{"id":13221,"date":"2021-03-05T15:46:34","date_gmt":"2021-03-05T15:46:34","guid":{"rendered":"https:\/\/quercus.pt\/?p=13221"},"modified":"2021-03-05T15:46:34","modified_gmt":"2021-03-05T15:46:34","slug":"quercus-cria-micro-reserva-biologica-na-serra-da-estrela-para-preservar-o-narciso-de-trombeta","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/quercus.pt\/2021\/03\/05\/quercus-cria-micro-reserva-biologica-na-serra-da-estrela-para-preservar-o-narciso-de-trombeta\/","title":{"rendered":"Quercus cria Micro-Reserva Biol\u00f3gica na Serra da Estrela – Para preservar o Narciso-de-trombeta"},"content":{"rendered":"

Desta vez vamos dar o nosso contributo para a preserva\u00e7\u00e3o de um rar\u00edssimo endemismo bot\u00e2nico ib\u00e9rico \u2013 o narciso-de-trombeta Narcissus pseudonarcissus subsp. nobilis, criando a sexta micro-reserva biol\u00f3gica agora na Serra da Estrela.<\/b><\/p>\n

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No \u00e2mbito da cria\u00e7\u00e3o de uma rede de micro-reservas biol\u00f3gicas, a Quercus, atrav\u00e9s do\u00a0Fundo Quercus para a Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza<\/b>, chegou a acordo com o propriet\u00e1rio de um terreno situado na Serra da Estrela, concelho de Celorico da Beira, com vista \u00e0 preserva\u00e7\u00e3o de uma importante popula\u00e7\u00e3o de narciso-de-trombeta. O contrato com o propriet\u00e1rio, celebrado por um prazo de 10 anos, prev\u00ea diversas medidas de gest\u00e3o, nomeadamente a n\u00e3o mobiliza\u00e7\u00e3o do solo, a promo\u00e7\u00e3o de um pastoreio extensivo, a n\u00e3o utiliza\u00e7\u00e3o de herbicidas ou outros pesticidas e ainda a limpeza peri\u00f3dica de herb\u00e1ceas e arbustos bem como a instala\u00e7\u00e3o duma veda\u00e7\u00e3o que previna a colheita ilegal de bolbos. Esta iniciativa conta com o apoio do Parque Natural da Serra da Estrela.<\/p>\n

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O narciso-de-trombeta<\/b><\/p>\n

O Narciso-de-trombeta (Narcissus pseudonarcissus subsp. nobilis) \u00e9 uma planta bolbosa cuja flora\u00e7\u00e3o ocorre entre Mar\u00e7o a Abril. Distingue-se dos outros narcisos por ser de grande porte e por possuir a parte externa da flor (t\u00e9palas) amarelo-p\u00e1lida e a parte interna (coroa) amarelo-dourada.<\/p>\n

O Narciso-de-trombeta \u00e9 maioritariamente encontrado em prados de feno h\u00famidos embora tamb\u00e9m ocorra em matagais (piornal) e em matos h\u00famidos.<\/p>\n

A distribui\u00e7\u00e3o deste narciso na Natureza, restringe-se ao Norte da Pen\u00ednsula Ib\u00e9rica, ou seja, trata-se de um endemismo ib\u00e9rico. Em Portugal conhecem-se menos de dez popula\u00e7\u00f5es silvestres, concentradas no Alto Minho e no Concelho de Montalegre (Tr\u00e1s-os-Montes). Fora desta zona apenas se conhece uma popula\u00e7\u00e3o na Serra da Estrela, a qual curiosamente \u00e9 a maior.<\/p>\n

Uma das poss\u00edveis causas para existirem t\u00e3o poucos locais com narciso-de-trombeta prende-se com o facto de que desde o s\u00e9culo XI, mas principalmente a partir do s\u00e9culo XVI, se passou a colher flores e bolbos de narciso, tanto para uso local como para exporta\u00e7\u00e3o para diversos pa\u00edses da Europa. Presume-se que este com\u00e9rcio causou a extin\u00e7\u00e3o de muitas popula\u00e7\u00f5es selvagens de narciso, especialmente das que estavam mais acess\u00edveis aos colectores.<\/p>\n

