\/p>\n

Sempre a mesma conclus\u00e3o, quer se trate de organiza\u00e7\u00f5es internacionais, cientistas ou as ind\u00fastrias do sector. No entanto, muitos pa\u00edses e institui\u00e7\u00f5es, entre as quais a Uni\u00e3o Europeia, optaram por uma “pol\u00edtica de precau\u00e7\u00e3o”. Por isso fixaram limites para as emiss\u00f5es, tanto para as esta\u00e7\u00f5es de r\u00e1dio e televis\u00e3o como para as esta\u00e7\u00f5es-base dos telem\u00f3veis.<\/p>\n

“\u00c9 imperativo proteger a popula\u00e7\u00e3o na Comunidade contra os comprovados efeitos adversos para a sa\u00fade suscept\u00edveis de resultar da exposi\u00e7\u00e3o a campos electromagn\u00e9ticos”, foi a conclus\u00e3o a que chegou o Conselho Europeu, que a 12 de Julho de 1999 adoptou uma Recomenda\u00e7\u00e3o relativa \u00e0 Limita\u00e7\u00e3o da Exposi\u00e7\u00e3o da Popula\u00e7\u00e3o aos Campos Electromagn\u00e9ticos (CEM)* *(PDF-154kb). O documento foi feito a pensar “nos locais em que as pessoas passam per\u00edodos de tempo significativos”.<\/p>\n

O Instituto das Comunica\u00e7\u00f5es de Portugal (ICP), entidade que no nosso pa\u00eds regula o sector, adoptou a 6 de Abril os n\u00edveis de refer\u00eancia do Conselho Europeu. Contactado pelo ABC, o ICP garantiu ter os meios para verificar o cumprimento dos limites, o que pode fazer “em resposta a pedidos de esclarecimento dos cidad\u00e3os ou no \u00e2mbito do trabalho normal de fiscaliza\u00e7\u00e3o”.<\/p>\n

Sa\u00fade p\u00fablica \u00e0 margem<\/strong><\/p>\n

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A instala\u00e7\u00e3o de esta\u00e7\u00f5es de radiocomunica\u00e7\u00f5es j\u00e1 \u00e9 regulada pelo Decreto-lei n.\u00ba 151-A\/2000, de 20 de Julho, mas ainda n\u00e3o h\u00e1 qualquer interven\u00e7\u00e3o das autoridades em mat\u00e9ria de sa\u00fade p\u00fablica. Nenhum parecer \u00e9 dado \u00e0 instala\u00e7\u00e3o de antenas, sujeitas a licenciamento pelo ICP e pelas autarquias. O que torna poss\u00edvel a coloca\u00e7\u00e3o de uma esta\u00e7\u00e3o-base da Optimus no recinto do Centro de Sa\u00fade da Parede, ainda que o Conselho Europeu e a Organiza\u00e7\u00e3o Mundial de Sa\u00fade (OMS) aconselhem uma aten\u00e7\u00e3o especial a esses locais.<\/p>\n

Perante um abaixo-assinado e o pedido de esclarecimento de um morador da vizinhan\u00e7a, a direc\u00e7\u00e3o do Centro de Sa\u00fade remeteu o assunto \u00e0 Sub-Regi\u00e3o de Sa\u00fade de Lisboa, respons\u00e1vel pelo contrato com o operador, que \u00e9 v\u00e1lido at\u00e9 2015. A torre de cerca de 25 metros foi colocada no parque de estacionamento dos utentes, nas traseiras do edif\u00edcio.<\/p>\n

Jos\u00e9 Pinto Correia, Director de Rede da Optimus, disse ao ABC que a empresa definiu “um conjunto de regras de planeamento e implementa\u00e7\u00e3o das esta\u00e7\u00f5es-base”, mas n\u00e3o existe uma diferencia\u00e7\u00e3o na escolha dos locais.<\/p>\n

