{"id":12204,"date":"2021-03-04T16:28:44","date_gmt":"2021-03-04T16:28:44","guid":{"rendered":"https:\/\/quercus.pt\/?p=12204"},"modified":"2021-03-04T16:28:44","modified_gmt":"2021-03-04T16:28:44","slug":"lontra-recuperada-e-devolvida-a-liberdade-foi-abatida","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/quercus.pt\/2021\/03\/04\/lontra-recuperada-e-devolvida-a-liberdade-foi-abatida\/","title":{"rendered":"Lontra recuperada e devolvida \u00e0 liberdade foi abatida"},"content":{"rendered":"

\u201cBeringela\u201d, a primeira lontra recuperada e libertada pelo Centro de Recupera\u00e7\u00e3o de Animais Selvagens de Santo Andr\u00e9 (CRASSA) foi abatida. A Quercus j\u00e1 denunciou o caso \u00e0s autoridades e decidiu apresentar uma queixa contra desconhecidos pela morte da \u201cBeringela\u201d.<\/b><\/p>\n

\"pastedGraphic.pdf\"<\/p>\n

A triste hist\u00f3ria da \u201cBeringela\u201d<\/b><\/p>\n

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\u201cBeringela\u201d, uma lontra do sexo feminino, deu entrada em Outubro no Centro de Recupera\u00e7\u00e3o de Animais Selvagens de Santo Andr\u00e9 com alguns ferimentos. Foi capturada numa caixa-armadilha, numa reserva de ca\u00e7a.<\/p>\n

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Ap\u00f3s duas semanas de recupera\u00e7\u00e3o, a \u201cBeringela\u201d foi libertada de acordo com um programa estabelecido e junto ao local onde tinha sido encontrada. Para monitorizar a sua readapta\u00e7\u00e3o ao meio e efectuar o seguimento dos seus h\u00e1bitos territoriais e alimentares, durante um per\u00edodo de tempo alargado, foi-lhe colocada uma mochila com um emissor de GPS.<\/p>\n

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Ap\u00f3s alguns dias de seguimento do animal, verificou-se que os sinais emitidos vinham sempre do mesmo local e, mais estranho ainda, do interior de uma povoa\u00e7\u00e3o nas proximidades do local da liberta\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

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A equipa procedeu ent\u00e3o \u00e0 verifica\u00e7\u00e3o do que se estaria a passar, para que a lontra, um animal arisco que evita a presen\u00e7a humana, estivesse dentro de uma povoa\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

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Como na mochila, al\u00e9m do emissor de GPS, havia sido embutido um emissor de sinais r\u00e1dio, atrav\u00e9s de aparelhos que permitem a leitura dos sinais, conseguiu-se localizar a sua origem de forma exacta.<\/p>\n

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Para espanto dos investigadores, esses sinais indicaram um caixote do lixo.<\/p>\n

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Na altura pensou-se que a mochila se tivesse soltado e algu\u00e9m, sem saber do que se tratava, a tivesse encontrado e atirado para dentro do contentor. Mas n\u00e3o foi isso que aconteceu: encontrou-se n\u00e3o s\u00f3 a mochila, como tamb\u00e9m a lontra morta.<\/p>\n

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Foi informado o ICNB e chamada ao local a brigada do SEPNA da GNR, uma vez que os ind\u00edcios apontavam para que \u201cBeringela\u201d tivesse sido morta por ac\u00e7\u00e3o humana.<\/p>\n

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Ap\u00f3s a chegada do SEPNA, o cad\u00e1ver foi acondicionado e transportado para a Universidade de \u00c9vora para que fosse efectuada a necr\u00f3psia.<\/p>\n

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A observa\u00e7\u00e3o do exterior do cad\u00e1ver permitiu identificar:<\/p>\n

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– a presen\u00e7a de sangue na pele e p\u00ealo da cabe\u00e7a e fossas nasais;<\/p>\n

– \u00e0 palpa\u00e7\u00e3o, detectou-se fractura dos ossos frontal e parietais.<\/p>\n

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\u00c0 abertura do cad\u00e1ver, observou-se:<\/p>\n

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– presen\u00e7a de extenso hematoma subcut\u00e2neo de toda a zona frontal e parietal da caixa craniana. A hemorragia abrangia todos os m\u00fasculos das mesmas regi\u00f5es;<\/p>\n

– identificou-se tamb\u00e9m fractura do osso frontal e parietais com hemorragia e destrui\u00e7\u00e3o da massa encef\u00e1lica concluindo-se que houve extenso traumatismo craniano com destrui\u00e7\u00e3o da massa encef\u00e1lica.<\/p>\n

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No est\u00f4mago, foram encontrados lagostins e alguns peixes, sinal de que o animal se tinha alimentado antes de ser morto e que estava a adaptar-se bem ao meio.<\/p>\n

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O facto da morte ter sido provocada por esmagamento do cr\u00e2nio e da lontra ter sido envolvida em sacos de pl\u00e1stico e colocada dentro de um contentor de lixo numa povoa\u00e7\u00e3o, indicia, sem sombra de d\u00favida, envolvimento humano.<\/p>\n

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Este relato comprova o muito que h\u00e1 a fazer no que respeita \u00e0 sensibiliza\u00e7\u00e3o da popula\u00e7\u00e3o para a conserva\u00e7\u00e3o da vida selvagem, para que situa\u00e7\u00f5es destas deixem de acontecer.<\/p>\n

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O Centro de Recupera\u00e7\u00e3o<\/b><\/p>\n

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O CRASSA procura promover \u00e0 recupera\u00e7\u00e3o de animais selvagens feridos ou debilitados, seja devido a causas naturais ou por ac\u00e7\u00e3o do homem, para depois os devolver ao seu habitat natural.<\/p>\n

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A recupera\u00e7\u00e3o dos animais tem como finalidade \u00faltima contribuir para a conserva\u00e7\u00e3o da Natureza, sendo dada prioridade a animais de esp\u00e9cies amea\u00e7adas.<\/p>\n

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Desta forma os centros constituem tamb\u00e9m uma fonte importante de informa\u00e7\u00e3o permanente sobre os factores de amea\u00e7a \u00e0s popula\u00e7\u00f5es de fauna.<\/p>\n

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Lisboa, 22 de Dezembro de 2009<\/p>\n

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