{"id":12796,"date":"2021-03-04T18:00:05","date_gmt":"2021-03-04T18:00:05","guid":{"rendered":"https:\/\/quercus.pt\/?p=12796"},"modified":"2021-03-04T18:00:05","modified_gmt":"2021-03-04T18:00:05","slug":"quercus-apela-a-um-melhor-parque-habitacional","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/quercus.pt\/2021\/03\/04\/quercus-apela-a-um-melhor-parque-habitacional\/","title":{"rendered":"Quercus apela a um melhor parque habitacional"},"content":{"rendered":"

No dia da habita\u00e7\u00e3o, a Quercus vem alertar para a necessidade de uma constru\u00e7\u00e3o do parque habitacional no nosso Pa\u00eds energeticamente mais eficiente, de impacte ambiental menos negativo e principalmente mais ordenada e ponderada.<\/b><\/p>\n

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1. Edif\u00edcios grandes consumidores de energia<\/b><\/p>\n

Em Portugal 30% da energia consumida \u00e9 da responsabilidade dos edif\u00edcios. Sendo que 17% diz respeito ao sector residencial e 13% ao sector de servi\u00e7os. A an\u00e1lise global da distribui\u00e7\u00e3o dos consumos energ\u00e9ticos do sector dom\u00e9stico em termos de energia final revela, ainda, que 25% da energia consumida se refere a aquecimento e arrefecimento.<\/p>\n

Lembramos que num Pa\u00eds como Portugal, onde o clima \u00e9 favor\u00e1vel para a obten\u00e7\u00e3o de casas mais auto-suficientes, no que respeita a climatiza\u00e7\u00e3o – Portugal \u00e9 um dos pa\u00edses da Europa com maior disponibilidade de radia\u00e7\u00e3o solar* e com francas possibilidades de promover a ventila\u00e7\u00e3o – este consumo de energia \u00e9 absolutamente desnecess\u00e1rio. \u00c9 assim imperativa uma constru\u00e7\u00e3o de edif\u00edcios que contemplem no seu desenho solu\u00e7\u00f5es passivas de capta\u00e7\u00e3o energia, e de promo\u00e7\u00e3o da ventila\u00e7\u00e3o natural.<\/p>\n

Um maior investimento em equipamentos que funcionem \u00e1 base de energia renov\u00e1vel para minimiza\u00e7\u00e3o do consumo de outras fontes de energia (poluentes) \u00e9 fundamental.<\/p>\n

Esperamos que a recente entrada em vigor do SCE (Sistema de Certifica\u00e7\u00e3o Energ\u00e9tica dos Edif\u00edcios e da Qualidade do Ar interior) venha a alterar e contribuir n\u00e3o s\u00f3 para edif\u00edcios menos consumidores de energia e por isso menos poluentes, como para a melhoria da qualidade do ar interior a maioria das vezes esquecida.<\/p>\n

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2. Necessidade de apostar na Reabilita\u00e7\u00e3o de Edif\u00edcios versus Nova Constru\u00e7\u00e3o<\/b><\/p>\n

O dia da habita\u00e7\u00e3o deve servir tamb\u00e9m para nos lembrarmos n\u00e3o s\u00f3 da import\u00e2ncia de se ter uma casa energeticamente eficiente, mas tamb\u00e9m da necessidade que se assiste no nosso Pa\u00eds em requalificar e reabilitar o parque urbano existente. N\u00e3o s\u00f3 se verifica um grande numero de alojamentos vagos, (cerca de 185 000) como o aumento desenfreado da nova constru\u00e7\u00e3o em detrimento da reabilita\u00e7\u00e3o urbana. Das 36 737 obras conclu\u00eddas durante o ano 2006, 83,7% corresponderam a edif\u00edcios residenciais e 81,1% eram relativas a constru\u00e7\u00f5es novas. As estimativas calculadas para o ano de 2006 apontam para uma m\u00e9dia de 1,5 fogos por fam\u00edlia. (INE 2007)<\/p>\n

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Especial aten\u00e7\u00e3o deve ainda ser dada \u00e0 regi\u00e3o do Algarve, onde a sazonalidade no uso dos edif\u00edcios est\u00e1 bem patente, uma vez que a concentra\u00e7\u00e3o de edif\u00edcios \u00e9 bem superior \u00e0 popula\u00e7\u00e3o residente, o que indicia a exist\u00eancia de um n\u00famero elevado de resid\u00eancias secund\u00e1rias, que passam a maioria do ano devolutas.<\/p>\n