Instala\u00e7\u00e3o de antenas ignora moradores<\/strong><\/p>\n

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“Para n\u00f3s, \u00e9 um bocado indiferente onde instalamos as antenas”, admitiu ao ABC Filipe Proen\u00e7a, da TMN. A OMS recomenda um cuidado especial no caso de jardins de inf\u00e2ncia, escolas e parques. No entanto, n\u00e3o existe um protocolo para este processo, como sugeria o “Relat\u00f3rio Stewart”, divulgado o ano passado no Reino Unido. A localiza\u00e7\u00e3o das antenas continua a ser ditada por crit\u00e9rios t\u00e9cnicos e comerciais, e \u00e9 preciso ter em conta que existem contrapartidas financeiras \u00e0 sua aceita\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

A OMS recomenda tamb\u00e9m que o processo de localiza\u00e7\u00e3o passe pela discuss\u00e3o aberta entre o operador, as autoridades locais e o p\u00fablico, como forma de salvaguardar os direitos dos cidad\u00e3os, mas na verdade a discuss\u00e3o s\u00f3 come\u00e7a quando surgem os protestos. Os moradores de uma zona onde est\u00e1 planeada a instala\u00e7\u00e3o de uma antena de telem\u00f3vel, ou v\u00e1rias, s\u00e3o geralmente surpreendidos quando os t\u00e9cnicos aparecem para montar o equipamento.<\/p>\n

A densidade de pot\u00eancia \u00e9 uma refer\u00eancia importante para avaliar a exposi\u00e7\u00e3o \u00e0 RF, tanto no caso dos utilizadores dos telem\u00f3veis como no das esta\u00e7\u00f5es-base. Esta grandeza pode ser medida nas imedia\u00e7\u00f5es
\ndas antenas, e na Uni\u00e3o Europeia o valor-guia \u00e9 de f\/200 W\/m2 (esta grandeza \u00e9 medida em watts por metro quadrado).<\/p>\n

Os operadores, apesar de n\u00e3o serem obrigados por lei, fazem medi\u00e7\u00f5es nas esta\u00e7\u00f5es-base, at\u00e9 para controlar a interfer\u00eancias. A TMN realiza medi\u00e7\u00f5es de densidade de pot\u00eancia em 25 locais, representativos dos v\u00e1rios tipos de antena que comp\u00f5em a rede da empresa, que tem neste momento mais de tr\u00eas mil esta\u00e7\u00f5es-base. A empresa pediu recentemente a colabora\u00e7\u00e3o do professor Lu\u00eds Correia, docente de Telecomunica\u00e7\u00f5es M\u00f3veis no Instituto Superior T\u00e9cnico, para que os dados recolhidos pudessem ser estudados.<\/p>\n

Quanto \u00e0 Optimus, todas as 1800 esta\u00e7\u00f5es-base s\u00e3o controladas pelos t\u00e9cnicos da empresa. O ABC contactou igualmente a Telecel, mas n\u00e3o foi poss\u00edvel obter uma resposta atempada. “Com os telem\u00f3veis inverteu-se o \u00f3nus da prova. Agora \u00e9 preciso provar que n\u00e3o fazem mal, mas isso \u00e9 muito dif\u00edcil”, comentou ao ABC Lu\u00eds Correia, considerado pelo Minist\u00e9rio da Sa\u00fade um dos maiores peritos em radia\u00e7\u00e3o electromagn\u00e9tica a n\u00edvel nacional.<\/p>\n

“Se quisermos, at\u00e9 podemos quintuplicar a pot\u00eancia, porque usufru\u00edmos duma consider\u00e1vel margem de seguran\u00e7a. A pot\u00eancia das esta\u00e7\u00f5es-base est\u00e1 100 vezes abaixo dos n\u00edveis de refer\u00eancia fixados pelo Conselho Europeu”, garante o Director de Qualidade de Rede da TMN, o engenheiro Filipe Proen\u00e7a.<\/p>\n

