{"id":13775,"date":"2021-03-05T17:09:15","date_gmt":"2021-03-05T17:09:15","guid":{"rendered":"https:\/\/quercus.pt\/?p=13775"},"modified":"2021-03-05T17:09:15","modified_gmt":"2021-03-05T17:09:15","slug":"o-que-pensa-a-populacao-do-transporte-colectivo-e-do-carro","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/quercus.pt\/2021\/03\/05\/o-que-pensa-a-populacao-do-transporte-colectivo-e-do-carro\/","title":{"rendered":"O que pensa a popula\u00e7\u00e3o do transporte colectivo e do carro?"},"content":{"rendered":"

Comunicado de Imprensa (11\/1\/2000): A insist\u00eancia da Quercus em rela\u00e7\u00e3o aos problemas dos transportes prende-se directamente com a melhoria da qualidade de vida das popula\u00e7\u00f5es em termos de mobilidade e fundamentalmente com a promo\u00e7\u00e3o de um melhor ambiente urbano, com menor ru\u00eddo e polui\u00e7\u00e3o do ar. Este ali\u00e1s ser\u00e1 o tema central do Conselho Europeu Informal de Ministros do Ambiente a decorrer em Lisboa no final deste m\u00eas de Janeiro.<\/b><\/p>\n

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Os resultados e as medidas relativas \u00e0 mobilidade na zona de Lisboa e que se podem transpor para outras grandes cidade do pa\u00eds que a seguir se apresentam resultam de um estudo realizado pela Quercus que envolveu trabalho de campo nos meses de Setembro e Outubro de 1999, (com mais de centena e meia de inqu\u00e9ritos seleccionados de forma a terem significado estat\u00edstico) incidindo no corredor da linha de Sacav\u00e9m, entre Portela da Az\u00f3ia e o terminal do Parque das Na\u00e7\u00f5es\/Expo 98.<\/p>\n

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A responsabilidade do estudo (anexo) esteve a cargo do Prof. Jos\u00e9 Manuel Palma e da Dra. Dalila Antunes, tendo sido apoiado pelo Instituto de Promo\u00e7\u00e3o Ambiental e pela Rodovi\u00e1ria de Lisboa.<\/p>\n

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O stress de andar de carro e\/ou transporte colectivo<\/b><\/p>\n

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O estudo agora efectuado permitiu tirar e validar um conjunto de conclus\u00f5es:<\/p>\n

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– O stress de andar quer de carro, quer de transporte colectivo, pode ser considerado como mediano. Este facto deve-se, por\u00e9m, \u00e0 exist\u00eancia de in\u00fameros mecanismos de adapta\u00e7\u00e3o que diminuem o stress mas aumentam a fadiga. Por outro lado, constata-se um aumento do stress nos per\u00edodos de maior intensidade de tr\u00e1fego, principalmente para os utentes do transporte colectivo.<\/p>\n

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– O inc\u00f3modo \u00e9 maior nos utilizadores de transporte p\u00fablico do que nos utilizadores do carro. Em grande parte o stress sentido nos transportes p\u00fablicos prende-se com a exiguidade de espa\u00e7o.<\/p>\n

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– O stress aumenta com a idade dos sujeitos.<\/p>\n

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– O tempo estimado a percorrer uma determinada dist\u00e2ncia pelos utentes do transporte colectivo \u00e9 muito maior (em geral mais de 50%), que o tempo estimado pelos automobilistas para o mesmo trajecto.<\/p>\n

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– O stress do condutor do carro \u00e9 tanto menor quanto maior o gosto por conduzir e a convic\u00e7\u00e3o de que \u00e9 um bom condutor, sendo que a maioria se considerara como tal.<\/p>\n

A inseguran\u00e7a nos transportes colectivos \u00e9 considerada elevada.<\/p>\n

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– O desejo de mudan\u00e7a para outro modo de transporte \u00e9 maior nos utentes do transporte publico. A mudan\u00e7a para o carro tende a tornar-se irrevers\u00edvel na medida em que, \u00e0 medida que o tempo passa, os utilizadores de carro v\u00e3o refor\u00e7ando a ideia negativa que t\u00eam dos transportes p\u00fablicos.<\/p>\n

