{"id":13108,"date":"2021-03-05T15:33:55","date_gmt":"2021-03-05T15:33:55","guid":{"rendered":"https:\/\/quercus.pt\/?p=13108"},"modified":"2021-03-05T15:33:55","modified_gmt":"2021-03-05T15:33:55","slug":"21-de-marco-dia-mundial-da-floresta-sete-prioridades-para-a-floresta-portuguesa","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/quercus.pt\/2021\/03\/05\/21-de-marco-dia-mundial-da-floresta-sete-prioridades-para-a-floresta-portuguesa\/","title":{"rendered":"21 de Mar\u00e7o: Dia Mundial da Floresta. Sete prioridades para a floresta Portuguesa"},"content":{"rendered":"

Nos \u00faltimos 25 anos, e segundo dados oficiais da Direc\u00e7\u00e3o Geral dos Recursos Florestais, o equivalente a 1\/3 do territ\u00f3rio portugu\u00eas foi destru\u00eddo pelos inc\u00eandios florestais (aproximadamente 2,9 milh\u00f5es de hectares). Com os inc\u00eandios florestais e monoculturas de eucalipto e pinheiro-bravo, Portugal perdeu grande parte da sua riqueza florestal e biodiversidade. Em 1995, a Quercus alertou que os \u201cFogos Florestais n\u00e3o s\u00e3o inevit\u00e1veis\u201d, afirmando que qualquer solu\u00e7\u00e3o para os problemas dos fogos teria de passar por um modelo equilibrado de interven\u00e7\u00e3o sustentado em tr\u00eas vertentes fundamentais: Estudo, Preven\u00e7\u00e3o e Combate. Passados 10 anos, foram realizados v\u00e1rios estudos, desenvolvidos planos e propostas, faltando agora a implementa\u00e7\u00e3o de toda uma estrat\u00e9gia que aposte na preven\u00e7\u00e3o, considerando que o combate \u00e9 o \u00faltimo componente de uma estrat\u00e9gia global.<\/b><\/p>\n

 <\/p>\n

No entanto, apesar da reconhecida import\u00e2ncia da floresta aos n\u00edveis ambiental, social e econ\u00f3mico, Portugal ainda n\u00e3o conseguiu desenvolver uma gest\u00e3o florestal sustent\u00e1vel. Assim, e celebrando uma vez mais o Dia Mundial da Floresta, a Quercus aponta sete prioridades para a floresta:<\/p>\n

 <\/p>\n

– Fomentar a diversidade florestal<\/b>, com utiliza\u00e7\u00e3o de esp\u00e9cies aut\u00f3ctones como sejam Carvalhos, Medronheiros, Freixos, Salgueiros, Castanheiros, entre tantas outras esp\u00e9cies, mais bem adaptadas \u00e0s condi\u00e7\u00f5es ecol\u00f3gicas locais e contribuindo para a resili\u00eancia da nossa floresta – o pinheiro-bravo e o eucalipto s\u00e3o esp\u00e9cies de grande combustibilidade, para al\u00e9m de que poucas esp\u00e9cies de plantas e da fauna silvestre est\u00e3o adaptadas \u00e0s monoculturas destas esp\u00e9cies t\u00e3o amplamente representadas no territ\u00f3rio portugu\u00eas. Por outro, lado a utiliza\u00e7\u00e3o de esp\u00e9cies ex\u00f3ticas em detrimento das esp\u00e9cies aut\u00f3ctones tem em alguns casos originado invas\u00f5es biol\u00f3gicas, como \u00e9 o caso da Acacia sp., substituindo rapidamente as esp\u00e9cies nativas e alterando o regime h\u00eddrico do solo, sendo ainda de referir que a invas\u00e3o biol\u00f3gica \u00e9 considerada a segunda maior causa de perda de biodiversidade em todo o mundo. \u00c9 inteiramente poss\u00edvel atrav\u00e9s do uso das esp\u00e9cies aut\u00f3ctones assegurar a produ\u00e7\u00e3o preservando, ao mesmo tempo, a diversidade biol\u00f3gica e as condi\u00e7\u00f5es apropriadas para v\u00e1rios usos de floresta.<\/p>\n