A press\u00e3o da constru\u00e7\u00e3o no litoral, n\u00e3o s\u00f3 \u00e9 ambientalmente negativa, uma vez que aumenta a impermeabiliza\u00e7\u00e3o do solo, indispens\u00e1vel para a conserva\u00e7\u00e3o da natureza e biodiversidade, como descaracteriza e desqualifica fortemente o ambiente urbano.<\/p>\n

Na foto anexa, pode ver-se, a t\u00edtulo de exemplo (apenas um, entre muitos), uma imagem desta polui\u00e7\u00e3o que infelizmente n\u00e3o \u00e9 s\u00f3 visual. Este edif\u00edcio situa-se na Praia de Monte Gordo – Algarve. Al\u00e9m de ter sido constru\u00eddo entre moradias de um piso, em frente \u00e0 linha da mar, a obra sofreu entretanto um embargo. O que significa agora, um edif\u00edcio parado, com a consequente desqualifica\u00e7\u00e3o da envolvente, sem falar no consumo de recursos e energia consumida para o construir at\u00e9 aqui e o que vai ser gasto para, esperemos n\u00f3s, o desconstru\u00edr.<\/p>\n

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Infelizmente Portugal est\u00e1 repleto destes exemplos. Que n\u00e3o deviam sequer chegar a esta fase.<\/p>\n

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Salientamos ainda que a preserva\u00e7\u00e3o e reabilita\u00e7\u00e3o de edif\u00edcios significa a diminui\u00e7\u00e3o de extrac\u00e7\u00e3o do meio terrestre, fluvial e marinho de grandes quantidades de inertes e diminui\u00e7\u00e3o do impacte da produ\u00e7\u00e3o de energia, para a nova constru\u00e7\u00e3o, uma vez que reutiliza estruturas existentes e ainda contribui, para a preserva\u00e7\u00e3o de marcos arquitect\u00f3nicos importantes.<\/p>\n

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3. O desordenamento do territ\u00f3rio, sobrecarregando-o com novas constru\u00e7\u00f5es, mesmo em \u00e1reas protegidas, com especial enfoque para o litoral\u00a0<\/b><\/p>\n

De facto, \u00e9 no litoral que se concentra grande parte do parque habitacional. A faixa litoral devido \u00e0 sua sensibilidade foi sujeita a um ordenamento especial, os Planos de Ordenamento de Orla Costeira (POOC). Planos estes que, embora tenham sido planeados para condicionar as constru\u00e7\u00f5es a menos de 500m da linha de costa, estas continuam-se a verificar, devido ao facto de em muitas situa\u00e7\u00f5es permitirem a constru\u00e7\u00e3o nos per\u00edmetros urbanos e zonas urbaniz\u00e1veis, mesmo que pr\u00f3ximo do mar. Um dos piores exemplos desta situa\u00e7\u00e3o ocorre no litoral Oeste, no concelho de Alcoba\u00e7a, com as novas urbaniza\u00e7\u00f5es de grandes dimens\u00f5es na Praia da Pedra do Ouro.<\/p>\n

Outros exemplos de atentados ao ordenamento do nosso litoral, s\u00e3o os empreendimentos tur\u00edsticos no litoral alentejano, concelho de Gr\u00e2ndola, onde o Governo ao abrigo de um procedimento administrativo para favorecer grandes investimentos, classifica os projectos como PIN \u2013 Projectos de Potencial Interesse Nacional para facilitar a sua aprova\u00e7\u00e3o, mesmo em S\u00edtios de Import\u00e2ncia Comunit\u00e1ria da Rede Natura 2000 contra decis\u00e3o da Comiss\u00e3o Europeia. O projecto do Costa Terra e da Herdade do Pinheirinho s\u00e3o dos piores exemplos de press\u00e3o e atentado contra os habitats naturais protegidos tamb\u00e9m por Directivas Comunit\u00e1rias e Decis\u00f5es da Comiss\u00e3o Europeia.<\/p>\n

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Portugal necessita de um parque habitacional de qualidade e de um ambiente constru\u00eddo em harmonia com a natureza, n\u00e3o causando impactes cada vez mais negativos. \u00c9 urgente e inadi\u00e1vel um novo rumo para o sector da constru\u00e7\u00e3o, no sentido de um desenvolvimento mais sustent\u00e1vel do Pa\u00eds.<\/p>\n

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*Uma forma de dar ideia desse facto \u00e9 em termos do n\u00famero m\u00e9dio anual de horas de Sol, que varia entre 2.200 e 3.000 para Portugal e, por exemplo, para Alemanha varia entre 1.200 e 1.700 h. (Fonte ASTIG – Active Solar Thermal Group)<\/p>\n

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Lisboa, 21 de Agosto de 2007<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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