{"id":13167,"date":"2021-03-05T15:40:11","date_gmt":"2021-03-05T15:40:11","guid":{"rendered":"https:\/\/quercus.pt\/?p=13167"},"modified":"2021-03-05T15:40:45","modified_gmt":"2021-03-05T15:40:45","slug":"chernobil-vinte-anos-depois-o-maior-acidente-tecnologico-de-sempre","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/quercus.pt\/2021\/03\/05\/chernobil-vinte-anos-depois-o-maior-acidente-tecnologico-de-sempre\/","title":{"rendered":"Chernobil vinte anos depois – O maior acidente tecnol\u00f3gico de sempre"},"content":{"rendered":"

No pr\u00f3ximo dia 26 de Abril, evocam-se vinte anos sobre o grave acidente nuclear na central de Chernobil (Pripyat – Kiev, na Ucr\u00e2nia). Nesta ocasi\u00e3o, a Plataforma N\u00e3o ao Nuclear pretende prestar homenagem a todas as v\u00edtimas da energia nuclear dita \u00abpac\u00edfica\u00bb e chamar a aten\u00e7\u00e3o para a necessidade de reflectir sobre a (in)seguran\u00e7a associada \u00e0s centrais nucleares, j\u00e1 que hoje, como em 1986, a possibilidade da ocorr\u00eancia de um acidente nuclear de grandes propor\u00e7\u00f5es n\u00e3o pode ser ignorada.<\/b><\/p>\n

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Com o objectivo de tentar impor em Portugal a constru\u00e7\u00e3o de centrais nucleares, t\u00eam alguns ultimamente tentado negar ou diminuir a gravidade do acidente de Chernobil. Os promotores do nuclear sabem bem que o acidente de 1986 est\u00e1 ainda vivo na mem\u00f3ria dos portugueses. Note-se que, antes desse acidente, pelo menos duas centrais nucleares estiveram muito perto de uma cat\u00e1strofe id\u00eantica ou at\u00e9 mais devastadora, ambas em pa\u00edses ocidentais: em Inglaterra em 1957, em Windscale, e nos Estados Unidos, em 1979, em Three Mile Island.<\/p>\n

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Mas Chernobil foi e continua a ser o maior acidente tecnol\u00f3gico da hist\u00f3ria da humanidade, o de maior envergadura e de consequ\u00eancias mais devastadoras. Compreende-se que a ind\u00fastria nuclear n\u00e3o goste que lho recordem. Ao contr\u00e1rio do que afirmam os entusiastas do nuclear, continua a n\u00e3o ser poss\u00edvel eliminar a eventualidade de um acidente grave numa central nuclear, isto \u00e9, acompanhado da liberta\u00e7\u00e3o maci\u00e7a de radioactividade sem controlo, nos solos, nas \u00e1guas, no ar, na fauna, na flora, nas pessoas, no ambiente. As consequ\u00eancias de um acidente desta natureza passariam por mortes imediatas e diferidas, malforma\u00e7\u00f5es e cancros, embargo prolongado de alimentos vegetais e animais, evacua\u00e7\u00e3o precipitada de dezenas ou centenas de milhares de pessoas, interdi\u00e7\u00e3o por d\u00e9cadas de extensas \u00e1reas, e efeitos eventuais a milhares de quil\u00f3metros de dist\u00e2ncia.<\/p>\n

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N\u00e3o passa de propaganda a ideia de que existiriam centrais nucleares de \u00abnova gera\u00e7\u00e3o\u00bb n\u00e3o sujeitas \u00e0 eventualidade de um acidente grave, por mais baixa que seja a sua probabilidade te\u00f3rica. Apesar dos esfor\u00e7os de aperfei\u00e7oamento dos sistemas de seguran\u00e7a, tal eventualidade n\u00e3o pode ser eliminada. Para os promotores do nuclear, encarar esse facto de frente seria manifesta\u00e7\u00e3o de um \u00abmedo irracional\u00bb. Pelo contr\u00e1rio: ignor\u00e1-lo \u00e9 que \u00e9 antes prova de temeridade irrespons\u00e1vel e eticamente inaceit\u00e1vel, express\u00e3o de uma leviandade que n\u00e3o hesita em criar situa\u00e7\u00f5es de perigo caracterizado, e fora de qualquer medida comum, para popula\u00e7\u00f5es inteiras.<\/p>\n

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Acrescem ainda, como problemas decorrentes de qualquer central nuclear, os res\u00edduos altamente radioactivos de longa dura\u00e7\u00e3o, alguns deles por centenas de milhares de anos, e a radioactividade de baixas doses libertada em labora\u00e7\u00e3o normal, j\u00e1 que, do ponto de vista biol\u00f3gico e m\u00e9dico, nenhuma dose \u00e9 inofensiva.<\/p>\n

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Numerosas raz\u00f5es existem para rejeitarmos a op\u00e7\u00e3o nuclear. Para al\u00e9m das apontadas acima, ela \u00e9 um claro obst\u00e1culo \u00e0 aposta na efici\u00eancia energ\u00e9tica e nas energias renov\u00e1veis de baixo impacto ambiental, essas sim verdadeiras solu\u00e7\u00f5es sustent\u00e1veis e seguras para o problema das emiss\u00f5es de gases com efeito de estufa e do esgotamento inevit\u00e1vel dos combust\u00edveis f\u00f3sseis e de outros recursos finitos como os pr\u00f3prios min\u00e9rios radioactivos.<\/p>\n

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Nuclear em Portugal, decididamente N\u00c3O!<\/p>\n

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Plataforma N\u00e3o ao Nuclear*<\/p>\n

21 de Abril de 2006<\/p>\n

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