{"id":13474,"date":"2021-03-05T16:18:02","date_gmt":"2021-03-05T16:18:02","guid":{"rendered":"https:\/\/quercus.pt\/?p=13474"},"modified":"2021-03-05T16:18:02","modified_gmt":"2021-03-05T16:18:02","slug":"quercus-e-plataforma-transgenicos-fora-do-prato-pedem-proteccao-para-a-biodiversidade-agricola-portuguesa","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/quercus.pt\/2021\/03\/05\/quercus-e-plataforma-transgenicos-fora-do-prato-pedem-proteccao-para-a-biodiversidade-agricola-portuguesa\/","title":{"rendered":"Quercus e Plataforma Transg\u00e9nicos Fora do Prato pedem protec\u00e7\u00e3o para a biodiversidade agr\u00edcola portuguesa"},"content":{"rendered":"

O Dia Mundial da Alimenta\u00e7\u00e3o (16 de Outubro) foi institu\u00eddo pela FAO (Food and Agriculture Organization, das Na\u00e7\u00f5es Unidas) para comemorar a sua funda\u00e7\u00e3o, em 1945, data que marcou o in\u00edcio do combate internacional organizado contra a fome no mundo.<\/b><\/p>\n

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Em 2004 este Dia Mundial \u00e9 celebrado em torno do tema \u00b4Biodiversidade \u00e9 Seguran\u00e7a Alimentar\u00b4, o que significa o reconhecimento oficial da necessidade de maximizar em todo o mundo o n\u00famero de variedades vegetais e ra\u00e7as animais empregues na agricultura, ao arrepio do \u00faltimo s\u00e9culo em que, segundo a pr\u00f3pria FAO, se assistiu \u00e0 perda de 75% de toda a diversidade gen\u00e9tica anteriormente dispon\u00edvel. Neste momento 90% de todos os nossos alimentos prov\u00eam de 15 plantas e 8 animais, e 50% de todas as calorias s\u00e3o provenientes de apenas tr\u00eas cereais: trigo, milho e arroz. Para um exemplo concreto desta normaliza\u00e7\u00e3o alimentar repare-se na ma\u00e7\u00e3: das 8000 variedades existentes na Europa h\u00e1 100 anos atr\u00e1s, menos de 90 s\u00e3o ainda mantidas comercialmente no s\u00e9culo XXI.<\/p>\n

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As tend\u00eancias que conduziram \u00e0 actual situa\u00e7\u00e3o de eros\u00e3o gen\u00e9tica e agr\u00edcola n\u00e3o aconteceram por acaso ou coincid\u00eancia: s\u00e3o o fruto de uma estrat\u00e9gia bem intencionada mas mal direccionada que promoveu as monoculturas, os inputs baseados em combust\u00edveis f\u00f3sseis, a uniformiza\u00e7\u00e3o da paisagem e uma industrializa\u00e7\u00e3o que depende de maquinarias complexas ao mesmo tempo que exclui as pessoas. Os resultados, insustent\u00e1veis, est\u00e3o \u00e0 vista: segundo um estudo da Universidade de Essex, s\u00f3 no Reino Unido a agricultura custa anualmente \u00e0 sociedade brit\u00e2nica cerca de 3.8 mil milh\u00f5es de d\u00f3lares, ou seja, 377 d\u00f3lares por cada hectare cultivado. Este \u00e9 o valor das externalidades, que n\u00e3o s\u00e3o incorporadas no pre\u00e7o final dos alimentos nem s\u00e3o reembolsadas \u00e0 sociedade, e incluem factores como o custo da elimina\u00e7\u00e3o de pesticidas da \u00e1gua de beber, a repara\u00e7\u00e3o dos estragos causados pela eros\u00e3o do solo e o combate \u00e0 polui\u00e7\u00e3o do ar de origem agr\u00edcola, entre muitos outros. Os valores para Portugal n\u00e3o est\u00e3o calculados mas estima-se que atinjam a mesma ordem de grandeza.<\/p>\n

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S\u00f3 com a protec\u00e7\u00e3o e promo\u00e7\u00e3o da diversidade agr\u00edcola ser\u00e1 poss\u00edvel alimentar a popula\u00e7\u00e3o mundial em crescimento. Basta lembrar que uma das \u00faltimas grandes fomes europeias, que conduziu \u00e0 morte de dois milh\u00f5es de pessoas na Irlanda do s\u00e9cula XIX, foi causada por uma praga que destruiu toda a cultura de batata – j\u00e1 na altura dependente de uma s\u00f3 variedade, sens\u00edvel ao fungo em causa.<\/p>\n

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A introdu\u00e7\u00e3o de plantas geneticamente modificadas na agricultura – acelerada no passado m\u00eas de Setembro pela decis\u00e3o da Comiss\u00e3o Europeia de aprovar para toda a Uni\u00e3o 17 variedades de milho transg\u00e9nico – vem acelerar as tend\u00eancias redutoras da agricultura intensiva actual e assim p\u00f4r em risco a seguran\u00e7a alimentar de centenas de milh\u00f5es de pessoas. Vale a pena atentar no exemplo da soja transg\u00e9nica: existe uma \u00fanica variedade difundida em todo o mundo, semeada neste momento em mais de 40 milh\u00f5es de hectares – e se esta variedade se revelar, inesperadamente, sens\u00edvel a alguma praga como aconteceu \u00e0 batata na Irlanda?<\/p>\n

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Portugal tem de proteger as variedades tradicionais (de plantas e animais) que ainda lhe restam como seguro para a sua pr\u00f3pria seguran\u00e7a alimentar futura. Nesse sentido o Banco Portugu\u00eas de Germoplasma Vegetal \u00e9 uma das iniciativas a apoiar decisivamente, abrindo-a \u00e0 interac\u00e7\u00e3o natural com os agricultores portugueses – as plantas transg\u00e9nicas, por outro lado, e considerando que j\u00e1 contaminaram os centros de diversidade mais fulcrais do planeta, t\u00eam de ser simplesmente proibidas enquanto se mantiverem uma tecnologia incontrol\u00e1vel.<\/p>\n

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Porto, 15 de Outubro de 2004<\/p>\n

A Direc\u00e7\u00e3o Nacional da Quercus – Associa\u00e7\u00e3o Nacional de Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza &<\/p>\n

Plataforma \u00b4Transg\u00e9nicos Fora do Prato\u00b4, uma estrutura integrada por oito entidades n\u00e3o-governamentais da \u00e1rea do ambiente e agricultura (Agrobio, Biocoop, Fapas, Gaia, Geota, Liga para a Protec\u00e7\u00e3o da Natureza, Liga Portuguesa dos Direitos do Animal e Quercus) e apoiada por dezenas de outras.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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