{"id":13725,"date":"2021-03-05T16:54:20","date_gmt":"2021-03-05T16:54:20","guid":{"rendered":"https:\/\/quercus.pt\/?p=13725"},"modified":"2021-03-05T16:54:20","modified_gmt":"2021-03-05T16:54:20","slug":"alteracoes-climaticas-portugal-sem-medidas-cada-vez-mais-longe-de-quioto","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/quercus.pt\/2021\/03\/05\/alteracoes-climaticas-portugal-sem-medidas-cada-vez-mais-longe-de-quioto\/","title":{"rendered":"Altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas: Portugal sem medidas, cada vez mais longe de Quioto"},"content":{"rendered":"

Portugal regista uma derrapagem de +2,6% nas emiss\u00f5es de gases de estufa – por este caminho em 2010 estaremos 33% acima do compromisso de Quioto.<\/b><\/p>\n

\u00a0<\/b><\/p>\n

\"pastedGraphic.pdf\"<\/p>\n

Os dados hoje divulgados pela Ag\u00eancia Europeia de Ambiente relativos \u00e0s emiss\u00f5es de gases de efeito de estufa respons\u00e1veis pelas altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas mostram que a situa\u00e7\u00e3o de Portugal est\u00e1 a piorar cada vez mais e s\u00e3o reflexo da insustentabilidade do pa\u00eds em termos energ\u00e9ticos. Em 2000, Portugal estava j\u00e1 acima dos 27% fixados como meta de aumento das emiss\u00f5es de acordo com o Protocolo de Quioto em rela\u00e7\u00e3o a 1990. Em 2001, e se excluirmos a componente relativa \u00e0s altera\u00e7\u00f5es de uso do solo, Portugal passa de 33,9% em 2002 para 36,5%, acima das emiss\u00f5es de 1990. Isto \u00e9, em 2001 estamos 9,5% acima da meta de Quioto. Se esta taxa de crescimento anual verificada entre 2000 e 2001 se mantiver, em 2010 estaremos 33% acima da meta de Quioto.<\/p>\n

 <\/p>\n

Note-se que numa altura de recess\u00e3o econ\u00f3mica, com indicadores como um decr\u00e9scimo do Produto Interno Bruto durante alguns meses, Portugal apresenta uma situa\u00e7\u00e3o in\u00e9dita – de acordo com resultados preliminares o consumo de energia entre Janeiro de 2002 e Janeiro de 2003 aumentou mais v\u00e1rios pontos percentuais. Portugal, que j\u00e1 era o pa\u00eds europeu com pior desempenho em termos de intensidade energ\u00e9tica, v\u00ea-se assim numa situa\u00e7\u00e3o ainda mais grave; a intensidade energ\u00e9tica \u00e9 um indicador do consumo de energia em rela\u00e7\u00e3o ao PIB, significando assim que estamos a consumir muito mais energia face ao desenvolvimento econ\u00f3mico que apresentamos. Por outras palavras, estamos a desperdi\u00e7ar cada vez mais recursos e energia, sem sabermos gerir a procura, em particular nos sectores dos transportes e produ\u00e7\u00e3o de electricidade.<\/p>\n

 <\/p>\n

\u00c9 tamb\u00e9m de lamentar que s\u00f3 atrav\u00e9s da Ag\u00eancia Europeia de Ambiente se tenha conhecimento dos maus resultados de Portugal, n\u00e3o tendo o Governo capacidade para colocar este assunto nas suas prioridades de informa\u00e7\u00e3o e discuss\u00e3o.<\/p>\n

 <\/p>\n

Em Janeiro de 2003, a revis\u00e3o do Plano Nacional de Altera\u00e7\u00f5es Clim\u00e1ticas j\u00e1 tra\u00e7ava um cen\u00e1rio dif\u00edcil<\/b><\/p>\n

 <\/p>\n

Com base no cen\u00e1rio de refer\u00eancia considerado no Plano Nacional para as Altera\u00e7\u00f5es Clim\u00e1ticas (PNAC) – vers\u00e3o 2001 apresentado em Dezembro de 2001 para a evolu\u00e7\u00e3o econ\u00f3mica at\u00e9 2008-2012, o esfor\u00e7o necess\u00e1rio de redu\u00e7\u00e3o de emiss\u00f5es de gases de efeito de estufa era de 11,3 Mton (megatoneladas de CO2 equivalente). Os dados anunciados em Janeiro de 2003 mostram que afinal ser\u00e1 necess\u00e1rio reduzir entre 15,4 a 19,1 Mton. Isto \u00e9, as estimativas de emiss\u00f5es para 2008-2012, mostram que nessa altura, se nada for feito, estaremos respectivamente entre mais 20% a mais 25% que o aumento autorizado pelo Protocolo de Quioto (+27% de emiss\u00f5es de gases de estufa em rela\u00e7\u00e3o ao emitido no ano de 1990). Infelizmente, j\u00e1 n\u00e3o ser\u00e3o certamente apenas medidas internas que ser\u00e3o suficientes para garantir o cumprimento do Protocolo de Quioto e teremos de recorrer a outros mecanismos. O esfor\u00e7o por\u00e9m ser\u00e1 sempre herc\u00faleo, e tanto maior por cada dia que passa, em que as emiss\u00f5es n\u00e3o param de aumentar.<\/p>\n