O mesmo \u00e9 dizer margem de manobra, quando o concurso para opera\u00e7\u00e3o com a tecnologia UMTS (que permitir\u00e1 aceder \u00e0\/ internet\/ pelo telem\u00f3vel) acaba de fechar. Esta nova tecnologia vai implicar uma alargada capacidade de retransmiss\u00e3o e multiplicar as antenas espalhadas por todo o pa\u00eds.<\/p>\n

Exposi\u00e7\u00e3o \u00e0 radia\u00e7\u00e3o tem vindo a aumentar<\/strong><\/p>\n

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Se a pot\u00eancia das esta\u00e7\u00f5es-base de telem\u00f3veis at\u00e9 \u00e9 mais baixa que a de uma torre de r\u00e1dio ou televis\u00e3o (at\u00e9 40 mil watts), o facto \u00e9 que cada um dos operadores possui milhares por todo o pa\u00eds. No caso de viver junto a antenas de v\u00e1rios operadores e a outras fontes de emiss\u00e3o de ondas r\u00e1dio, a densidade de pot\u00eancia ter\u00e1 de ser somada, de acordo com a Recomenda\u00e7\u00e3o do Conselho Europeu.<\/p>\n

“A exposi\u00e7\u00e3o m\u00e9dia \u00e0 radia\u00e7\u00e3o electromagn\u00e9tica tem vindo a aumentar ao longo dos anos”, salienta Lu\u00eds Correia. Embora considere seguros os limites fixados pelas organiza\u00e7\u00f5es internacionais, o investigador prefere n\u00e3o ilibar a radiofrequ\u00eancia, e admite que esta possa comportar riscos para a sa\u00fade, tal como a radia\u00e7\u00e3o solar numa exposi\u00e7\u00e3o prolongada.<\/p>\n

As fontes de RF rodeiam-nos por todo o lado: torres de transmiss\u00e3o da r\u00e1dio e da televis\u00e3o, sistemas de radar ou de detec\u00e7\u00e3o de fogos, funcionam muitas vezes na mesma gama de frequ\u00eancias das telecomunica\u00e7\u00f5es m\u00f3veis, e a uma pot\u00eancia semelhante. Vivemos e trabalhamos sob influ\u00eancia permanente dos mais variados campos electromagn\u00e9ticos (CEM). Se vierem a verificar-se efeitos adversos sobre a sa\u00fade humana, eles podem ser consider\u00e1veis, se tivermos em conta que a popula\u00e7\u00e3o est\u00e1 exposta 24 horas por dia, 365 dias por ano.<\/p>\n

O “Relat\u00f3rio Stewart”, encomendado pelo governo brit\u00e2nico para esclarecer definitivamente a quest\u00e3o dos telem\u00f3veis e da sa\u00fade p\u00fablica, concluiu que “n\u00e3o h\u00e1 evid\u00eancia cient\u00edfica de que as radia\u00e7\u00f5es sejam nocivas abaixo dos n\u00edveis de refer\u00eancia estabelecidos”, mas considerou que as lacunas no conhecimento cient\u00edfico justificam uma “pol\u00edtica de precau\u00e7\u00e3o”.<\/p>\n

O grupo de investigadores, que manteve o di\u00e1logo com representantes da ind\u00fastria e organiza\u00e7\u00f5es como a Powerwatch e os Amigos da Terra , recomenda, entre outras coisas, que os telem\u00f3veis sejam evitados em escolas e hospitais, onde podem interferir com v\u00e1rios dispositivos m\u00e9dicos.<\/p>\n

A pr\u00f3pria Organiza\u00e7\u00e3o Mundial de Sa\u00fade (OMS), apesar da posi\u00e7\u00e3o cautelosa que tem tido sobre esta mat\u00e9ria, recomenda igualmente que os telem\u00f3veis sejam evitados em hospitais, chegando a afirmar que
\nestes “podem ser um perigo para os pacientes em cuidados intensivos” ou que usem dispositivos como os \/pace-makers\/, devido \u00e0 possibilidade de interfer\u00eancia nestes aparelhos.<\/p>\n