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Um ciclo dram\u00e1tico, penalizador do transporte colectivo\u00a0<\/b><\/p>\n

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– Os utentes do carro avaliam o desconforto, a falta de espa\u00e7o, a impaci\u00eancia sentida no transporte colectivo como maiores que os utentes do transporte p\u00fablico. Este resultado n\u00e3o s\u00f3 indica que as pessoas se adaptam ao seu modo de transporte, mas tamb\u00e9m que os utentes do carro ao verem o transporte p\u00fablico como mais negativo ter\u00e3o menos vontade de mudan\u00e7a.<\/p>\n

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– Os utentes do transporte p\u00fablico escolhem-no principalmente por ser mais barato. Os automobilistas escolhem o carro por ser mais c\u00f3modo e mais r\u00e1pido.<\/p>\n

Os utilizadores do carro est\u00e3o menos dispostos a mudar de modo de transporte.<\/p>\n

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– A esmagadora maioria dos inquiridos considera importante melhorar os transportes colectivos, introduzir bilhetes integrados e aumentar a frequ\u00eancia das carreiras.<\/p>\n

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– Entramos assim num ciclo vicioso: h\u00e1 um desvio consistente para o transporte individual, principalmente de acordo com as capacidade econ\u00f3micas dos utentes. Assim, o transporte colectivo tem menos utentes, e logo tem menos receitas para melhorar o conforto, para oferecer mais carreiras e para baixar as tarifas. Havendo menos pessoas a usar o transporte colectivo e sendo estas principalmente as de estrato social mais baixo, a sensa\u00e7\u00e3o de inseguran\u00e7a \u00e9 maior e as diferen\u00e7as sociais acentuam-se. Por \u00faltimo, quem muda para o carro aumenta a imagem negativa dos transporte colectivos e torna-se mais renitente a voltar a us\u00e1-los. A esmagadora maioria dos inquiridos quer melhorar os transportes colectivos, mas todos querem melhor\u00e1-los principalmente para que os outros os utilizem e assim se possa andar melhor de carro.<\/p>\n

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Medidas<\/b><\/p>\n

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\u00c9 absolutamente necess\u00e1rio:<\/p>\n

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– Que o transporte colectivo seja mais r\u00e1pido e mais c\u00f3modo, e assim compar\u00e1vel ao transporte individual, fazendo com que aqueles sejam crit\u00e9rios de escolha do transporte colectivo.<\/p>\n

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– Uma melhor articula\u00e7\u00e3o entre diferentes modos de transporte, com hor\u00e1rios coordenados.<\/p>\n

A exist\u00eancia de um bilhete \u00fanico para que quem se desloque esporadicamente possa ir da periferia ao centro da cidade de forma mais c\u00f3moda e barata, sem adquirir bilhetes cada vez que muda do comboio ou camioneta para o metro ou mesmo entre autocarros.<\/p>\n

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– Mais corredores bus, onde a circula\u00e7\u00e3o deve estar desimpedida atrav\u00e9s de uma maior fiscaliza\u00e7\u00e3o. Interrup\u00e7\u00e3o da pol\u00edtica baseada na oferta de estradas, j\u00e1 que o aumento de infra-estruturas (estradas) conduz sempre um maior uso do carro.<\/p>\n

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– Uma promo\u00e7\u00e3o do transporte colectivo el\u00e9ctrico, pelo seu valor em termos culturais e ambientais (por n\u00e3o causar polui\u00e7\u00e3o do ar no local de circula\u00e7\u00e3o); o acabar com a carreira n\u00ba 18 dos el\u00e9ctricos na zona da Ajuda em Lisboa \u00e9 exactamente um exemplo contr\u00e1rio.<\/p>\n

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– Diminui\u00e7\u00e3o da oferta de estacionamento no centro da cidade, aumentando progressivamente o seu pre\u00e7o acompanhada, simultaneamente da constru\u00e7\u00e3o estrat\u00e9gica de parques na periferia, junto a terminais de transporte colectivo. Uma maior fiscaliza\u00e7\u00e3o para impedir o estacionamento em cima dos passeios.<\/p>\n

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A Direc\u00e7\u00e3o Nacional da Quercus \u2013 Associa\u00e7\u00e3o Nacional de Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza<\/p>\n

Lisboa, 11 de Janeiro de 2000<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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