Actualmente, o Narciso-de-trombeta encontra-se protegido por legisla\u00e7\u00e3o comunit\u00e1ria e nacional, sendo proibidas a colheita, o corte, o desenraizamento ou a destrui\u00e7\u00e3o das plantas ou partes de plantas no seu meio natural e dentro da sua \u00e1rea de distribui\u00e7\u00e3o natural.<\/p>\n

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O que \u00e9 uma micro-reserva?<\/b><\/p>\n

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Por todo o territ\u00f3rio nacional, existem elementos do patrim\u00f3nio natural descont\u00ednuos e com pequenas \u00e1reas de ocupa\u00e7\u00e3o, como por exemplo, comunidades de leitos de cheia, escarpas litorais, afloramentos com flora especializada, grutas com morcegos e invertebrados trogl\u00f3bias, charcas tempor\u00e1rias essenciais \u00e0 preserva\u00e7\u00e3o dos anf\u00edbios ou pequenos bosques reliquiais. Estes espa\u00e7os est\u00e3o amea\u00e7ados porque a sua pr\u00f3pria exist\u00eancia \u00e9 ainda ignorada, ou porque a gest\u00e3o dos seus propriet\u00e1rios \u00e9 obviamente direccionada apenas em termos da rentabilidade econ\u00f3mica e ainda porque as entidades com poder de decis\u00e3o n\u00e3o t\u00eam muitas vezes consci\u00eancia da sua relev\u00e2ncia para a conserva\u00e7\u00e3o. Tendo estes espa\u00e7os, na sua grande maioria, singular import\u00e2ncia para a conserva\u00e7\u00e3o e, n\u00e3o existindo uma figura legal apropriada \u00e0 gest\u00e3o destes espa\u00e7os, o conceito de \u201cmicro-reserva\u201d surge como uma ferramenta essencial \u00e0 preserva\u00e7\u00e3o de esp\u00e9cies e habitats.<\/p>\n

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As micro-reservas s\u00e3o pequenas \u00e1reas protegidas, raramente com mais de 20 hectares e t\u00eam obrigatoriamente que possuir um plano de gest\u00e3o. A cria\u00e7\u00e3o de micro-reservas biol\u00f3gicas \u00e9 um processo que se desenvolve por v\u00e1rias etapas: a identifica\u00e7\u00e3o do local, os contactos com os propriet\u00e1rios, a valida\u00e7\u00e3o cient\u00edfica e a formaliza\u00e7\u00e3o jur\u00eddica da sua protec\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

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Uma rede em crescimento<\/b><\/p>\n

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Este \u00e9 um projecto que se desenvolve em todo o pa\u00eds, com outras cinco \u00e1reas j\u00e1 em execu\u00e7\u00e3o (Escarpas com nidifica\u00e7\u00e3o de aves rup\u00edcolas no Tejo Internacional, Abrigo de Morcegos do S\u00edtio \u201cSic\u00f3-Alvai\u00e1zere\u201d, Turfeira na Serra da Freita, terreno para preserva\u00e7\u00e3o de Linaria ricardoi em Cuba, \u00e1rea da Peninha em Sintra com diversos valores bot\u00e2nicos) e v\u00e1rias outras em estudo, cabendo agora a vez da Serra da Estrela ter uma micro-reserva para preservar mais uma raridade da nossa flora.<\/p>\n

\u00c9 tamb\u00e9m por isso que a ajuda de todos ser\u00e1 sempre fundamental. Basta um pequeno contributo, e mais metros quadrados essenciais \u00e0 preserva\u00e7\u00e3o de esp\u00e9cies e habitats far\u00e3o parte da sua micro-reserva.<\/p>\n

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Lisboa, 2 de Maio de 2006<\/p>\n

A Direc\u00e7\u00e3o Nacional da Quercus \u2013 Associa\u00e7\u00e3o Nacional de Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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