Viver num mar de radia\u00e7\u00e3o<\/strong><\/p>\n

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Na Europa, Austr\u00e1lia e Estados Unidos surgem cada vez mais movimentos de protesto contra as torres que transmitem ondas r\u00e1dio. O NIFATT (Fam\u00edlias da Irlanda do Norte contra os Transmissores de Telecomunica\u00e7\u00f5es), que agrupa 30 comiss\u00f5es de moradores, est\u00e1 a pressionar o governo brit\u00e2nico a instituir uma dist\u00e2ncia m\u00ednima de 500 metros de casas e escolas. O NIFATT chega a derrubar antenas e a impedir os t\u00e9cnicos de as instalarem.<\/p>\n

A instala\u00e7\u00e3o de esta\u00e7\u00f5es-base de telem\u00f3veis tem gerado intensa pol\u00e9mica, e Portugal n\u00e3o lhe tem escapado. As not\u00edcias de protestos da popula\u00e7\u00e3o s\u00e3o frequentes e prendem-se muitas vezes com a defesa do patrim\u00f3nio. Em Mar\u00e7o deste ano, em Jarmelo, na Guarda, a popula\u00e7\u00e3o obrigou a TMN a retirar uma antena que tinha instalado em 1998 na zona hist\u00f3rica da freguesia, apesar de um parecer favor\u00e1vel do IPPAR.<\/p>\n

Tamb\u00e9m ao n\u00edvel da sa\u00fade s\u00e3o as pessoas que se sentem lesionadas que t\u00eam de tomar a iniciativa, apresentando queixa, procurando informa\u00e7\u00e3o junto das autoridades – como o ICP – ou dos pr\u00f3prios operadores, ou ainda atrav\u00e9s de abaixo-assinados. Mas para isso \u00e9 preciso que conhe\u00e7am a natureza das tecnologias utilizadas e os seus eventuais riscos, o que nem sempre acontece.<\/p>\n

A Recomenda\u00e7\u00e3o do Conselho Europeu, tal como as normas nacionais, insistem na import\u00e2ncia da informa\u00e7\u00e3o ao p\u00fablico, mas a atribui\u00e7\u00e3o de responsabilidades n\u00e3o \u00e9 clara. O ICP diz-se preparado para o
\n“esclarecimento de d\u00favidas e aconselhamento”, mas remete para as entidades licenciadoras, nomeadamente as autarquias.<\/p>\n

Efeitos sobre o corpo humano<\/strong><\/p>\n

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A fixa\u00e7\u00e3o de limites e normas para as emiss\u00f5es de radiofrequ\u00eancia assenta sobretudo sobre o factor de aquecimento, embora admita a ocorr\u00eancia de efeitos n\u00e3o t\u00e9rmicos, pela indu\u00e7\u00e3o de correntes el\u00e9ctricas no organismo. A SAR (Specific Absortion Rate – Taxa de Absor\u00e7\u00e3o Espec\u00edfica) mede o grau de absor\u00e7\u00e3o de energia pelos tecidos biol\u00f3gicos, e mede-se em Watts por Quilograma.<\/p>\n

Os valores m\u00e1ximos recomendados pelo Conselho Europeu s\u00e3o de 0,08 W\/Kg para todo o corpo, de 2 W\/Kg para a cabe\u00e7a e tronco, e de 4 W\/Kg para os membros, tendo em conta que no caso dos utilizadores de telem\u00f3vel a exposi\u00e7\u00e3o \u00e9 localizada. Uma SAR de 0,4 W\/Kg levaria dez dias a derreter um quilo de gelo.<\/p>\n

