{"id":14340,"date":"2021-03-08T16:32:34","date_gmt":"2021-03-08T16:32:34","guid":{"rendered":"https:\/\/quercus.pt\/?p=14340"},"modified":"2021-03-18T17:50:36","modified_gmt":"2021-03-18T17:50:36","slug":"pulguinha-do-carvalho-uma-praga-para-a-floresta-portuguesa","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/quercus.pt\/2021\/03\/08\/pulguinha-do-carvalho-uma-praga-para-a-floresta-portuguesa\/","title":{"rendered":"Pulguinha-do-carvalho: uma praga para a floresta portuguesa"},"content":{"rendered":"

\"pulguinha1\"<\/em>O verde exuberante do carvalho-alvarinho do Noroeste de Portugal desapareceu no passado Ver\u00e3o. Copas secas, folhas reduzidas ao esqueleto das nervuras, bosques de folhagem castanha como se tivesse chegado um Outono prematuro: estes s\u00e3o os sinais e o panorama deixados por uma praga de insectos que nunca havia atacado as florestas portuguesas com semelhante intensidade. Em Laf\u00f5es e Celorico de Basto, onde prosperavam estes carvalhais, j\u00e1 praticamente n\u00e3o se encontra uma s\u00f3 destas \u00e1rvores ainda saud\u00e1vel.<\/strong><\/p>\n

O agente bi\u00f3tico respons\u00e1vel por este enorme dano ecol\u00f3gico \u00e9 um\u2028insecto chamado\u00a0Altica quercetorum<\/em>\u00a0(em vern\u00e1culo, “pulga” ou\u2028”pulguinha-dos-carvalhos”), filiado na ordem dos cole\u00f3pteros e na\u2028fam\u00edlia dos crisomel\u00eddeos, apresentando dimens\u00f5es do insecto adulto entre 3,5 a 5,0 mm.<\/p>\n

Uma vez sobre um hospedeiro, consome com\u2028voracidade o par\u00eanquima foliar, isto \u00e9, os tecidos vivos entre as\u2028epidermes e as nervuras das folhas. Quando encontra boas condi\u00e7\u00f5es\u2028biof\u00edsicas – invernos pouco h\u00famidos, muita insola\u00e7\u00e3o – ocorre uma\u2028 explos\u00e3o demogr\u00e1fica e, para alimentar as suas imensas coortes, chega\u2028a devorar mais de 95% da folhagem das \u00e1rvores, deixando-as incapazes de \u2028fotossintetizar e de respirar devidamente. N\u00e3o raras vezes chega a\u2028ganhar alento para atacar tamb\u00e9m outras esp\u00e9cies como carvalhos-\u2028pardos, sobreiros, cerquinhos, amieiros, aveleiras e salgueiros.<\/p>\n

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Embora a pulguinha-dos-carvalhos, por si s\u00f3, dificilmente consiga matar o\u2028hospedeiro, o facto \u00e9 que o debilita de um modo que o deixa vulner\u00e1vel\u2028a toda a sorte de agentes patog\u00e9nicos letais.<\/p>\n

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Abundante no centro e sul da Europa, foi encontrada pela primeira\u2028vez em Portugal em 1896, na regi\u00e3o de Vila Real, sem causar motivos para alarme. Durante o s\u00e9culo XX e por todo o continente europeu raras vezes suscitou preocupa\u00e7\u00f5es: as maiores infesta\u00e7\u00f5es jamais notadas eram, at\u00e9 1985, um ataque de 10 hectares na Alemanha e outro de 100 hectares na \u00c1ustria.\u2028No in\u00edcio dos anos 1990, por\u00e9m, soou o alarme na Galiza: invernos\u2028anormalmente secos fizeram disparar uma onda de pragas desta “pulgui\u00f1a\u2028do carballo” (como \u00e9 chamada em terras galaicas) – s\u00f3 no ano de 1993\u2028, mais de 8000 hectares de carvalhal foram atingidos, causando estragos\u2028sem precedentes.<\/p>\n

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Desde ent\u00e3o os ataques reiteraram-se, a ponto de a\u2028Xunta de Galicia reconhecer esta praga como um exemplo acabado de\u2028perturba\u00e7\u00e3o ecol\u00f3gica fomentada pelas altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas, \u2028conferir-lhe oficialmente o estatuto de praga florestal, e incumbir\u2028os servi\u00e7os florestais p\u00fablicos de combat\u00ea-la.<\/p>\n

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No territ\u00f3rio portugu\u00eas, os primeiros ataques desta praga foram registados em 1991, sem necessidade de especiais medidas de defesa fitossanit\u00e1ria. Por\u00e9m, face \u00e0 paisagem confrangedora que em Agosto de 2009 formaram os carvalhais ressequidos de Laf\u00f5es e de muitos outros locais do norte e centro do pa\u00eds, urge reconhecer oficialmente a ocorr\u00eancia desta praga e encetar, quanto antes, o controlo apropriado. Quanto mais cedo as autoridades florestais o fizerem, melhor h\u00e3o-de mitigar uma mais que prov\u00e1vel propaga\u00e7\u00e3o a outras regi\u00f5es do pa\u00eds, e o eventual cont\u00e1gio a outras importantes esp\u00e9cies da nossa flora arb\u00f3rea.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

O verde exuberante do carvalho-alvarinho do Noroeste de Portugal desapareceu no passado Ver\u00e3o. Copas secas, folhas reduzidas ao esqueleto das nervuras, bosques de folhagem castanha como se tivesse chegado um Outono prematuro: estes s\u00e3o os sinais e o panorama deixados por uma praga de insectos que nunca havia atacado as florestas portuguesas com semelhante intensidade. […]<\/p>\n","protected":false},"author":5,"featured_media":14123,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"inline_featured_image":false,"footnotes":""},"categories":[376],"tags":[],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/14340"}],"collection":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/users\/5"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=14340"}],"version-history":[{"count":2,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/14340\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":15618,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/14340\/revisions\/15618"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/media\/14123"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=14340"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=14340"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=14340"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}