 <\/p>\n

Plano Nacional para as Altera\u00e7\u00f5es Clim\u00e1ticas \u2013 Governo falha compromisso da transpar\u00eancia.<\/b><\/p>\n

 <\/p>\n

O Governo comprometeu-se em Janeiro de 2003 a at\u00e9 Abril de 2003, disponibilizar publicamente um conjunto de elementos fundamentais do Plano Nacional para as Altera\u00e7\u00f5es Clim\u00e1ticas, de acordo com o Minist\u00e9rio das Cidades (ver\u00a0www.iambiente.pt<\/a>):<\/p>\n

\u00b7 quantificar o esfor\u00e7o de redu\u00e7\u00e3o para cumprimento dos compromissos;<\/p>\n

\u00b7 identificar as responsabilidades sectoriais em termos de emiss\u00f5es de gases de efeito de estufa (GEE);<\/p>\n

\u00b7 apresentar o conjunto de PeM (inter)sectoriais para controlo e redu\u00e7\u00e3o de GEE, e respectivos instrumentos, no curto, m\u00e9dio e longo prazo, explicitando a sua efic\u00e1cia ambiental, o esfor\u00e7o or\u00e7amental necess\u00e1rio para a sua implementa\u00e7\u00e3o e, sempre que poss\u00edvel, os seus impactos micro e macro-econ\u00f3micos;<\/p>\n

\u00b7 evidenciar os princ\u00edpios e condi\u00e7\u00f5es de pol\u00edtica que promovam a sua implementa\u00e7\u00e3o;<\/p>\n

\u00b7 identificar a participa\u00e7\u00e3o do pa\u00eds nos mecanismos de flexibilidade preconizados no Protocolo de Quioto;<\/p>\n

\u00b7 definir o seu sistema de monitoriza\u00e7\u00e3o e revis\u00e3o .<\/p>\n

 <\/p>\n

At\u00e9 agora, todas as propostas de medidas que constituem uma vertente fundamental do Plano continuam sem qualquer discuss\u00e3o que n\u00e3o seja interna por parte do Governo e de alguns sectores, sendo completamente desconhecidas das Organiza\u00e7\u00f5es N\u00e3o Governamentais de Ambiente.<\/p>\n

 <\/p>\n

Um esfor\u00e7o dif\u00edcil que tem de ser conclu\u00eddo em breve.<\/b><\/p>\n

 <\/p>\n

A tarefa de ter o Plano Nacional para as Altera\u00e7\u00f5es Clim\u00e1ticas finalizado no mais breve espa\u00e7o de tempo, passa por uma agenda de discuss\u00e3o das medidas que permitam garantir o cumprimento dos objectivos tra\u00e7ados. A Quercus est\u00e1 dispon\u00edvel para participar nas discuss\u00f5es sobre as medidas a tomar e a contribuir seriamente para que o cumprimento por Portugal do Protocolo de Quioto no quadro da Uni\u00e3o Europeia seja uma realidade, mesmo que dif\u00edcil. Esta tem sido apresentada junto do Minist\u00e9rio do Ambiente sem consequ\u00eancias… \u00c9 por\u00e9m preciso que o tema face parte da agenda pol\u00edtica do Governo, particularmente de Minist\u00e9rios como o da Economia, o das Finan\u00e7as, o das Obras P\u00fablicas e o da Educa\u00e7\u00e3o. \u00c9 preciso tamb\u00e9m que as altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas sejam uma das componentes priorit\u00e1rias do Governo.<\/p>\n

 <\/p>\n

Lisboa, 6 de Maio de 2003<\/p>\n

A Direc\u00e7\u00e3o Nacional da Quercus – Associa\u00e7\u00e3o Nacional de Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza<\/p>\n

 <\/p>\n

A Quercus faz parte de uma federa\u00e7\u00e3o de associa\u00e7\u00f5es de ambiente que trabalham conjuntamente na \u00e1rea das altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas (a Climate Action Network), de que ali\u00e1s fazem igualmente parte a Greenpeace, Amigos da Terra e WWF.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Portugal regista uma derrapagem de +2,6% nas emiss\u00f5es de gases de estufa – por este caminho em 2010 estaremos 33% acima do compromisso de Quioto. \u00a0 Os dados hoje divulgados pela Ag\u00eancia Europeia de Ambiente relativos \u00e0s emiss\u00f5es de gases de efeito de estufa respons\u00e1veis pelas altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas mostram que a situa\u00e7\u00e3o de Portugal est\u00e1 […]<\/p>\n","protected":false},"author":5,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"inline_featured_image":false,"footnotes":""},"categories":[192],"tags":[],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/13725"}],"collection":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/users\/5"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=13725"}],"version-history":[{"count":1,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/13725\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":13726,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/13725\/revisions\/13726"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=13725"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=13725"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=13725"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}