A Cellular Telecommunications Industry Association (CTIA) encorajou os fabricantes de telem\u00f3veis dos EUA a incluir nos manuais de instru\u00e7\u00f5es dos aparelhos o respectivo n\u00edvel de SAR. Os maiores fabricantes, a Motorola, Ericsson e Nokia, aderiram ao programa, prevendo que a partir do in\u00edcio deste ano tamb\u00e9m os telem\u00f3veis comercializados por estas empresas na Europa tivessem esta refer\u00eancia.<\/p>\n

O ABC contactou os tr\u00eas fabricantes, mas apenas a Ericsson — que concebeu o T-28 c, o \u00fanico aparelho que ultrapassava os n\u00edveis estabelecidos para a SAR na U.E. segundo um estudo sueco de 2000 — adiantou que a partir de Outubro todos os seus telem\u00f3veis v\u00e3o passar a ser acompanhados do respectivo n\u00edvel de SAR.<\/p>\n

A preocupa\u00e7\u00e3o em torno das radia\u00e7\u00f5es dos telem\u00f3veis – sobretudo a possibilidade de provocarem tumores no c\u00e9rebro humano – levaram a que cedo surgissem no mercado equipamentos que prometem absorver at\u00e9
\n90 por cento das radia\u00e7\u00f5es emitidas. “Os “\/shields\/” de facto absorvem as radia\u00e7\u00f5es, mas isso apenas provoca um aumento da pot\u00eancia dos telem\u00f3veis, acabando a exposi\u00e7\u00e3o por ser exactamente a mesma”, afirma Lu\u00eds Correia.<\/p>\n

“Os telem\u00f3veis est\u00e3o desenhados de forma a aumentar a pot\u00eancia quando detectam um obst\u00e1culo \u00e0 comunica\u00e7\u00e3o”, explica Filipe Proen\u00e7a, da TMN. A OMS continua a sustentar, por seu lado, que estes protectores “n\u00e3o se podem justificar em pressupostos m\u00e9dicos”.<\/p>\n

Enquanto a SAR e os efeitos t\u00e9rmicos da RF continuam a ser motivo de preocupa\u00e7\u00e3o, uma parte da comunidade cient\u00edfica debru\u00e7a-se sobre os efeitos n\u00e3o t\u00e9rmicos da RF, ainda mais controversos. Em 1999, um grupo de investigadores da Universidade de Lund, na Su\u00e9cia, exp\u00f4s um grupo de ratos a impulsos de micro-ondas semelhantes aos emitidos pelos telem\u00f3veis. Em dois minutos a barreira sangu\u00ednea foi rompida, tornando os tecidos cerebrais vulner\u00e1veis \u00e0 entrada de prote\u00ednas e toxinas. O neurologista que conduziu a investiga\u00e7\u00e3o, Leif Salford, lembrou na altura que “doen\u00e7as degenerativas como a de Alzheimer ou a esclerose m\u00faltipla est\u00e3o relacionadas com prote\u00ednas detectadas no c\u00e9rebro”.<\/p>\n

A maioria dos estudos cient\u00edficos sobre os CEM est\u00e1 voltada para os utilizadores de telefones m\u00f3veis. S\u00e3o poucos os que se dedicam ao estudo das esta\u00e7\u00f5es-base, linhas de alta tens\u00e3o ou torres de emiss\u00e3o
\nde r\u00e1dio e TV.<\/p>\n

A hip\u00f3tese mais frequentemente levantada pelos estudos m\u00e9dicos \u00e9 a de que os telem\u00f3veis podem interferir com o funcionamento do sistema nervoso. As queixas mais frequentes dos utilizadores prendem-se com problemas nos olhos e ouvidos, sensa\u00e7\u00f5es de ardor ou calor, dores de cabe\u00e7a e falhas de mem\u00f3ria. A OMS admite a ocorr\u00eancia de altera\u00e7\u00f5es na actividade cerebral e perturba\u00e7\u00f5es do sono, mas minimiza os efectivos riscos para a sa\u00fade a longo prazo.<\/p>\n

