A Cimeira de Copenhaga terminou \u00e0s 15.30h, hora da Dinamarca, 14.30h em Portugal. Ap\u00f3s o an\u00fancio de acordo feito em primeiro lugar pelos Estados Unidos da Am\u00e9rica, ontem \u00e0 noite, negociado principalmente com a \u00cdndia, China, Brasil e \u00c1frica do Sul, e que foi alvo da ades\u00e3o de muitos outros pa\u00edses, incluindo a Uni\u00e3o Europeia, um longo processo negocial que durou toda a noite veio ainda a ter lugar.<\/b><\/p>\n
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A sess\u00e3o plen\u00e1ria recome\u00e7aria esta madrugada pelas tr\u00eas da manh\u00e3. Alguns pa\u00edses, de entre os quais os menos desenvolvidos, Estados pequenas ilhas e Am\u00e9rica Central, a n\u00e3o concordarem com a forma como o texto do Acordo de Copenhaga tinha sido elaborado e negociado. Acusaram tamb\u00e9m o processo de falta de transpar\u00eancia e democracia, o que n\u00e3o deveria ocorrer no quadro das Na\u00e7\u00f5es Unidas. J\u00e1 a sociedade civil, incluindo as organiza\u00e7\u00f5es n\u00e3o governamentais de ambiente, havia sido praticamente arredada do acompanhamento das negocia\u00e7\u00f5es num acto nunca at\u00e9 agora verificado em qualquer Cimeira desta natureza.<\/p>\n
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Apesar da Cimeira estar agora oficialmente terminada, o Acordo de Copenhaga foi apenas \u201cregistado\u201d ou \u201ctomado nota\u201d e n\u00e3o \u201cadoptado\u201d pelos \u00f3rg\u00e3os da Cimeira e suscita ainda d\u00favidas sobre o seu valor e enquadramento. Para tal necessitaria do consenso do plen\u00e1rio, com o voto favor\u00e1vel de todos os pa\u00edses, o que n\u00e3o aconteceu. Assim, o acordo, para al\u00e9m de representar um fracasso na opini\u00e3o da Quercus \u00e9 um documento ainda mais fragilizado. Ali\u00e1s, nem o s\u00edmbolo da Conven\u00e7\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas dever\u00e1 vir estar presente no texto final que, mesmo depois de terminada a Cimeira, ainda recebe algumas correc\u00e7\u00f5es.<\/p>\n
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Falsa partida com muitos culpados<\/b><\/p>\n
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Este acordo \u00e9 uma falsa partida e n\u00e3o \u00e9 claro que tenha o apoio dos todos os l\u00edderes mundiais. Apesar do que os l\u00edderes pol\u00edticos est\u00e3o a dizer neste momento, este desenvolvimento n\u00e3o torna o trabalho quase feito: est\u00e1 longe de ser justo e vinculativo. Este acordo tem muitas lacunas reconhecidas ali\u00e1s publicamente no momento do seu an\u00fancio.<\/p>\n
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Os l\u00edderes falharam em conseguir um verdadeiro acordo como prometido. Ignoraram a ci\u00eancia e guiaram-se por interesses nacionais. Estamos perante um atraso com muitos custos, que podem ser medidos em vidas humanas e em dinheiro perdido. O continuar do Protocolo de Quioto para al\u00e9m de 2012 est\u00e1 amea\u00e7ado.<\/p>\n
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O financiamento acordado representa menos que os subs\u00eddios dos pa\u00edses \u00e0s ind\u00fastrias de combust\u00edveis f\u00f3sseis. Os objectivos para reduzir a polui\u00e7\u00e3o mant\u00eam-nos no caminho que a ci\u00eancia diz levar a um aumento catastr\u00f3fico de temperatura.<\/p>\n
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Na melhor das hip\u00f3teses, estamos agora confrontados com um atraso mortal que significa uma trag\u00e9dia desnecess\u00e1ria para milh\u00f5es de fam\u00edlias. Os impactos v\u00e3o fazer-se sentir em todos os pa\u00edses e mais drasticamente nas popula\u00e7\u00f5es mais pobres dos pa\u00edses em desenvolvimento.<\/p>\n
