{"id":14419,"date":"2021-03-08T16:44:08","date_gmt":"2021-03-08T16:44:08","guid":{"rendered":"https:\/\/quercus.pt\/?p=14419"},"modified":"2021-03-08T16:44:08","modified_gmt":"2021-03-08T16:44:08","slug":"quercus-exige-retirada-de-proposta-de-financiar-novos-eucaliptais-com-fundos-comunitarios","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/quercus.pt\/2021\/03\/08\/quercus-exige-retirada-de-proposta-de-financiar-novos-eucaliptais-com-fundos-comunitarios\/","title":{"rendered":"Quercus exige retirada de proposta de financiar novos eucaliptais com fundos comunit\u00e1rios"},"content":{"rendered":"

\"EucaliptalA Quercus esteve a avaliar o documento a vers\u00e3o de 10 de Mar\u00e7o para aplica\u00e7\u00e3o de fundos comunit\u00e1rios para o desenvolvimento rural do Gabinete de Pol\u00edticas e Planeamento do Minist\u00e9rio da Agricultura e do Mar \u2013 Programa de Desenvolvimento Rural Continente 2020, tendo constatado a proposta inaceit\u00e1vel de financiar novos eucaliptais, ainda para mais em terras agr\u00edcolas.<\/strong><\/p>\n

O documento de proposta do Programa de Desenvolvimento Rural para o Continente 2014-2020 apresentado pelo Gabinete de Pol\u00edticas de Planeamento do Minist\u00e9rio da Agricultura, apesar de ter algumas propostas que a Quercus v\u00ea como importantes para o desenvolvimento sustent\u00e1vel do mundo rural, como a instala\u00e7\u00e3o de mosaicos agro-florestais para aumento da resili\u00eancia do territ\u00f3rio aos inc\u00eandios florestais e um ligeiro aumento do financiamento comunit\u00e1rio para a gest\u00e3o da floresta que poder\u00e1 chegar aos 80% a fundo perdido, apresenta tamb\u00e9m propostas contradit\u00f3rias, como o apoio a novas planta\u00e7\u00f5es de eucaliptos em terras agr\u00edcolas, assim como em espa\u00e7os florestais onde ocorrem outras esp\u00e9cies como o pinheiro-bravo e outras esp\u00e9cies da nossa floresta aut\u00f3ctone.<\/p>\n

Neste contexto, constatando-se que as condi\u00e7\u00f5es de acesso propostas permitem apoiar at\u00e9 40% a fundo perdido a planta\u00e7\u00e3o para as esp\u00e9cies de r\u00e1pido crescimento \u2013 leia-se eucaliptais em rota\u00e7\u00f5es com uma dura\u00e7\u00e3o entre 8 e 20 anos – tal configura uma ajuda p\u00fablica a iniciativas particulares ou empresariais que concorrem livremente no mercado e n\u00e3o necessitam de quaisquer incentivos. Sendo j\u00e1 o eucalipto a esp\u00e9cie mais representativa no nosso espa\u00e7o florestal, ultrapassando os 820.000 hectares com tend\u00eancia para aumentar (a avalia\u00e7\u00e3o do pr\u00f3prio ICNF ao novo regime de arboriza\u00e7\u00e3o verificou que 92% dos pedidos se destinam a planta\u00e7\u00f5es de eucaliptos), mesmo sem financiamento, \u00e9 muito estranho que a politica p\u00fablica se concentre em aumentar ainda mais a \u00e1rea ocupada por monoculturas de eucalipto.<\/p>\n

Mais, os dados do invent\u00e1rio florestal comprovam a fraca produtividade do eucalipto devido \u00e0 sua m\u00e1 instala\u00e7\u00e3o e \u00e0 gest\u00e3o, mesmo em \u00e1reas com melhor aptid\u00e3o, uma situa\u00e7\u00e3o insustent\u00e1vel que faz com que Portugal importe hoje perto de 2.000.000 de m3 para satisfazer as necessidades da ind\u00fastria de celulose, apesar de tamb\u00e9m exportarmos madeira de eucalipto para Espanha.
\nHavendo pois um problema de produtividade, a Quercus considera que os fundos p\u00fablicos e comunit\u00e1rios devem ser concentrados na reconvers\u00e3o dos eucaliptais mal instalados e sem gest\u00e3o, em novos eucaliptais em zonas de aptid\u00e3o A e B e na substitui\u00e7\u00e3o do eucalipto por esp\u00e9cies aut\u00f3ctones em \u00e1reas de C e D, estas \u00faltima de prefer\u00eancia em \u00e1reas classificadas (Rede Natura 2000, \u00c1reas Protegidas, S\u00edtios Ramsar), tendo em vista resolver o problema de abastecimento e mitigar os impactes ambientais.<\/p>\n

N\u00e3o \u00e9 pois aceit\u00e1vel que haja qualquer tentativa de aumentar a \u00e1rea ocupada neste momento por eucalipto, quando bastaria melhorar a produtividade na \u00e1rea j\u00e1 ocupada pela esp\u00e9cie, algo que s\u00f3 se compreende pela miopia dos decisores pol\u00edticos que, sem vis\u00e3o estrat\u00e9gia para a floresta portuguesa, est\u00e1 a permitir que o pa\u00eds caminhe a passos largos para ter uma cultura cont\u00ednua de uma s\u00f3 esp\u00e9cie florestal, compactuando com flagelo dos fogos florestais, e n\u00e3o tenha um politica de longo prazo de fomento das esp\u00e9cies aut\u00f3ctones de crescimento mais lento e produtoras de madeira de qualidade.<\/p>\n

S\u00f3 a exist\u00eancia de uma pol\u00edtica p\u00fablica para as florestas, que Portugal n\u00e3o tem, garantir\u00e1 que tenhamos um patrim\u00f3nio florestal diversificado, mas para que tal aconte\u00e7a o Estado tem que remunerar a longo prazo que queira fazer outro tipo de floresta que n\u00e3o a de crescimento r\u00e1pido e assim assumir-se como um verdadeiro regulador que supre as falhas de mercado. Enquanto os nossos decisores pol\u00edticos n\u00e3o perceberem que o investimento na floresta n\u00e3o pode ser entregue somente \u00e0s regras de mercado que favorecem o eucalipto, ainda para mais com incentivos do Programa de Desenvolvimento Rural, Portugal vai continuar a arder Ver\u00e3o ap\u00f3s Ver\u00e3o, pelo que exigimos que seja retirada a possibilidade de financiar com dinheiros p\u00fablicos novas planta\u00e7\u00f5es de eucaliptos sejam elas em que circunst\u00e2ncias forem.<\/p>\n

Lisboa, 19 de Mar\u00e7o de 2014<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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