A Sociedade Internacional para a Investiga\u00e7\u00e3o da Contamina\u00e7\u00e3o Electromagn\u00e9tica (IGEF), sediada na Alemanha, detectou sintomas comuns nos moradores de 280 casas pr\u00f3ximas de antenas de telem\u00f3veis: dores de cabe\u00e7a, perturba\u00e7\u00f5es do sono, arritmias card\u00edacas e bloqueios mentais eram as queixas mais frequentes entre as pessoas que viviam na zona h\u00e1 mais de dez anos.<\/p>\n

Aquele que \u00e9 considerado o maior estudo alguma vez realizado para descobrir uma eventual rela\u00e7\u00e3o entre as emiss\u00f5es de RF e casos de cancro come\u00e7ou no ano passado. Financiado pela Comiss\u00e3o Europeia, a investiga\u00e7\u00e3o envolve nove mil pessoas em 14 pa\u00edses diferentes, e incide sobre casos de tumores cerebrais, do nervo auditivo e da gl\u00e2ndula salivar.<\/p>\n

A OMS iniciou o seu pr\u00f3prio projecto de investiga\u00e7\u00e3o – o International Electromagnetic Fields Project — com o objectivo de fazer a revis\u00e3o cient\u00edfica dos estudos contradit\u00f3rios que v\u00e3o surgindo, harmonizar os padr\u00f5es internacionais e produzir material de informa\u00e7\u00e3o. Paralelamente a organiza\u00e7\u00e3o coordena um estudo epidemiol\u00f3gico, que envolve dez pa\u00edses na tentativa de descobrir uma eventual rela\u00e7\u00e3o entre o uso de telem\u00f3veis e o cancro. Este estudo foi antecipado para que os resultados estejam dispon\u00edveis em 2003.<\/p>\n

Enquanto se instala no mercado e experimenta tecnologias, a ind\u00fastria das telecomunica\u00e7\u00f5es m\u00f3veis tem vindo a financiar investiga\u00e7\u00e3o, que acaba invariavelmente por concluir que “\u00e9 necess\u00e1ria mais investiga\u00e7\u00e3o”. No entanto, um destes estudos, levado a cabo durante seis anos e apoiado pelo governo norte-americano, acabou por n\u00e3o se revelar in\u00f3cuo como se esperava.<\/p>\n

George Carlo, um dos participantes nas investiga\u00e7\u00f5es, veio a p\u00fablico afirmar que as radia\u00e7\u00f5es dos telem\u00f3veis podem provocar altera\u00e7\u00f5es gen\u00e9ticas no sangue humano, aumentando o risco de tumores cerebrais e do nervo auditivo. “Agora as empresas de telem\u00f3veis est\u00e3o a gastar milh\u00f5es para me desacreditar, porque simplesmente n\u00e3o gostaram do que eu disse”, afirmou na altura o cientista, acusando as companhias de n\u00e3o terem dado ouvidos \u00e0s conclus\u00f5es de um estudo que elas pr\u00f3prias financiaram, e de n\u00e3o terem “a m\u00ednima considera\u00e7\u00e3o pelos utilizadores de telem\u00f3veis”.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

S\u00e3o cada vez mais as pessoas que, em Portugal, vivem atormentadas por ter uma antena de telem\u00f3vel instalada perto de casa, e bem gostariam que ela l\u00e1 n\u00e3o estivesse, pois nunca se falou tanto do perigo para a sa\u00fade que elas podem constituir. Mas ningu\u00e9m lhes pode oficialmente dar respostas, a come\u00e7ar pelos m\u00e9dicos. O […]<\/p>\n","protected":false},"author":5,"featured_media":14123,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"inline_featured_image":false,"footnotes":""},"categories":[382],"tags":[385],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/15238"}],"collection":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/users\/5"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=15238"}],"version-history":[{"count":2,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/15238\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":15275,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/15238\/revisions\/15275"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/media\/14123"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=15238"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=15238"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=15238"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}