 <\/p>\n

– Alargamento da protec\u00e7\u00e3o legal de esp\u00e9cies aut\u00f3ctones – para al\u00e9m do sobreiro, da azinheira e do azevinho \u2013 torna-se necess\u00e1rio proteger em especial o carvalho-portugu\u00eas (confinado a reduzidas \u00e1reas no centro de Portugal), o carvalho-alvarinho e o carvalho-negral (esp\u00e9cies do norte de Portugal)<\/b>. Como a Quercus tem vindo a alertar nos \u00faltimos anos, as \u00e1reas ocupadas com esp\u00e9cies aut\u00f3ctones t\u00eam vindo a ser afectadas, n\u00e3o apenas devido aos inc\u00eandios – aos quais muitas das vezes t\u00eam conseguido \u201cescapar\u201d devido \u00e0 sua maior capacidade de resist\u00eancia ao fogo – mas tamb\u00e9m por interesses econ\u00f3micos incompat\u00edveis com a sua preserva\u00e7\u00e3o. Assiste-se muitas vezes ao desaparecimento de algumas manchas de elevado valor ecol\u00f3gico e paisag\u00edstico, n\u00e3o existindo legalmente nenhuma forma de se impedir este delapidar do nosso patrim\u00f3nio florestal, excepto no caso do sobreiro, azinheira e azevinho.<\/p>\n

 <\/p>\n

– Aposta no restauro ecol\u00f3gico das zonas ardidas<\/b>\u00a0– com a recupera\u00e7\u00e3o dos ecossistemas no que respeita \u00e0 sua vitalidade, integridade e sustentabilidade. Este processo de planeamento pretende recuperar a integridade ecol\u00f3gica e incrementar o bem-estar humano, em detrimento da mera planta\u00e7\u00e3o de \u00e1rvores, potenciando-se assim a sucess\u00e3o ecol\u00f3gica nas extensas \u00e1reas afectadas pelos inc\u00eandios nos \u00faltimos anos.<\/p>\n

 <\/p>\n

– Reestrutura\u00e7\u00e3o fundi\u00e1ria e associativismo<\/b>\u00a0– considera-se essencial o cadastro actualizado e rigoroso, de modo a possibilitar o redimensionar do espa\u00e7o florestal em unidades de gest\u00e3o sustent\u00e1veis em termos econ\u00f3micos e ambientais.<\/p>\n

 <\/p>\n

– Limpezas de mato, recorrendo \u00e0s t\u00e9cnicas mais adequadas e devido acompanhamento t\u00e9cnico<\/b>\u00a0– como medida de preven\u00e7\u00e3o de inc\u00eandios as limpezas de mato junto \u00e0s estradas, em torno de casas e per\u00edmetros urbanos e industriais \u00e9 obrigat\u00f3ria, se bem que esta medida deva ser tomada de forma cuidada para que n\u00e3o se caia em exageros. A anunciada instala\u00e7\u00e3o de v\u00e1rias centrais de produ\u00e7\u00e3o de energia el\u00e9ctrica a biomassa florestal ser\u00e1 com certeza um importante contributo para incentivar a redu\u00e7\u00e3o do excesso de carga combust\u00edvel existente na floresta de produ\u00e7\u00e3o. \u00c9 importante referir-se ainda o projecto Fire Paradox, o qual est\u00e1 a ser coordenado por Portugal, e que respeita \u00e0 utiliza\u00e7\u00e3o do fogo controlado em limpezas de mato durante o Inverno, de modo a se prevenir o fogo no Ver\u00e3o.<\/p>\n