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Os l\u00edderes mundiais precisam de repensar este acordo. Tal como est\u00e1, ir\u00e1 desmoronar-se assim que analisado com mais aten\u00e7\u00e3o. \u00c9 preciso os l\u00edderes mundiais reunirem-se novamente antes de Junho para resolverem os assuntos que ficaram pendentes agora.<\/p>\n
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Numa an\u00e1lise mais detalhada de alguns culpados, a Quercus identifica:<\/p>\n
– os Estados Unidos da Am\u00e9rica (que n\u00e3o querem assumir por agora metas de emiss\u00f5es ambiciosas e vinculativas),<\/p>\n
– a China (que se recusou a ver acompanhado internacionalmente o seu esfor\u00e7o de redu\u00e7\u00e3o de emiss\u00f5es),<\/p>\n
– o Canad\u00e1 (por trazer uma posi\u00e7\u00e3o muito fraca para Copenhaga e sem inten\u00e7\u00e3o de a melhorar, recebendo o pr\u00e9mio \u201cf\u00f3ssil do ano\u201d atribu\u00eddo pelas ONGs, e at\u00e9<\/p>\n
– o Brasil (que teve um Presidente a fazer ontem um discurso com um conte\u00fado brilhante, mas que pretende uma abertura a projectos inadequados no mecanismo de desenvolvimento limpo e que participou activamente com os Estados Unidos na elabora\u00e7\u00e3o do famigerado acordo).<\/p>\n
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O Presidente da Confer\u00eancia (Primeiro-Ministro dinamarqu\u00eas Rasmussen) foi tamb\u00e9m um contributo para um final confuso e algo infeliz (na \u00faltima parte j\u00e1 sem ele a conduzir os trabalhos).<\/p>\n
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Sobre a Uni\u00e3o Europeia e Portugal<\/b><\/p>\n
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Na opini\u00e3o da Quercus, \u00e9 fundamental que a Uni\u00e3o Europeia se comprometa unilateralmente com uma redu\u00e7\u00e3o de 20 para 40% das suas emiss\u00f5es de gases com efeito de estufa entre 1990 e 2020 (30% de esfor\u00e7o interno), dado que os a recess\u00e3o econ\u00f3mica e financeira reduziram significativamente os custos das medidas associadas.<\/p>\n
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A Uni\u00e3o Europeia deveria desde j\u00e1 ter assegurado a continua\u00e7\u00e3o do Protocolo de Quioto para um segundo per\u00edodo p\u00f3s-2012 e foi demasiado passiva em termos negociais, apesar de reconhecermos a sua lideran\u00e7a. A Uni\u00e3o Europeia deve confirmar que o processo negocial deve seguir de modo firme o caminho da Conven\u00e7\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas sobre Altera\u00e7\u00f5es Clim\u00e1ticas que sem d\u00favida saiu fragilizado de toda esta negocial surreal e deprimente. Deve tamb\u00e9m clarificar que a contribui\u00e7\u00e3o financeira aos pa\u00edses em desenvolvimento acordada em Copenhaga \u00e9 adicional.<\/p>\n
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Portugal tem tamb\u00e9m desafios pela frente e deve tomar medidas internas mais coerentes, na \u00e1rea do ordenamento do territ\u00f3rio, promovendo os transportes colectivos, na \u00e1rea da conserva\u00e7\u00e3o de energia e efici\u00eancia energ\u00e9tica, a par das energias renov\u00e1veis mais sustent\u00e1veis, preparando-se para uma verdadeira revolu\u00e7\u00e3o energ\u00e9tica ao longo da pr\u00f3xima d\u00e9cada, tamb\u00e9m aqui citada em Copenhaga pelo Primeiro-Ministro e que a Quercus tem reivindicado.<\/p>\n
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