 <\/p>\n

– Vigil\u00e2ncia sobre as \u00e1reas florestais<\/b>\u00a0– reveste-se de grande import\u00e2ncia pela sua fun\u00e7\u00e3o dissuasora e pela maior facilidade em detectar os fogos nascentes, permitindo aumentar a rapidez da primeira interven\u00e7\u00e3o. Considerando que as medidas de preven\u00e7\u00e3o a implementar necessitam ainda de algum tempo at\u00e9 que tenham algum efeito pr\u00e1tico no terreno, a vigil\u00e2ncia tem de ser uma prioridade. Para este ano est\u00e1 prevista a implementa\u00e7\u00e3o de um sistema autom\u00e1tico de detec\u00e7\u00e3o de fogos, o qual acreditamos que seja de grande utilidade. O envolvimento de toda a sociedade na vigil\u00e2ncia \u00e9 sem d\u00favida importante para a diminui\u00e7\u00e3o da \u00e1rea ardida em Portugal. Por outro lado, torna-se fundamental associar ao refor\u00e7o da vigil\u00e2ncia um adequado e r\u00e1pido mecanismo de interven\u00e7\u00e3o e combate aos fogos nascentes.<\/p>\n

 <\/p>\n

– Campanhas de sensibiliza\u00e7\u00e3o\/informa\u00e7\u00e3o para as diversas faixas et\u00e1rias, numa floresta maioritariamente privada e onde a maioria dos inc\u00eandios tem causa humana<\/b>\u00a0– torna-se necess\u00e1rio refor\u00e7ar substancialmente por parte das entidades p\u00fablicas e privadas o desenvolvimento de campanhas de informa\u00e7\u00e3o\/sensibiliza\u00e7\u00e3o, com \u00e2mbito verdadeiramente nacional, para a problem\u00e1tica dos inc\u00eandios e da floresta. Consciente desta realidade, a Quercus mant\u00e9m o seu projecto De Olhos na Floresta, com o qual pretendemos continuar a sensibilizar o maior n\u00famero de cidad\u00e3os, envolvendo-os na protec\u00e7\u00e3o e defesa da Floresta.<\/p>\n

 <\/p>\n

A Quercus comemora o Dia da Floresta<\/p>\n

 <\/p>\n

A Quercus, atrav\u00e9s dos seus N\u00facleos Regionais, festeja a floresta em v\u00e1rios pontos do pa\u00eds, indo realizar planta\u00e7\u00f5es simb\u00f3licas de esp\u00e9cies aut\u00f3ctones, como forma de sensibiliza\u00e7\u00e3o para a import\u00e2ncia do seu valor ecol\u00f3gico, n\u00e3o sendo estas ac\u00e7\u00f5es de sensibiliza\u00e7\u00e3o e educa\u00e7\u00e3o ambiental restringidas a esta data.<\/p>\n

 <\/p>\n

Lisboa, 21 de Mar\u00e7o de 2006<\/p>\n

A Direc\u00e7\u00e3o Nacional da Quercus \u2013 Associa\u00e7\u00e3o Nacional de Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Nos \u00faltimos 25 anos, e segundo dados oficiais da Direc\u00e7\u00e3o Geral dos Recursos Florestais, o equivalente a 1\/3 do territ\u00f3rio portugu\u00eas foi destru\u00eddo pelos inc\u00eandios florestais (aproximadamente 2,9 milh\u00f5es de hectares). Com os inc\u00eandios florestais e monoculturas de eucalipto e pinheiro-bravo, Portugal perdeu grande parte da sua riqueza florestal e biodiversidade. Em 1995, a Quercus […]<\/p>\n","protected":false},"author":5,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"inline_featured_image":false,"footnotes":""},"categories":[265],"tags":[],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/13108"}],"collection":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/users\/5"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=13108"}],"version-history":[{"count":1,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/13108\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":13142,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/13108\/revisions\/13142"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=13108"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=13108"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/quercus.pt\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=13108"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}